terça-feira, 16 de agosto de 2011

Para especialistas, novo Código Florestal trará produção menor

Brasília - O debate em torno da reforma não pode se restringir ao foco no meio ambiente. É preciso também observar as necessidades da população no meio rural, o que significa levar em conta os custos sociais e de manutenção dos trabalhadores rurais no campo, além da responsabilidade do país na produção mundial de alimentos. A opinião do engenheiro agrônomo Eliseu Alves, assessor do presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), reproduz a preocupação dos representantes do agronegócio que se reuniram na Câmara dos Deputados para debater o novo Código Florestal.

Preocupações com a produção agrícola, o emprego rural e a capacitação tecnológica dominaram o debate organizado pela Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) da Câmara.De acordo com Alves, em situação de miséria, com empregos perdidos ou dificultados pela série de exigências do texto legal, muitos têm migrado para as cidades. Alves estima que quase 15 milhões de trabalhadores do campo podem deixar o campo em todo o Brasil, mais especialmente da Região Nordeste, e isso deve ser considerado no novo texto em debate.

Segundo ele, nenhum cientista tem resposta conclusiva para dizer se manter a reserva legal em 20% nos campos gerais, no sul, ou em 80% na região amazônica, como prevê o projeto do novo Código Florestal, é o correto, e cabe ao Congresso fazer essa análise.

Para o engenheiro agrônomo coordenador de meio ambiente da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), Silvio Krinski, o texto do Código Florestal atual desestimula a produção rural. Se permanecer sem ajustes, a segurança alimentar estará em risco, haverá desemprego e as pessoas deixarão as lavouras rumo aos centros urbanos.

Ele afirmou que o Brasil mantém ainda cerca de 56% de seu território ainda com cobertura florestal, volume muito acima da média mundial, que é de 30% e que em países como os Estados Unidos (33%) e a China (22%), por exemplo.

Por outro lado, o Brasil tem a menor porção de exploração de território para a produção de alimento, com apenas 31%, e dos 270 milhões de hectares usados para esse fim, 58 milhões são para a agricultura e 211 milhões para a pecuária.

O secretário-executivo da Associação dos Municípios do Alto Vale do Itajaí, Agostinho Senem, apresentou, durante no encontro, o exemplo bem sucedido de trabalho de preservação de sua região, com a recuperação da mata nativa nas propriedades - acima até do limite proposto no projeto de lei - e com corredores ecológicos para interligá-las para manter a biodiversidade. "Não cuidar do meio ambiente traz prejuízos", disse.

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