sexta-feira, 22 de junho de 2012

Rio+20 acaba hoje com balanço polêmico para movimentos sociais


JMA-Jornal Meio Ambiente | Fonte 
Renata Giraldi e Carolina Gonçalves, da
 


Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr
Movimentos sociais e alguns líderes estrangeiros condenam a falta de ousadia do documento final da conferência, que será entregue nesta sexta
Rio de Janeiro – A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, será encerrada hoje (22), por volta das 15h, com a divulgação do documento final, contendo 49 páginas, denominado O Futuro Que Queremos. O balanço dos dez dias de discussões divide opiniões. Autoridades brasileiras consideram um avanço a inclusão do desenvolvimento sustentável com erradicação da pobreza, enquanto movimentos sociais e alguns líderes estrangeiros condenam a falta de ousadia do texto.
O tom de crítica deve predominar nesta sexta-feira, pois as organizações não governamentais (ONGs) que promoveram vários protestos durante a conferência prometem uma manifestação para hoje. Nela, será apresentado um balanço das discussões e recomendações apresentadas no texto final a ser aprovado pelos chefes de Estado e Governo.
O chefe da delegação do Brasil na Rio+20, embaixador André Corrêa do Lago, reiterou que o saldo da conferência é positivo. “O principal saldo foi fazer com que o desenvolvimento sustentável se transforme em paradigma em todos seus aspectos - social, ambiental e econômico”, disse.
Porém, para as ONGs, faltou ousadia por parte das autoridades na exigência de definições claras sobre responsabilidades específicas, repasses financeiros, discriminação de prazos para a adoção de medidas e a ampliação de poderes do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).
No Riocentro, local das discussões políticas, os protestos foram mais discretos do que os que dominaram as ruas do Rio de Janeiro. No entanto, houve uma exceção. Em frente ao Pavilhão 5, destinado às reuniões dos chefes de Estado e Governo, além dos ministros, o gaúcho Aristide Souza Maltoni Júnior fez uma manifestação solitária ontem em protesto ao que chamou de “metas pouco concretas” da Rio+20. O manifestante gritava palavras de ordem para chamar a atenção das autoridades.
As discussões mostraram ainda que as divergências econômicas estão presentes também nos debates polítcos e ambientais. Os negociadores dos países desenvolvidos e em desenvolvimento entraram em vários conflitos, principalmente os que envolviam recursos. A União Africana (formada por 54 países) foi um dos blocos que mais reagiram às restrições impostas pelos países desenvolvidos.
“Não há um grupo de negociadores que tenha admitido ganhar em tudo. O Brasil conduziu muito bem os temas divergentes. Depois, chegamos a um acordo e agora temos um caminho. Mas o documento ainda é muito grande”, disse o ministro do Desenvolvimento, Economia Florestal e Meio Ambiente do Congo, Henri Djombo.
Paralelamente, os líderes políticos estrangeiros discursavam na sessão plenária e debatiam o conteúdo do documento final. O texto ratifica que os temas polêmicos e sem consenso ficarão para uma próxima cúpula. Os aspectos sociais são destacados, ressaltando o esforço conjunto para a erradicação da pobreza, a melhoria na qualidade de vida e o homem no centro das preocupações.
O documento tem 49 páginas, menos uma em relação à versão anterior, sendo que inicialmente o texto chegou a ter 200 páginas. O documento está dividido em seis capítulos e 283 itens. Os capítulos mais relevantes são os que tratam de financiamentos e meios de implementação (relacionados às metas e compromissos que devem ser cumpridos).

quarta-feira, 20 de junho de 2012

ONGs e especialistas não acreditam em avanços na Rio+20


Marcello Casal Jr/ABr
WWF tenta inflar balão próximo ao Rio Centro, local onde os chefes de Estado se reunirão durante a Rio 20
WWF tenta inflar balão próximo ao Rio Centro, local onde os chefes de Estado se reunirão durante a Rio+20
Rio de Janeiro - O documento final da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que chega hoje (20) às mãos de chefes de Estado e de Governo é “aguado”, não apresenta metas claras, formas de financiamento de ações e está aquém do texto elaborado há 20 anos, na Rio92, conferência que vinculou o desenvolvimento ao meio ambiente.
As avaliações foram apresentadas por representantes de organizações não governamentais (ONGs) que acompanharam as discussões do texto final por meio do Major Group ONGs e por especialistas da área ambiental. A apresentação foi feita ontem (19) à noite na Cúpula dos Povos - evento paralelo à conferência oficial da Organização das Nações Unidas (ONU) -, no Aterro do Flamengo.
Ao lado de representantes de organizações como Greenpeace, WWF e Oxfam, o coordenador do Vitae Civilis, Aron Belinky, disse que para conseguir o consenso uma série de questões polêmicas foi varrida "para debaixo do tapete”, sem resolvê-las. “Achamos que essa é uma estratégia arriscada, que coloca o resultado à frente do que deveria ser encarado”.
Para Belinky, o melhor era ter deixado claro que certo pontos não tinham o apoio dos negociadores. “Se não tem consenso, que fique claro que não tem consenso. Que não se faça um documento aguado, que todo mundo concorda porque não faz diferença nenhuma”, criticou o diretor, sem pontuar os itens que poderiam ter obtido maior avanço.
O professor da Universidade de São Paulo (USP) Wagner Costa Ribeiro, que teve acesso a versão do texto final e participou da avaliação apresentada pelo Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (Fboms) na cúpula, disse que a consolidação do documento, acordado por 193 delegações, foi forçada e reflete a insatisfação de várias partes.
“É uma festa onde todo mundo sai descontente”, comentou Ribeiro. Elaborar o consenso a partir da insatisfação não me parece algo importante. O que vi realmente não é estimulante porque não cria metas ou vínculos ou quem vai pagar a conta”, acrescentou.
Ao comparar o documento da Rio92 com o texto da Rio+20, o professor culpou o cenário internacional, de crise financeira, pela falta de grandes avanços. Ele também citou a reunião do G20 (que ocorre no México, paralelamente à Rio+20), as eleições na Grécia e até a Eurocopa (campeonato de seleções europeias de futebol). “Não diria que foi pior, mas que não teve o mesmo nível de ousadia”, avaliou.
Os especialistas também criticaram a ONU pela pequena abertura para participação da sociedade nas negociações da conferência. “É um espaço limitado, de dois ou três minutos de fala, nos Major Groups. Ou seja, pequenas intervenções em meio a uma burocracia que não permite o avanço de uma proposta democrática”, destacou o representante da Vitae Civilis.

Dilma chega para a Rio+20 e tem reuniões com líderes


JMA-Jornal Meio Ambiente | Fonte Agência Brasil

Roberto Stuckert Filho/PR
Presidente Dilma Rousseff durante coletiva de imprensa após cúpula do G20
Presidente Dilma Rousseff durante coletiva de imprensa após cúpula do G20, em Los Cabos, no México, onde a líder passou dois dias
Rio de Janeiro – A presidente Dilma Rousseff deve desembarcar agora de manhã no Rio, depois de passar os últimos dois dias na Cúpula do G20, no México. Ela passa a manhã no hotel em despachos internos e depois almoça com o presidente da França, François Hollande. À tarde, a presidente abre oficialmente a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, e tem mais duas reuniões bilaterais.
Inicialmente, Dilma pretende se reunir em audiências privadas com oito a dez chefes de Estado e Governo. À tarde, ela conversa com os presidentes do Senegal, Macky Sall, e da Nigéria, Goodluck Jonathan. Há ainda a previsão de reuniões com os primeiros-ministros da China, Wen Jiabao, e da Turquia, Recep Tayyip Erdogan. A agenda dela ainda está sendo fechada, segundo assessores.
Em sua primeira visita ao Brasil como presidente eleito, Hollande, que é defensor das discussões sobre desenvolvimento sustentável, também pretende tratar com Dilma da venda dos 36 caças para a Força Aérea Brasileira (FAB). A francesa Dassault, fabricante do Rafale, a sueca Saab, que fabrica o Gripen, e a norte-americana Boeing, do F-18 Super Hornet, disputam a venda.
Com os africanos, a presidente deve conversar sobre as possibilidades de ampliação de parcerias e cooperação com o Senegal e a Nigéria. A África ganhou destaque no documento preliminar da Rio+20. Em vários parágrafos, os representantes dos 193 países se comprometem a consolidar esforços para garantir a melhoria da qualidade de vida no continente africano.
Com a Turquia, o Brasil tem uma relação estreita que abrange várias negociações no Oriente Médio. Um dos temas da reunião de Dilma com Erdogan deve ser o agravamento da crise na Síria, que já dura mais de 15 meses e matou pelo menos 12 mil pessoas. Os turcos, diferentemente de nações vizinhas à Síria, cobraram ações mais concretas do presidente sírio, Bashar Al Assad, e condenaram a violação de direitos humanos na região.
Na conversa com Jiabao, Dilma deverá reforçar a atuação do Brics (grupo formado pelo Brasil, a Rússia, Índia, China e África do Sul) além de temas bilaterais, pois atualmente os chineses são os principais parceiros do Brasil. No mês passado, Jiabao disse à presidente que a China quer ampliar e aprofundar as relações com a América Latina. A China superou os Estados Unidos em 2009, tornando-se a principal parceira comercial do Brasil.
O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, também pediu audiência, mas ainda não há confirmação. A presença de Ahmadinejad no Rio gerou, no dia 17, protestos de manifestantes. Para eles, o iraniano prega um discurso de discriminação. Mas o Brasil é apontado pelos iranianos como parceiro diferenciado.
O apreço do Irã pelo Brasil foi motivado pelo esforço do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em tentar negociar o fim das resistências internacionais aos iranianos. Ele foi um dos mediadores do acordo de paz, que foi rejeitado pela comunidade internacional. As negociações foram conduzidas pelo Brasil e pela Turquia. Nos últimos anos, os iranianos são alvo de sanções internacionais por suspeitas em seu programa nuclear.

Rio+20: recomendações de civis serão encaminhadas a líderes


JMA-Jornal Meio Ambiente | Fonte Agência Brasil

Reuters / Paulo Whitaker
Mulher passa em frente ao símbolo daa Rio 20, que acontece no Rio de Janeiro
A sociedade civil cobra um texto mais detalhado e objetivo sobre financiamentos para as ações referentes ao programa de desenvolvimento sustentável
Rio de Janeiro – Cerca de 100 chefes de Estado e Governo estarão reunidos de hoje (20) a sexta-feira (22) em mesas-redondas para negociar politicamente o documento final da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. O texto será divulgado oficialmente no encerramento da cúpula. As modificações podem ocorrer até o último momento, mas a expectativa dos negociadores é que apenas alguns itens sejam incluídos por sugestão da sociedade civil.
Organizações não governamentais, movimentos sociais e integrantes da sociedade civil participam de debates em dez painéis denominados Diálogos Sustentáveis. Cada um dos painéis definirá três recomendações. Ao final, 30 sugestões serão encaminhadas aos líderes políticos para que examinem a possibilidade de incluí-las no texto da conferência. Se as recomendações forem aprovadas, elas serão inseridas na declaração final dos chefes de Estado e Governo, a ser anunciada sexta-feira.
A sociedade civil cobra um texto mais detalhado e objetivo sobre financiamentos para as ações referentes ao programa de desenvolvimento sustentável. O desejo dos movimentos sociais, assim como o do Brasil e o dos países em desenvolvimento, era criar um fundo, começando com US$ 30 bilhões, para os projetos destinados ao assunto, mas no rascunho não há menção ao tema.
Os movimentos sociais também defendem a elevação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) a organismo independente e autônomo, como a Organização Mundial da Saúde (OMS). Porém, não houve acordo sobre essa proposta durante as últimas negociações. No documento estão apenas as recomendações de fortalecimento do programa e a possibilidade futura de sua ampliação.
Há ainda críticas à ausência de regulação das águas oceânicas. Apesar de os negociadores brasileiros considerarem que houve avanços na fixação de vetos à pesca de determinadas espécies em alto-mar, a sociedade civil quer mais detalhes. No entanto, os Estados Unidos, o Japão e outros países resistem à ampliação das propostas.
Ontem (19), o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, disse que o último texto negociado pode ser alterado. Segundo ele, as críticas da sociedade civil serão consideradas para análise dos líderes políticos. “Muita água ainda vai rolar. Muita coisa vai acontecer. Os chefes de Estado [e Governo] não vêm aqui só para assinar. Pode haver mudanças”, acrescentou.
A Rio+20 será aberta hoje, a partir das 16h, pelo secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, e a presidente Dilma Rousseff. Além de Dilma e Ban Ki-moon, outros líderes terão direito a discursar por cinco minutos, entre eles os presidentes da França, François Hollande, e do Paraguai, Fernando Lugo.

terça-feira, 19 de junho de 2012

JMA-Jornal Meio Ambiente

Agricultura industrial: um dos componentes centrais da crise climática



JMA-Jornal Meio Ambiente | Autor: Raquel Júnia   -   Fonte: Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz)


A agricultura industrial significa um ecosuicídio porque em seu manejo produz os gases que afetam o seu próprio funcionamento. A afirmação é de Miguel Altieri, da Sociedade Latinoamericana de Agroecologia, e uma das principais referências mundiais nas pesquisas sobre o tema. Para Altieri, são os sistemas tradicionais de agricultora que oferecem hoje as soluções para a crise ambiental, por exemplo, os cultivos que camponeses fazem em áreas que em parte do ano estão inundadas, nos quais os peixes cumprem importante função no controle de pragas ou então, cultivos cercados por bosques e florestas praticados por pequenos agricultores em várias partes do mundo, que mantêm o equilíbrio climático . "É preciso olhar para trás, estes sistemas foram capazes de resistir e enfrentar mudanças climáticas, é daí que a agroecologia precisa emergir", sentenciou. Miguel Altieri participou da mesa "Agricultura e Crises Ambientais", uma das atividades do "Seminário Internacional Tempo de Agir por Mudanças Radicais - Agricultura familiar camponesa e agroecologia como alternativa à crise do sistema agroalimentar industrial", realizado de 15 a 17 de junho, no âmbito da Cúpula dos Povos na Rio+20.

Miguel lembrou também que os cultivos sem agrotóxicos e adubos químicos têm resultados muito melhores em tempos de seca do que o sistema convencional. Ele mencionou vários exemplos de práticas exitosas, como as plantações de feijão no sul de Santa Catarina que utilizam um sistema de "tampar" o solo com matéria orgânica e assim preservar a muda de feijão por mais tempo no interior da terra no período mais frágil de seu crescimento. "Albert Einsten tem uma frase que se relaciona muito com o momento atual.Segundo ele, não se pode resolver os problemas com as mesmas soluções que os criaram. Nesse sentido, a economia verde não resolverá nossos problemas", ressaltou.

Também participante do seminário, Parviz Koohafkan, da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), chamou a atenção para a "escassez de terra per capita" que o mundo assiste desde a chamada Revolução Verde, quando foi incrementado o movimento de concentração de terras nas mãos de poucas pessoas. Segundo Parviz, há políticas públicas distorcidas que dão pouca atenção às chamadas terras marginais, ou seja, áreas consideradas menos produtivas, mas que populações tradicionais mostram que na realidade são produtivas. Ele criticou os incentivos financeiros maiores para a monocultura e a agricultura irrigada. "Enquanto isso, um terço da população vive com escassez de água, essa escassez é física, mas também econômica. Na África, por exemplo, o que vigora é principalmente a escassez econômica, porque há muita água, mas as pessoas não podem utilizá-la", disse.

Para Parviz, o mundo está no limite da sustentabilidade e há um grande risco de colapso já na próxima década com a possibilidade de os grandes rios cada vez mais terem fluxos menores, serem salinização, bem como as águas subterrâneas. Ele também citou sistemas tradicionais como exemplos a seguir, como o sistema de terraças criados pelos povos andinos. Parviz acrescentou que as soluções para a crise passam pelo acesso à terra, a troca de conhecimentos e o empoderamento das mulheres, que cada vez mais chefiam famílias camponesas.

Nora Inácio, da organização Sea Rice, da Filipinas comentou sobre a redução da biodiversidade provocada pela agricultura industrial e mostrou exemplos de povos da Ásia e África justamente no sentido contrário - o de promover a diversidade com cultivos de arroz. De acordo com Nora, na contramão também caminham as políticas públicas que insistem em garantir incentivos aos pequenos agricultores para que cultivem arroz transgênico. "Mesmo sabendo que daqui a um ano terá que comprar de novo, porque essas sementes patenteadas só dão uma vez, muitas vezes os agricultores as compram porque têm incentivos. E se eles desenvolvem novas tecnologias usando as sementes são processados", observou.

Segundo Nora, há vários movimentos desenvolvendo clubes de sementes e, juntos, já possuem 249 variedades de arroz. "Os governos precisam entender que devemos investir mais em pessoas. E entender que quando elas são envolvidas no desenvolvimento das tecnologias, elas vão utilizá-las porque foram elas que as criaram", reforçou.

Para Almuth Ernsting, da organização Biofuelwatch, da Inglaterra, que alerta sobre os impactos negativos da industria dos biocombustíveis no clima do planeta, os milhares de hectares já plantados, sobretudo na África e na América Latina, com cultivos destinados aos agrocombustíveis são um grande equívoco. Segundo ele, na África, 19 milhões de hectares estão sendo destinados ao cultivo de pinhão manso para biomassa. "Dizem que a biomassa é neutra em emissão de carbono, mas isso não é verdade porque as usinas utilizam combustíveis fósseis para a processarem", explicou.

Além disso, observou Almuth, essa expansão tem ameaçado direitos de comunidades tradicionais. Ele exemplificou com a empresa brasileira Suzano Papel e Celulose que, de acordo com ele, fechou acordo com o Reino Unido para fornecimento de biomassa e aqui no Brasil tem se instalado em áreas de povos quilombolas, expulsando essas pessoas de seus territórios. Segundo Almuth, na Uganda, 20 mil camponeses também já foram expulsos de suas terras para produção de biomassa. "Essa idéia de resfriar o planeta com os agrocombustíveis na verdade tem resultado em grande pressão sobre as terras, o campesinato e as populações tradicionais", denunciou.
 
Exemplo brasileiro na luta contra desertificação

Luciano Silveira, da AS-PTA Agricultura e Sustentabilidade, apresentou a experiência das populações da região nordeste do Brasil na convivência com o semiárido. Ele mencionou as características da região, onde 40% da população vive em áreas rurais e a maioria desenvolve uma agricultura de base familiar, embora ocupem apenas 3% do território. O bioma da região é a caatinga, que apresenta alta pluviosidade, mas possui também outros aspectos que dificultam a absorção de água como os solos rasos, a alta evaporação e uma enorme variabilidade climática.

O pesquisador relatou que a visão dominante é a de que se trata de uma região inóspita, sem potencial de desenvolvimento e baseada na idéia de que é preciso "combater a seca". "O resultado dessas políticas é que 68% do território está hoje em processo de desertificação", observou. Entretanto, a população da região vem protestando contra essa visão e desenvolvendo uma nova forma de convivência com o bioma local. Ele relata que no final da década de 90 um agricultor desenvolveu uma técnica que mudaria a história do semi-árido. A partir do que aprendeu como migrante em São Paulo trabalhando em uma fábrica de piscinas, o camponês Néo construiu uma cisterna de placas de cimento para acumular água da chuva. A tecnologia foi sendo ampliada e a Articulação do Semi Árido Brasileiro (ASA), uma organização da sociedade civil, conseguiu aprovar junto ao governo federal, em 2003, um programa para implementação em escala do projeto que levou o nome 1 milhão de cisternas.

De acordo com Luciano, há hoje 452.879 cisternas construídas com esta tecnologia pelos camponeses, que possibilitaram um empoderamento e uma tomada de consciência da população local sobre a convivência com o semiárido. "Isso estabeleceu um novo paradigma, as cisternas conseguiram mexer com o sistema para afirmar que existe sim uma alternativa", disse. O pesquisador acrescenta que o programa das cisternas teve outros desdobramentos por conta da mobilização e organização dos camponeses como a criação de bancos de sementes comunitários, de uma rede de viveiros e acesso a mercados locais.

No entanto, a experiência exitosa e as conquistas da população organizada do semiárido quase sofreu um duro retrocesso em 2011, quando o governo federal resolveu suspender a parceria do programa 1 milhão de cisternas e substituir a tecnologia construída pela população com placas de cimento por outras estruturas de plástico, desenvolvidas por uma empresa. A intenção também era que o repasse dos recursos do projeto não fosse feito mais à sociedade civil, mas sim aos estados. Luciano ressaltou que as cisternas de plástico custam o dobro do preço e que, além disso, geram poluição e, sobretudo acabam com a autodeterminação dos camponeses na escolha das suas próprias soluções. "Mas novamente a população se mobilizou, mais de 15 mil pessoas fecharam a ponte entre Juazeiro [na Bahia] e Petrolina [em Pernambuco] e o governo voltou atrás. Um novo termo de parceria foi firmado inclusive com a presença da ministra Tereza Campelo, do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à fome", contou.

Soluções dos Povos

Na segunda parte do debate, dois representantes de movimentos sociais foram responsáveis por fazer uma síntese da discussão. Para Moisés Quispe, da Intercontinental Network of Organic Farmers Organizations (IFOAM) no Peru, que atua na organização dos produtores orgânicos a nível mundial, é clara a contribuição que os povos tradicionais e suas formas de cultivo têm a dar na solução da crise ambiental e da fome mundial. "Só no Peru, eu conheço agricultores que cultivam 250 variedades de batatas e 85 variedades de pimentas", disse. "Com um pouquinho mais de recursos, a pequena agricultura melhoria a alimentação do mundo. Primeiro é preciso alimentar a população interna com produtos agroecológicos e depois pensar na exportação. Só no Peru, 39% da população está pobreza", protestou.

Fredy Congo, da Confederación Nacional de Organizaciones campesinas, indígenas y negras do Equador e também da Via Campesina, reforçou que são os camponeses que vão alimentar o mundo e esfriar o planeta. Ele lembrou que grande parte da comida que está na mesa das pessoas são produzidas pelos pequenos agricultores, embora 85% das terras mundiais estejam nas mãos do agronegócio e reforçou a urgência da reforma agrária. Fredy comentou também sobre a campanha de sementes impulsionada pela Via Campesina a nível mundial. "Nosso lema é sementes patrimônio da humanidade. As sementes não têm que estar cauteladas, têm que ser liberadas para alimentar o mundo". Para Fredy, só a mobilização das pessoas provocará mudanças significativas. "Os estados não respondem as nossas demandas, não haverá mudança radical sem mobilização, só assim alteraremos a correlação de forças", convocou.

Japão aprova política ambiciosa de subsídios para energia renovável


JMA-Jornal Meio Ambiente




Depois de anunciar que vai ser obrigado a religar reatores nucleares para evitar apagões, o governo japonês surpreende e lança um dos mais generosos planos de subsídios para fontes alternativas do planeta.
O ministro da Indústria Yukio Edano aprovou nesta segunda-feira (18) a introdução de tarifas feed-in que podem expandir as rendas das empresas de energia renovável do país em até R$ 60 bilhões nos próximos quatro anos.
O novo esquema exige que distribuidoras japonesas comprem eletricidade a R$ 1,08 por quilowatt hora (kwh) no caso da energia solar, por exemplo. Isto é mais do que o dobro da tarifa na Alemanha e mais do triplo da chinesa. Os custos serão repassados para os consumidores.
O interesse do governo é evitar a dependência não apenas da energia nuclear, mas também fugir dos altos preços do petróleo e do gás natural.
Segundo as estimativas oficiais, o novo regime de subsídios resultará na instalação de 2,5GW em fontes alternativas até março do ano que vem, com destaque para os projetos solares.
O governo espera que a iniciativa permita que as renováveis substituam os 30% da demanda do país que era atendida pela energia nuclear antes do desastre de Fukushima.

Índice de Riqueza Inclusiva aponta Brasil como o quinto país mais sustentável

Um novo indicador que vai além dos parâmetros econômicos e de desenvolvimento tradicionais do Produto Interno Bruto (PIB) e do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) para incluir uma ampla gama de ativos como o capital manufaturado, humano e natural, mostra aos governos a verdadeira situação da riqueza das suas nações e a sustentabilidade de seu crescimento. Assim é o Índice de Riqueza Inclusiva (IRI), lançado no domingo, 17 de junho, pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), durante a Rio+20.

O Brasil é o país com o quinto maior crescimento sustentável anual per capita do mundo, segundo o IRI, atrás apenas de China, Alemanha, França e Chile, e à frente de potências econômicas como Estados Unidos, Canadá e Noruega.

A principal meta do novo indicador é incentivar a sustentabilidade dos governos e complementar o cálculo do PIB (que só tem viés econômico) ou mesmo substituir os atuais medidores da economia. O índice aplica informações referentes ao capital humano, natural e manufaturado de 20 países, que juntos representam quase três quartos do PIB mundial e 56% da população do planeta, de 1990 a 2008.

Desenvolvido por especialistas da Universidade das Nações Unidas, a ferramenta reúne informações referentes à educação e expectativa de vida, os recursos florestais, além da produção industrial. Na prática, um país com IRI alto representa que ele é mais sustentável.

Perda de capital natural

O Brasil teve o IRI de 0,9 no período, o quinto no ranking da ONU, se igualando a Japão e Reino Unido. Nos 19 anos medidos, o PIB brasileiro cresceu 34%, o capital humano aumentou 48% e o capital manufaturado, 8%. Já o capital natural seguiu na contramão, caindo 25%. A justificativa do relatório é que a queda foi causada pelo avanço no desmatamento das florestas e ao aumento das atividades agropecuárias.

No período analisado, por exemplo, a Amazônia perdeu 331.290 km² de cobertura vegetal devido ao desmatamento ilegal – uma área equivalente a mais de sete vezes o tamanho do estado do Rio de Janeiro.

Apesar de registrar crescimento do PIB, China, Estados Unidos, África do Sul e Brasil aparecem com tendo esgotado significativamente seu capital base natural, a soma de um conjunto de recursos renováveis e não renováveis, como combustíveis fósseis, florestas e pesca.

Durante o período avaliado, os recursos naturais per capita diminuíram em 33% na África do Sul, 25% no Brasil, 20% nos Estados Unidos e 17% na China. Das 20 nações pesquisadas, somente o Japão não sofreu diminuição do capital natural, devido a um aumento da cobertura florestal.

Se medido pelo PIB, que é o indicador mais comum para a produção econômica, as economias da China, Estados Unidos, Brasil e África do Sul cresceram respectivamente 422%, 37%, 31% e 24% entre 1990 e 2008. No entanto, quando seu desempenho é avaliado pelo IRI, as economias chinesas e brasileiras aumentaram apenas 45% e 18%. Os Estados Unidos cresceram apenas 13%, enquanto a África do Sul teve um decréscimo real de 1%.

O IRI faz parte de uma gama de substitutos potenciais que líderes mundiais podem levar em conta como forma de dar mais precisão à avaliação da geração de riqueza para concretizar o desenvolvimento sustentável e erradicar a pobreza”, destacou Achim Steiner, diretor executivo do Pnuma. Ele vê a Rio+20 como uma oportunidade para abandonar o Produto Interno Bruto como medida de prosperidade no século 21 e como barômetro de uma transição para uma Economia Verde inclusiva. "O PIB não serve para medir o bem-estar humano, ou seja, as muitas questões sociais e a situação dos recursos naturais de uma nação”, justificou.

As principais conclusões do IRI são:

    - Enquanto 19 dos 20 países sofreram declínio no capital natural, seis também observaram declínio na sua riqueza inclusiva, colocando-os em uma faixa insustentável: Rússia, Venezuela, Arábia Saudita, Colômbia, África do Sul e Nigéria foram os países que não conseguiram crescer. Os outros 70% dos países mostram crescimento do IRI per capita, indicando sustentabilidade.

    - O alto crescimento populacional em relação ao crescimento do IRI criou condições insustentáveis em cinco dos seis países mencionados acima. A falta de crescimento da Rússia é devida em grande parte a uma queda no capital manufaturado.

   - Descobriu-se que 25% dos países que mostraram uma tendência positiva quando medido pelo PIB per capita e pelo IDH, computaram IRI per capita negativo. O principal impulsionador da diferença de desempenho foi o declínio no capital natural

    - Com exceção da França, Alemanha, Japão, Noruega, Reino Unido e Estados Unidos, todos os países pesquisados têm uma maior participação do capital natural em relação ao capital manufaturado, o que destaca sua importância.

   - O capital humano tem aumentado em todos os países e é a forma de capital eleita para compensar a diminuição do capital natural na maioria das economias.

   - Há sinais claros de permuta entre as diferentes formas de capital.

   -  Inovação tecnológica e/ou ganhos de capital com petróleo (devido ao aumento dos preços) superam o declínio do capital natural e os danos das mudanças climáticas, fazendo com que uma série de países - Rússia, Nigéria, Arábia Saudita e Venezuela - passem de uma trajetória insustentável para uma sustentável.

  - As estimativas de riqueza inclusiva podem melhorar significativamente com melhores dados sobre as reservas de capital natural, humano e social e seus valores para o bem-estar humano.

O relatório, que será produzido a cada dois anos, faz as seguintes recomendações específicas:

   - Países que observam retornos decrescentes no capital natural devem investir em capital natural renovável para melhorar o seu IRI e o bem-estar dos seus cidadãos. Exemplos de investimentos incluem reflorestamento e biodiversidade agrícola.
   
  - As nações devem incorporar o IRI nos ministérios de planejamento e desenvolvimento para incentivar a criação de políticas sustentáveis.

   - Os países devem acelerar o processo de transição de uma estrutura contábil baseada em renda para uma estrutura contábil de riqueza.

   - As políticas macroeconômicas devem ser avaliadas com base no IRI, em vez do PIB per capita.

   - Governos e organizações internacionais devem estabelecer programas de pesquisa para calcular os principais componentes do capital natural, particularmente ecossistemas.

A classificação do relatório (que leva em conta a evolução anual do IRI per capita) ficou da seguinte forma:

1º China - 2,1

2º Alemanha - 1,8

3º França - 1,4

4º Chile - 1,2

5º Brasil - 0,9

" Índia - 0,9

" Japão - 0,9

" Reino Unido - 0,9

9º Noruega - 0,7

" Estados unidos - 0,7

11º Canadá - 0,4

" Equador - 0,4

13º Austrália - 0,1

" Quênia - 0,1

15º Colômbia - -0,1

" África do Sul - -0,1

17º Rússia - -0,3

" Venezuela - -0,3

19º Arábia Saudita - -1,1

20º Nigéria - -1,8

A Rio+20 segue até o dia 22 de junho, na capital fluminense.

Publicado originalmente no EcoD

Especialistas defendem descentralização da geração de energia



Gerar energia elétrica para alimentar a própria casa através de painéis solares fotovoltaicos ou de uma pequena turbina eólica. Pode parecer uma ideia restrita aos países de primeiro mundo, onde a energia renovável já é uma realidade bem disseminada, mas é exatamente isso o que defenderam especialistas em energia que participaram nesta segunda-feira (18) de um simpósio paralelo à Conferência das Nações unidas para Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), evento internacional que acontece nesta semana na cidade do Rio de Janeiro.
Entre os participantes do evento “O Setor Elétrico Brasileiro e a Sustentabilidade no Século 21: Oportunidades e Desafios” estavam Célio Bermann, professor e pesquisador de eletrotécnica e energia da Universidade de São Paulo (USP) e ex-assessor da presidente Dilma Rousseff no Ministério de Minas e Energia; Marcelo Furtado, diretor do Greenpeace Brasil; Danny Kennedy, fundador e presidente da empresa de energia solar residencial Sungevity; Élbia Melo, presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica; Felício Pontes, procurador do Ministério Público Federal; Stefan Schurig, diretor de energia e clima do World Future Council Foundation; Albino Ventura Filho, secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, entre outros.
O encontro, que se estendeu pela manhã e por parte da tarde, debateu sobre a atual matriz energética brasileira – alegadamente limpa – e sobre os desafios e oportunidades para transformar nosso mix energético em realmente sustentável, alimentado por fontes realmente renováveis e limpas.
De acordo com a maioria dos palestrantes, o atual modelo energético do Brasil – baseado nas usinas de energia hidrelétrica de grande porte – está longe de ser sustentável, pois essas hidrelétricas, além de alagarem uma grande área causando enormes alagamentos que levam a um desmatamento e a grandes emissões de metano devido às árvores que apodrecem sob as águas, também causam grandes prejuízos sociais, pois deslocam milhares de pessoas de suas terras, forçando-as muitas vezes a perderem suas casas e meios de subsistência.
Como alternativa a esse modelo, os participantes do simpósio sugeriram as energias renováveis como a eólica, a solar, a biomassa e as pequenas centrais hidrelétricas, enfatizando o grande potencial que essas energias têm para serem desenvolvidas no Brasil.
Élbia Melo, por exemplo, destacou que, atualmente, a geração eólica corresponde a menos de 1% do total de energia produzido no Brasil, mas que há projeções que mostram que esse valor pode chegar a 5,3% em 2014 e 12% em 2020. Ela lembrou também que novas estimativas mostram que o Brasil tem capacidade para gerar até 300 GW de energia eólica, e que, com recentes tecnologias, a eólica pode ser até mais eficiente que a hidrelétrica.
Já Danny Kennedy afirmou que a energia solar pode gerar até três vezes mais empregos do que a energia hidrelétrica, pois cria trabalho em toda a sua cadeia – desde a produção até a venda e manutenção de painéis solares, enquanto na energia hidrelétrica essa geração de empregos fica concentrada apenas na fase de produção energética.
Os palestrantes também defenderam a diversificação do mix energético nacional, alegando que o apagão que ocorreu no início da década passada foi causado, em parte, pela concentração da geração de energia em uma única fonte.
Mas o que os palestrantes realmente ressaltaram no evento foi a possibilidade – e necessidade – de o Brasil descentralizar suas fontes de energia, fornecendo a oportunidade de os consumidores gerarem sua própria eletricidade.
Não faltaram exemplos – dados pelos participantes e pela plateia – de iniciativas que, nas palavras de Stefan Schurig, deram “power to the people” (energia/poder às pessoas). A ideia, segundo os especialistas, é justamente essa: que a população não apenas seja capaz de produzir sua energia, mas que, desta maneira, se torne mais consciente e ativa a respeito das decisões e escolhas energéticas do país. Infelizmente, a maioria das iniciativas como essa ainda ocorre em países desenvolvidos.
Aqui, a geração de energia elétrica em escala residencial e comunitária ainda está engatinhando, mas já mostra os primeiros sinais de potencial. Os palestrantes lembraram que, recentemente, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) regulamentou a microgeração de energias renováveis, permitindo que a população tenha painéis fotovoltaicos ou turbinas eólicas em casa para produzir sua própria eletricidade.
No entanto, as condições ainda são bem limitadas, e carecem de melhorias para se tornarem atrativas. A instalação destes equipamentos é cara, e faltam financiamentos para a aquisição dessas ferramentas de microgeração. Felizmente, já há projetos para resolver esse problema: algumas inciativas pretendem colocar no telhado de uma casa residencial um painel fotovoltaico cobrando mensalmente a energia gerada, em vez de vender o equipamento.
Retrocesso
Infelizmente, nem todos os participantes compartilhavam destas visões a respeito de uma nova energia, mais limpa e democrática. Albino Ventura Filho crê que a hidrelétrica ainda deva ser a principal fonte de energia do país, e que as energias renováveis alternativas são apenas fontes “complementares”.
Para o secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, o Brasil ainda precisa que as fontes alternativas fiquem mais baratas e suas tecnologias sejam desenvolvidas nacionalmente antes de serem implantadas em larga escala. E, apesar de todas as boas iniciativas apresentadas, se lembrarmos do que disse recentemente a presidente Dilma Rousseff sobre a irrealidade das energias alternativas no Brasil, pode ser que ainda demoremos a ver essas ações se tornarem realidade em nosso país.

Negociações terminam e documento da Rio+20 vai a plenária


JMA-Jornal Meio Ambiente | Fonte IG

Depois de mais de 14 horas de negociações, o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, anunciou às 2h30 de hoje (19) a conclusão do texto da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. Ele sinalizou que foi refeito o último rascunho, finalizado no sábado (16), incluindo ajustes de “último minuto”.
As delegações dos 193 países que participam da Rio+20 fazem, neste momento, uma revisão no documento final da conferência. O texto foi distribuído no início da manhã pelo governo brasileiro a cada delegação, para que pudessem olhar e decidir se querem fazer modificações ao documento concluído na madrugada.
Às 10h30, estava marcada uma reunião de plenária com todas as delegações para que elas referendassesm ou propusessem ajustes finais ao texto. Mas o encontro está atrasado. A expectativa do governo brasileiro é encerrar ainda hoje o documento final da Rio+20, para que seja apenas assinado pelos chefes de Estado e Governo nos próximos dias.
A delegação do Brasil convocou uma plenária, às 2h20 da madrugada de hoje, que durou menos de dez minutos. Segundo Patriota, o texto finalizado foi divulgado para as delegações dos 193 países às 7h. Após a plenária da madrugada, o chanceler fez uma breve declaração à imprensa. “Temos um texto e fizemos o possível para incorporar o máximo, inclusive negociações e consultas de último minuto. Quero agradecer a todos pelo espírito de cooperação e liderança”, disse ele.
Os negociadores disseram que no documento há de forma clara a recomendação para o fortalecimento do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e indicações para que, no futuro, seja criado um órgão independente. Há ainda detalhes sobre a proteção das águas oceânicas e uma espécie de bloco destinado aos financiamentos, mas sem cifras exatas.
No entanto, ficará para outro momento de negociações a proposta do Brasil e dos países em desenvolvimento para a criação de um fundo específico para o desenvolvimento sustentável. A ideia era criar o fundo com recursos iniciais de US$ 30 bilhões, mas que até 2018 alcançaria US$ 100 bilhões.
Os representantes dos países ricos vetaram a proposta, alegando dificuldades econômicas internas. A União Europeia anunciou ontem à noite, por meio de declaração, que o ideal era levar as negociações para o nível de ministros, retirando o debate do âmbito de diplomatas e técnicos.
Os negociadores se dividiram ontem, ao longo do dia, em quatro grandes grupos dedicados às questões sem acordo. Houve debates sobre as fontes de financiamentos para a implementação das metas fixadas, as definições referentes à regulamentação das águas oceânicas, o fortalecimento do Pnuma e o detalhamento relativo à economia verde.
Em relação ao Pnuma, foram feitas duas alterações, incluindo o fortalecimento do programa e a possibilidade de ele ser ampliado e se tornar, no futuro, um organismo autônomo. A delegação brasileira defendia a criação imediata de um órgão independente incorporando o Pnuma, nos moldes da Organização Mundial da Saúde (OMS).
O capítulos destinado aos meios de implementação, que se referem aos mecanismos de financiamentos, devem mencionar citações diretas sobre fontes múltiplas (privadas, públicas e organismos internacionais). Mas, ao que tudo indica, segundo os negociadores, não haverá menções diretas sobre as cifras específicas.

Rio+20 ocorre em área cercada por águas poluídas



MA -Jornal Meio Ambiente |  Fonte BBC



Divulgação/Angelo Antonio Duarte
No centro de convenções%2C o canal passou por dragagem mas continua turvo e oleoso
Rios, canais e a Lagoa de Jacarepaguá – que compõe a área verde próxima ao Riocentro, onde chefes de Estado discutem temas de desenvolvimento sustentável até sexta-feira na Rio+20 – estão degradados após 40 anos de acúmulo de esgoto.
A situação da bacia hidrográfica da Baixada de Jacarepaguá foi se deteriorando com a rápida expansão da cidade do Rio para oeste, sem a instalação de uma rede de saneamento adequada.
Segundo o ambientalista Axel Grael, nos anos de 1980 já se falava na necessidade de construir um emissário submarino para lançar o esgoto (tratado) dos bairros da Barra, do Recreio e de Jacarepaguá no mar, a certa distância da costa. Mas a obra só foi inaugurada em 2007.
Antes disso, segundo o presidente da Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos), Wagner Victer, a maior parte dos resíduos ia para as lagoas e para os rios da região.
"Hoje a quantidade de esgoto que se tira (pelo emissário) é próximo a 1.800 litros por segundo. É praticamente um Maracanãzinho cheio de cocô por dia. Antes, quase tudo ia para as lagoas", afirma Victer.
"Toda a bacia hidrográfica, todos os rios e canais foram transformados em valões de esgoto", diz o biólogo Mário Moscatelli.
Desde 1992, ele acompanha o processo de degradação na Baixada de Jacarepaguá trabalhando na recuperação de mangues. Afirma já ter contado 35 sofás e 185 pneus em uma área restrita da Lagoa da Tijuca, no início da Barra.
O biólogo compara a poluição com a da Baía de Guanabara, que continua deteriorada mesmo após o programa de despoluição levado a cabo a partir de 1994.
"Em 40 anos conseguimos repetir (na Baixada de Jacarepaguá) o quadro de degradação que na Baía de Guanabara levou 100 anos", afirma.
Na chegada ao Riocentro, alguns efeitos dessa poluição podem ser vistos a olho nu, nos rios e canais turvos que margeiam o centro de convenções. Alguns deles estão cobertos por gigogas - plantas aquáticas que proliferam em ambientes desequilibrados pelo excesso de matéria orgânica.
O rio Camorim, que atravessa o centro de convenções, passou por uma dragagem antes do evento. Mesmo assim, sua água é turva e oleosa.
Investimentos
A limpeza das lagoas da Barra e Jacarepaguá é um dos compromissos firmados pelo governo do Rio para a Olimpíada de 2016. Investimentos das três esferas de governo começam a ser anunciados.
Na semana passada, a presidente Dilma Rousseff determinou a liberação de R$ 300 milhões para a recuperação do complexo lagunar da Barra da Tijuca e Jacarepaguá e do Canal da Joatinga.
Além disso, Victer afirma que a Cedae tem planos de investir R$ 250 milhões em saneamento na região até o fim de 2015. Um tronco coletor deverá conectar as residências na área do Riocentro - onde ficará a futura Vila Olímpica - ao emissário submarino.
Hoje, mesmo o Riocentro não está conectado à rede coletora de esgoto da cidade, e precisa de uma estação de tratamento própria para administrar seus efluentes.
De acordo com Victer, 80% da região da Barra conta com saneamento, e com esses investimentos a cobertura chegará a 100% até o ano da Olimpíada. Já as obras de dragagem devem durar 36 meses. "O investimento na dragagem é essencial para melhorar a troca (de água das lagoas) com o mar. É isso que possibilita que a lagoa volte a viver. Se estiver assoreada, não há essa troca."
Ambientalistas, porém, consideram os números da Cedae otimistas. "As lagoas de Jacarepaguá recebem uma quantidade muito grande de esgoto, levado pelos rios que desembocam nelas, devido à falta de esgotamento sanitário em seu curso", diz o engenheiro ambiental José Araruna, da PUC-Rio.
Moscatelli diz que os investimentos do poder público têm aumentado nos últimos sete anos, mas considera o esforço ainda tímido diante do quadro de degradação.
Diante do fracasso dos investimentos feitos para recuperar a Baía de Guanabara nos anos 1990, ele se mostra cético em relação aos novos recursos anunciados.
Mesmo que tudo seja cumprido de acordo com os planos, o biólogo ressalta a necessidade de atacar o problema pela raiz. "Se não houver políticas de habitação, transporte e saneamento de forma permanente, todo esse esforço ao longo dos próximos quatro anos será perdido", diz Moscatelli.

Percurso até local da Rio+20 revela problemas ambientais do Rio


JMA-Jornal Meio Ambiente | Fonte BBC



Divulgação/Angelo Antonio Duarte
Problemas ambientais no percurso para a Rio%2B20
Já no início do percurso o visitante vê a Baía de Guanabara, que tem graves índices de poluição por esgoto e lixo, e as favelas que margeiam a Linha Vermelha, compondo os complexos da Maré e do Alemão, com grande parte dos domicílios sem esgotamento sanitário adequado.


As deficiências estruturais da cidade se evidenciam pelo caminho na ocupação urbana irregular; nos engarrafamentos que refletem a falta de um transporte público de qualidade, priorizando o automóvel; e nas lagoas e rios por onde se passa, todos comprometidos por poluição.
O ambientalista Sérgio Ricardo define o percurso como um "tour tóxico" a caminho da Conferência da ONU para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20.
"O Galeão é o portal de entrada à cidade, mas ao lado do aeroporto você já tem vários passivos ambientais", afirma ele, membro-fundador da Rede Brasileira de Justiça Ambiental.
"Se a Rio+20 for um fracasso do ponto de vista diplomático e político, restará aos chefes de estado fazerem esse turismo tóxico que mostra exatamente os problemas do Rio", diz.

Maiores cidades do mundo anunciam metas para reduzir emissões



JMA-Jornal Meio Ambiente

Os prefeitos das 40 maiores cidades do mundo, que formam o grupo C40, anunciam hoje (19) suas metas para redução da emissão de gases de efeito estufa. O comunicado será feito no Forte de Copacabana, em evento, paralelo à Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20
O documento, que além das metas, terá a prestação de contas das ações já em execução para a redução da poluição, será apresentado pelo prefeito de Nova York, Michael Bloomberg e por Eduardo Paes, prefeito do Rio.

Eduardo Paes informou que a meta de redução dos gases tóxicos pelas grandes cidades se somará aos compromissos assumidos pelos chefes de Estado na conferência das Nações Unidas.
O C40 é uma rede de grandes cidades que trabalha pela implementação de ações sustentáveis relacionadas com o clima. A intenção deste grupo é ajudar as metrópoles a enfrentar as mudanças climáticas globais no nível local.
(Com informações da Agência Brasil)

Apenas 12% da área original da Mata Atlântica está preservada, diz IBGE

JMA-Jornal Meio Ambiente | Fonte Agência Estado

A dois dias do início da cúpula da Rio+20, em que mais de cem chefes de Estado discutirão o futuro do planeta, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta segunda-feira a pesquisa Indicadores de Desenvolvimento Sustentável 2012. Entre outros dados, traça o retrato do desmatamento no País. Pela primeira vez o IBGE apresenta os dados de devastação de todo o território, para além da Amazônia.
Os indicadores revelam que estão preservados apenas 12% da área original da Mata Atlântica, o bioma mais devastado do País. De 1,8 milhão km², sobraram 149,7 mil km². A área desmatada chega a 1,13 milhão km² (88% do original) - quase o Estado do Pará e mais que toda a região Sudeste. Os dados se referem ao ano de 2010. Depois da Mata Atlântica, o Pampa gaúcho é o mais desmatado: perdeu 54% de sua área original, de 177,7 mil km² até 2009.
A devastação do Cerrado, segundo maior bioma do País, chegou a 49,1% em 2010. Na edição anterior dos IDS, divulgada há dois anos, o IBGE havia apontado devastação de 48,37% do Cerrado. Em dois anos, foram desmatados 52,3 mil km² - quase o Estado do Rio Grande do Norte.
A caatinga perdeu 45,6% de seus 826,4 mil km² originais. O Pantanal é o menor e mais preservado bioma: perdeu 15% da área total de 150,4 mil km². As informações referem-se a 2009.
O IBGE apresentou os índices de desmatamento de todos os biomas extra-amazônicos , já que a Amazônia tem um monitoramento específico, mais antigo e mais detalhado.
Biomas são territórios com ecossistemas homogêneos em relação à vegetação, ao solo, ao clima, à fauna e à flora. O Brasil é dividido em seis biomas. A pesquisa do IBGE chama atenção para o fato de que o desmatamento, além dos danos ao solo, aos recursos hídricos e às espécies de fauna e flora, aumenta as emissões de gás carbônico na atmosfera.
"O monitoramento dos biomas brasileiros torna-se indispensável não só para sua preservação como para qualquer tipo de intervenção ou lei que pretenda regular o uso dos recursos naturais no Brasil. A partir dos levantamentos de desmatamentos e áreas remanescentes, o Brasil saberá onde estão as áreas que precisam ser recuperadas e as que poderão servir às atividades econômicas, sem abertura de novas áreas", diz o estudo.
Por ser o bioma mais devastado, a Mata Atlântica também tem o maior número de espécies da fauna extintas ou ameaçadas de extinção: cerca de 260. No total, o IBGE apontou nove espécies extintas, 122 espécies criticamente em perigo, 166 em perigo e 330 vulneráveis.
Amazônia legal
Embora o ritmo de desmatamento da Amazônia Legal (área de 5,2 milhões de km², que vai além do bioma Amazônia e inclui uma parte do Cerrado) venha diminuindo ano a ano desde 2008, a perda de vegetação original chegou a 14,83% em 2011, segundo estimativa divulgada na IDS 2012, do IBGE. Na pesquisa anterior, o índice estava em 14,6% em 2009. Em 1991, a devastação total da Amazônia Legal era de 8,38%. Entre 2009 e 2011, a área desmatada passou de 741,6 mil para 754,8 mil km². São 13,2 mil km² - mais que a cidade de Manaus - em vegetação nativa perdida.
Doenças
Além da destruição da vegetação nativa, as más condições de moradia, as desigualdades raciais e regionais e o aumento na emissão de gases do efeito estufa na atmosfera afastam o Brasil do caminho do desenvolvimento sustentável, que pressupõe crescimento com preservação ambiental, qualidade de vida e inclusão social. Por outro lado, a diminuição da pobreza, da desnutrição infantil e do uso de substâncias nocivas à camada de ozônio são indicadores positivos de sustentabilidade.
O PIB per capita aumentou 21% em 14 anos, mas ainda existem 2,5 milhões de domicílios em condições inadequadas de moradia no País e as internações hospitalares decorrentes de saneamento precário são preocupantes. Apesar da redução das internações a menos da metade em 17 anos, houve muitas oscilações e aumento dos casos entre 2009 e 2010. Entre as doenças transmitidas por insetos, como dengue, febre amarela, malária e doença de Chagas, os resultados são alarmantes: aumentaram de 36,4 por cem mil habitantes em 1993 para 54 por cem mil em 2010.
Nas moradias brasileiras, o maior problema é o saneamento básico, deficiente ou inexistente em três de cada dez domicílios brasileiros. Em 1992, o índice era o dobro. O total de internações por doenças ligadas ao saneamento caiu de 732,8 por cem mil em 1993 para 320,6 por cem mil em 2010. Em 2009, porém, a taxa era menor, de 281,1 por cem mil. Cresceram as doenças transmitidas por mosquitos e decorrentes de contaminação de água e alimentos.
"O desmatamento e as condições sanitárias inadequadas de parte da população, aliados ao alto índice pluviométrico e à extensão da rede de drenagem, estão entre os fatores que favorecem a transmissão de doenças transmitidas por insetos vetores na Região Norte", diz a pesquisa do IBGE, lembrando que 99,5% dos casos de malária ocorrem na Amazônia Legal. No entanto, o estudo chama atenção para o fato de que "o fluxo migratório dessa região para Ceará, Bahia e Rio de Janeiro tem levado surtos de malária a esses Estados". O estudo destaca também o aumento dos casos de dengue nos últimos anos.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Pesquisa acusa presença de contaminantes emergentes na água fornecida em 16 capitais brasileiras


JMA-Jornal Meio Ambiente | Autor: Manuel Alves Filho   -   Fonte: Jornal da Unicamp


A água potável fornecida em 16 capitais brasileiras, onde vivem aproximadamente 40 milhões de pessoas, apresenta contaminação por substâncias ainda não legisladas, mas que podem ser potencialmente nocivas à saúde humana. A constatação é de uma pesquisa desenvolvida pelo Instituto Nacional de Ciências e Tecnologias Analíticas Avançadas (INCTAA), que está sediado no Instituto de Química (IQ) da Unicamp, em colaboração com outras instituições. Os pesquisadores identificaram, por exemplo, a presença de cafeína em todas as 49 amostras coletadas no cavalete (cano de entrada) de residências espalhadas pelas cinco regiões do país. “Esse dado é relevante, pois a cafeína funciona como uma espécie de traçador da eficiência das estações de tratamento de água. Ou seja, onde a cafeína está presente, há grande probabilidade da presença de outros contaminantes”, explica o professor Wilson de Figueiredo Jardim, coordenador do estudo e do Laboratório de Química Ambiental (LQA) do IQ.

Além de cafeína, os cientistas também encontraram nas amostras analisadas concentrações variadas de atrazina (herbicida), fenolftaleína (laxante) e triclosan (substância presente em produtos de higiene pessoal). No caso da cafeína, as duas capitais que apresentaram maiores níveis de contaminação pela substância foram, respectivamente, Porto Alegre e São Paulo. “A liderança de Porto Alegre nesse ranking foi uma surpresa. Há uma hipótese para explicar a situação, mas ela evidentemente depende de confirmação. Segundo essa conjectura, a contaminação estaria ocorrendo porque os gaúchos são grandes consumidores de erva mate, que, por sua vez, tem grande concentração de cafeína. Independentemente da origem, a presença da cafeína na água fornecida aos porto-alegrenses e aos demais moradores das capitais consideradas no estudo demonstra que os mananciais estão contaminados por esgoto e que as estações de tratamento não estão dando conta de remover este e outros compostos do produto que chega às torneiras das residências. Ou seja, é a prova inequívoca de que estamos praticando o reúso de água há muito tempo”, explica o docente da Unicamp.

De acordo com Wilson Jardim, por não serem legislados, esses contaminantes emergentes – são emergentes não porque são novos, mas porque estão cada vez mais presentes no ambiente – não são monitorados com frequência. Ademais, a ciência ainda não sabe ao certo qual o limite de proteção ao ser humano e nem que efeitos deletérios eles podem causar ao organismo do homem. “Entretanto, já dispomos de estudos científicos que apontam que esses compostos têm causado sérios danos aos organismos aquáticos. Está comprovado, por exemplo, que eles podem provocar a feminização de peixes, alteração de desenvolvimento de moluscos e anfíbios e decréscimo de fertilidade de aves”, elenca o professor da Unicamp.

Quanto aos humanos, prossegue Wilson Jardim, há indícios de que os contaminantes não legislados, especialmente hormônios naturais e sintéticos, como o estrógeno, podem provocar mudanças no sistema endócrino de homens e mulheres. Uma hipótese, que carece de maiores estudos, considera que esse tipo de contaminação poderia estar contribuindo para que a menarca (primeira menstruação) ocorra cada vez mais cedo entre as meninas. “Estabelecer esse nexo causal é difícil. Entretanto, temos que estar atentos para problemas dessa ordem. Acredito que, com o tempo, os contaminantes emergentes também terão que ser legislados. O trabalho que estamos realizando tem por objetivo exatamente fornecer subsídios para a formulação de políticas públicas que possam assegurar à população o fornecimento de uma água potável de maior qualidade”, diz.

Na opinião do especialista, o melhor caminho a seguir, num primeiro momento, é dar continuidade às pesquisas com vistas ao estabelecimento de normas que concorram para preservar o ambiente. “Esse tema será discutido em congresso científico que será realizado brevemente. A Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental [ABES] tem refletido sobre essa questão e deverá formular uma proposta de limiares de proteção da vida aquática. O passo seguinte, acredito, deverá estender esses parâmetros em relação ao ser humano”, prevê o docente.
Conforme Wilson Jardim, o trabalho de análise da água potável fornecida nas 16 capitais contou com a participação de 25 pesquisadores das seguintes instituições, além da Unicamp: Universidade de Brasília (UnB), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF) e Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Depois de coletarem as amostras de água nos cavaletes das residências, seguindo procedimentos previamente estabelecidos, os pesquisadores as enviaram à Unicamp, onde as análises químicas foram realizadas. Os métodos analíticos empregados atualmente, destaca Wilson Jardim, são bastante precisos. Tanto é assim que determinados contaminantes foram identificados em concentrações equivalentes a nanogramas por litro. Um dado interessante proporcionado pelo estudo, segundo o professor da Unicamp, é que as capitais costeiras, como Florianópolis, Vitória e Rio de Janeiro, apresentaram níveis de contaminação inferiores às demais. A explicação para isso, cogita o especialista, é o fato de esses municípios lançarem parte do esgoto diretamente no mar. “Desse modo, os rios de onde a água é captada para posterior fornecimento à população apresentam concentrações inferiores de poluentes”, argumenta.

No caso do Brasil, insiste o docente, a alternativa de curto prazo para enfrentar esse tipo de problemática é estabelecer novos valores de referência para a potabilidade da água. Wilson Jardim lembra que já existem tecnologias disponíveis capazes de remover os contaminantes não legislados. A própria lei brasileira, segundo ele, estabelece que as concessionárias de água devem adotar métodos de polimento mais sofisticados contra substâncias potencialmente nocivas, mesmo que elas não estejam legisladas. “É claro que um investimento desse tipo pode encarecer o custo de produção da água potável. Entretanto, temos que considerar que determinados compostos acarretam custos sociais ainda maiores, visto que podem trazer sérias sequelas não apenas ao ser humano exposto, com também aos seus descendentes”, pondera.

Wilson Jardim assinala que, se olharmos o cenário mundial, perceberemos que até mesmo os países que tratam 100% do seu esgoto enfrentam problemas de contaminação da água potável. Isso decorre de uma série de fatores, entre os quais o crescimento e adensamento populacional e a chegada ao mercado de novas substâncias. “Estudos indicam que 1.500 substâncias são lançadas anualmente no mundo. São moléculas novas, às quais não estamos tendo tempo de estudar. Além disso, o padrão de consumo da sociedade tem crescido freneticamente. Antes, uma pessoa usava, em média, três produtos de higiene pessoal antes de sair de casa. Hoje, usa dez. Há alguns anos, as pessoas passavam filtro solar apenas para ir à praia e à piscina. Agora, muita gente passa diariamente para ir trabalhar, inclusive por recomendação médica”, exemplifica.

Continuidade

De acordo com Wilson Jardim, as pesquisas em torno da qualidade da água potável das capitais brasileiras terá continuidade. O INCTAA vai se dedicar ao tema por mais dois anos. Nesse período, os pesquisadores trabalharão em duas frentes. Primeiramente, as análises realizadas nas 16 primeiras cidades serão repetidas, para verificar se houve alguma alteração. Em seguida, o trabalho será estendido para as demais capitais. “Queremos traçar um panorama geral do país por intermédio desses municípios. Penso que temos prazo suficiente para concluir essa tarefa”, calcula o docente da Unicamp. Ele informa que os estudos realizados pelo Laboratório de Química Ambiental (LQA) em conjunto com o INCTAA já têm contribuído para que as concessionárias considerem promover melhorias em seus sistemas de tratamento de água.

Em Campinas, por exemplo, a Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S/A (Sanasa) demonstrou interesse em adotar novas tecnologias que possam reduzir a presença de contaminantes não legislados na água fornecida aos campineiros. Além da Sanasa, outras concessionárias do Estado de São Paulo também estão iniciando conversações com Wilson Jardim com o mesmo propósito.

CDB: é possível ter US$ 159 bi para biodiversidade



Se os setores público e privado trabalharem em conjunto para implementar uma série de abordagens financeiras, os recursos disponíveis para a preservação da biodiversidade podem alcançar US$ 159 bilhões anualmente em 2020, conclui a nova edição do 'Pequeno Livro Financeiro da Biodiversidade'.
Publicado pelo Global Canopy Programme (GCP), com base em pesquisas financiadas pela Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), a terceira edição do livro explora 17 mecanismos que buscam ampliar a quantidade de capital disponível para a biodiversidade, desde recursos oficias provenientes de ajuda ao desenvolvimento, reforma agrária e subsídios aos combustíveis fósseis até commodities 'verdes' e o mercado de 'cap and trade'.
O livro engloba análises sobre como melhorar a distribuição dos recursos e como as instituições podem apoiar estas iniciativas.
A conclusão é que todos os 17 mecanismos precisam ser mais amplamente aplicados para que as Metas de Aichi para 2020 sejam cumpridas e que seria possível arrecadar US$ 159 bilhões por ano em 2020.
Este total equivale a mais de três vezes o que montante aplicado em 2010 (US$ 52 bilhões), ano em que as metas estabelecidas pela CDB para uma "redução significativa nas taxas atuais de perda da biodiversidade" foram perdidas. Ainda em 2010, na Conferência de Aichi, no Japão, foram definidas 20 novas metas globais de biodiversidade sob o Plano Estratégico 2011-2020 da CDB.
Além de aumentar o total disponível, a distribuição dos recursos em diferentes partes do mundo também precisa mudar, alega o GCP, com a maior parte dos custos sendo direcionadas aos poluidores, em vez dos beneficiários dos serviços ecossistêmicos, e maior equilíbrio entre mecanismos mercadológicos e não mercadológicos.
Segundo os dados do livro, 93% do financiamento gerado em 2010 veio dos beneficiários, enquanto os poluidores, aqueles que reduzem a provisão dos serviços ecossistêmicos e a biodiversidade, pagaram apenas 7%. Os autores argumentam que ao ampliar as fontes de recursos, uma parte maior dos custos será transferida aos poluidores.
"Proporcionalmente mais recursos são gerados de mecanismos de mercados, cuja tendência é em favor do poluidor que paga", explica o livro.
Atualmente, 20% do financiamento para biodiversidade é gerado por mecanismos de mercado, como commodities 'verdes' e taxas, com o restante fluindo de fontes oficiais, como ajuda ao desenvolvimento e alocação orçamentária. Os autores não defendem uma ou outra corrente, mas enfatizam que para alcançar os US$ 160 bi, é preciso maior equilíbrio entre as diversas correntes.
"O mundo não cumpriu a meta de 2010, que buscava reduzir a perda da biodiversidade, devido à falta de dinheiro, mas também por que os recursos disponíveis estavam sendo gastos nos locais errados", comentou Nick Oakes, economista ambiental do GCP e um dos autores.
Oakes explica que grande parte dos recursos para a biodiversidade é arrecadada nos países desenvolvidos, porém, que até 60% é gasto nestes locais, mesmo com as áreas de maior biodiversidade do planeta estando nos países em desenvolvimento e emergentes (exceto a China). Ele ressalta que nem mesmo as nações desenvolvidas cumpriram a meta em 2010.
"Sem dúvida, os investimentos na diversidade biológica oferecem benefícios econômicos, como mostrou o estudo TEEB (The Economics of Ecosystems and Biodiversity)*. Portanto, precisamos considerar todas as opções viáveis para arrecadar recursos das fontes existentes para alcançar as Metas de Aichi", notou o brasileiro Bráulio Ferreira de Souza Dias, secretário executivo da CDB.
* OTEEB é um documento elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), lançado em resposta à proposta dos ministros de Meio Ambiente do G8+5 (Potsdam, Alemanha, 2007) para desenvolver uma análise global sobre o impacto econômico gerado pelas perdas da biodiversidade.

Imagem: Global Canopy Programme

Statoil faz descoberta de "alto impacto" na Tanzânia

JMA-Jornal Meio Ambiente | Fonte Reuters 

David McNew/Getty Images
Logo da ExxonMobil
Descoberta ocorreu com parceria da ExxonMobil
Oslo - A Statoil e a parceira ExxonMobil fizeram uma grande descoberta de gás em um bloco na Tanzânia que a companhia norueguesa opera.
A descoberta de grande impacto tem uma estimativa preliminar de 3 trilhões de pés cúbicos de gás.
"O resultado de Lavani, a apenas 16 quilômetros ao sul da recente descoberta de Zafarani, confirma o alto potencial do bloco 2 (...)", disse a Statoil em comunicado nesta quinta-feira.
A descoberta de Lavani é a sétima de alto impacto da Statoil nos últimos 14 meses, segundo a companhia.

Pará quer ocupar lugar de destaque na Rio+20


JMA-Jornal Meio Ambiente | Fonte Agência Brasil por Carolina Gonçalves e Renata Giraldi,

Amazonia Spress/Reuters
Desmatamento na Amazônia
Até agosto do ano passado, o Pará foi responsável por quase um terço do desmatamento da Amazônia
Rio de Janeiro - O Pará quer conquistar posição de destaque durante a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. O governador do estado, Simão Jatene, pretende anunciar hoje (14) medidas para reduzir o desmatamento ilegal na região e mudar o modelo de economia rural, apontado como extensivo e predatório.

Assessores informaram que Jatene deve apresentar o Programa Municípios Verdes, que até maio deste ano já estava implantado em 91 dos 143 municípios paraenses. A proposta é promover o desenvolvimento econômico e social sem a degradação do meio ambiente, incentivando parcerias entre o Poder Público e a iniciativa privada em torno de ações sustentáveis.
Até agosto do ano passado, o Pará foi responsável por quase um terço do desmatamento da Amazônia. Dos 164 quilômetros quadrados de floresta derrubados no período, 52,8 quilômetros estavam na região. O levantamento foi feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
De acordo com informações do estado do Pará, o projeto que será apresentado hoje conseguiu o apoio da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), que o considera uma possibilidade de solução para grande parte dos desafios socioambientais do país.
O projeto foi criado a partir de uma recomendação do Ministério Público Federal (MPF) no Pará, em 2009. Desde o começo deste ano, de acordo com o governo estadual, o número de produtores registrados no Cadastro Ambiental Rural (CAR) passou de 800 para mais de 40 mil. Em 2011, o governo local autorizou um pacote de benefícios aos participantes do CAR, como prioridade na execução da regularização fundiária.
O local escolhido por Jatene para anunciar o conjunto de medidas que visam à sustentabilidade é o Forte de Copacabana, na zona sul do Rio. O local é um dos principais cartões-postais do Rio por sua beleza natural e pelo amplo espaço de que dispõe. No local, ocorrem vários eventos paralelos da Rio+20.

Austrália criará a maior rede mundial de reservas marinhas


JMA-Jornal Meio Ambiente | Fonte AFP


Greg Wood/AFP
Tony Burke, ministro do Meio Ambiente da Austrália
A notícia foi dada por Tony Burke, ministro do Meio Ambiente, que participará da cúpula Rio 20: "é hora de o planeta superar uma nova etapa na proteção dos oceanos"
Sydney - A Austrália vai criar a maior rede mundial de reservas naturais marinhas com o objetivo de proteger a vida aquática e determinará limites estritos à pesca e à prospecção petrolífera e de gás off-shore.

Segundo o projeto divulgado nesta quinta-feira, os parques marinhos cobrirão uma superfície de 3,1 milhões de quilômetros quadrados, mais de um terço das águas territoriais australianas.
"É hora de o planeta superar uma nova etapa na proteção dos oceanos", declarou Tony Burke, ministro do Meio Ambiente, que participará da cúpula Rio+20 junto com a primeira-ministra Julia Gillard.
"A Austrália está hoje na liderança dessa próxima etapa", enfatizou.
O número de reservas passará de 27 a 60, reforçando assim a proteção de vários animais, como a baleia azul, a tartaruga verde, os tubarões-martelo e o dugong (mamífero marinho herbívoro). As duas últimas se encontram entre as espécies mais ameaçadas.

Rio+20: sustentabilidade empresarial domina debates


JMA-Jornal Meio Ambiente | Fonte Agência Brasil por Renata Giraldi e Carolina Gonçalves

Divulgação
Riocentro e Parque dos Atletas
Na área do Parque dos Atletas, ao lado do Riocentro, ficarão em exposição projetos que destacam o desenvolvimento de propostas de tecnologia associada aos negócios
Rio de Janeiro – No segundo dia de debates, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, reúne hoje (14) uma série de atividades paralelas e definições no texto preliminar sobre os temas-chave que serão discutidos pelos chefes de Estado e de Governo do dia 20 ao dia 22. Organizações não governamentais (ONG) e integrantes da sociedade civil debatem alternativas para assegurar qualidade de vida no planeta.

A seis dias da cúpula, com a participação de pelo menos 115 chefes de Estado e de Governo, os ministros e especialistas de cada país se reúnem em busca de acordos sobre o conteúdo do documento preliminar que será definido pelos líderes políticos. O texto inclui temas como inclusão social, erradicação da fome e da pobreza, alternativas para a economia verde e sustentabilidade. Porém, as divergências persistem.
Ao longo desta quinta-feira, haverá ainda discussões sobre clima, desmatamento e tecnologias para garantir a sustentabilidade em negócios e melhorias para as populações nos próximos anos. A organização não governamental WWF apresenta as propostas Água Brasil e Família de Pegadas. O objetivo é alertar sobre a necessidade de agir e não deixar que as propostas fiquem apenas nas palavras.
A Fundo Vale (da Vale) e a Fundação Roberto Marinho, com o apoio do Serviço Florestal Brasileiro, lançam o projeto Florestabilidade. A ideia é mostrar a importância econômica, ambiental e social do manejo florestal no país, que tem a maior área de floresta contínua do mundo – a Amazônia.
O manejo florestal consiste em englobar técnicas que dão prioridade à sustentabilidade sem prejuízo aos ecossistemas. Na prática, as medidas permitem determinado uso dos recursos disponíveis com o mínimo de impacto ambiental. No setor empresarial, a questão da sustentabilidade é tema de uma discussão da secretária executiva da Rede Brasileira do Pacto Global, Yolanda Cerqueira Leite, e dos secretários do fórum (de mesmo nome) Tim Wall e Kristen Coco.
Paralelamente, no Parque dos Atletas, um pavilhão ao lado do Riocentro – onde serão concentrados os debates das autoridades –, ficarão em exposição projetos que destacam o desenvolvimento de propostas de tecnologia associada aos negócios. No Cais do Porto, uma apresentação artística fará lembrar a Europa dos anos 20 ao satirizar o consumo e os excessos.

No Parque do Flamengo, a defesa pela inclusão social como meta a ser ratificada por todos ganhará apresentação especial com a dança dos bailarinos em cadeiras de roda. O espetáculo mostra que não há limites para a expressão nem para a arte.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Proposta brasileira à Rio+20 alia proteção social à ambiental

O Brasil proporá diante da Conferência da ONU sobre o Desenvolvimento Sustentável Rio+20 a elaboração de uma agenda de proteção socioambiental onde se conjugue o combate à pobreza ao cuidado ambiental, afirmou nesta segunda-feira a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello.
"O único caminho para se alcançar um desenvolvimento duradouro e sustentável é casar a agenda ambiental com a agenda social", afirmou a ministra durante entrevista coletiva com jornalistas estrangeiros.
A proposta brasileira, explicou, consiste na criação de um compromisso internacional em torno de um Piso de Proteção Socioambiental, que aliaria medidas de redução da pobreza às de proteção ambiental.
A ideia, que tem despertado muito interesse internacional e já recebeu o apoio de países como Etiópia, Índia e África do Sul, foi incorporada ao texto que será debatido por chefes de Estado durante a Rio+20, entre 20 e 22 de junho. A expectativa é abrir a discussão sobre este conceito e vê-lo incorporado no texto final da conferência, que se inicia em 13 de junho com reuniões antes do encontro de líderes.


Segundo a ministra, uma agenda enfocada apenas em assuntos ambientais exclui aspectos sociais importantes, como o desemprego. "Ao mesmo tempo, eu posso fazer uma discussão social pura, onde eu resolva incluir milhões, distribuir renda e fazer isso destruindo mais e mais o meio ambiente. Nenhuma dessas duas vertentes se sustenta no tempo", acrescentou.
De acordo com Campelo, a inspiração para o Piso Socioambiental foi o Bolsa Verde, programa do governo federal em vigor desde outubro de 2011, que visa a incentivar a preservação dos ecossistemas, com o repasse trimestral de R$ 300 a famílias em situação de extrema pobreza que desenvolvam atividades de preservação.
Atualmente recebem o Bolsa Verde 23 mil famílias e o estado do Pará, em plena floresta amazônica, concentra os pagamentos. Mas a idéia, segundo Tereza Campello, é ampliá-lo para a todo o território nacional.
O programa faz parte do plano Brasil sem Miséria, vinculado ao Bolsa Família, e que visa a eliminar, até 2014, a extrema pobreza no país. O plano, que fez o primeiro aniversário no último dia 2, conta com orçamento de R$ 20 bilhões ao ano.
Durante os oito anos de mandato de Lula, cerca de 30 milhões de pessoas saíram da pobreza, em um país com 191 milhões de habitantes.

Desmatamento da Amazônia é o menor da história, diz ministra

A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, anunciou nesta terça-feira que o Brasil registrou a menor taxa da história de desmatamento da Amazônia, segundo dados consolidados neste ano.
A área desmatada ficou em 6.418 quilômetros quadrados entre agosto de 2010 e julho de 2011, de acordo com comunicado divulgado em evento no Palácio do Planalto no Dia Mundial do Meio Ambiente.
"Tenho a honra de anunciar a menor taxa de desmatamento da Amazônia em toda a sua história", disse a ministra no evento. Essa é a menor taxa registrada na Amazônia Legal desde que o Inpe começou a fazer a medição em 1988, segundo o comunicado.
O anúncio foi feito às vésperas da Rio+20, a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, que será realizada este mês no Rio e vem sendo alvo de críticas, pois pode fracassar por falta de resultados relevantes.
"Tivemos em 92, 13.600 quilômetros quadrados (desmatados), tivemos um pico expressivo em 2004, com 27 mil quilômetros quadrados, e hoje ... consolidamos os dados com 6.418 quilômetros quadrados", acrescentou.
Segundo a ministra, esse dado representa menos da metade de 1992 e menos de um terço da maior taxa registrada em 2004.
Izabella acrescentou que os dados preliminares para o ano de 2012 apontam uma redução ainda maior no desmatamento.
"Em abril de 2012 (houve) uma redução de 51 por cento em relação ao mesmo dado do ano passado", disse a ministra.
"No acumulado de agosto até maio deste ano ... temos uma redução de 25 por cento em relação à menor taxa de desmatamento", afirmou.

"Continuaremos trabalhando, combatendo o crime ambiental, e mostrando que é possível sim crescer, incluir e proteger", acrescentou.
A ministra também anunciou que o Brasil reduziu em 30,4 por cento suas emissões globais de gases do efeito-estufa. O país tem uma meta voluntária de redução das emissões em 36,1 por cento até 2020.
"Nosso compromisso é para 2020. Nós estamos em 2012 e já chegamos a essa marca", disse.

Hoje é o Dia Mundial do Meio Ambiente



JMA-Jornal Meio Ambiente -  Da Redação

Instituído em 1972 pela Organização Mundial das Nações Unidas (ONU), a data tem o objetivo de discutir a responsabilidade e o papel de cada país na conservação do nosso planeta. Mas, será que todas as manifestações, discussões e eventos que são realizadas no dia de hoje, se transformam em ações efetivas em prol da humanidade?  
Será que se conseguiremos fazer uma revisão no atual modelo de desenvolvimento sem colocar em risco o equilíbrio que garante a vida na Terra?
As conquistas tecnológicas das últimas décadas transformaram o mundo trazendo desenvolvimento, conforto e bem estar a todos. Porém, essa evolução, esse modelo de produção que aposta no crescimento desenfreado, na urbanização descontrolada, trouxe, também, consequências desastrosas para o meio ambiente.
O aquecimento global, a destruição acelerada das florestas e a escassez da água são algumas das graves questões que se apresentam, por isso, é preciso promover desenvolvimento com responsabilidade baseado nos conceitos de sustentabilidade como etapa de um processo em busca de um resultado econômico-financeiro com proteção ambiental e justiça social.
E, esse caminho, passa necessariamente pela educação, pela conscientização de cada indivíduo e pelo desenvolvimento de produtos e serviços que possam contribuir com a sociedade de forma justa e responsável visando o futuro do nosso planeta e das novas gerações.
Esse é o nosso papel.