terça-feira, 30 de agosto de 2011

Como se adequar às mudanças


Ao apresentar os resultados de seu estudo, os pesquisadores Eduardo Assad (Embrapa) e Hilton Pinto (Unicamp) foram categóricos: existe saída para evitar os danos, mas é preciso começar a mudar já. “Os dados deste trabalho não têm o intuito de fazer terrorismo, mas alertar para a necessidade de adotar imediatamente medidas de mitigação e adaptação”, afirmou Pinto. “Fechar os olhos para isso não é certo. Só teremos realmente um problema se formos irresponsáveis”, complementou Assad. Segundo eles, o modo de produção agrícola precisa mudar. Algumas perdas talvez sejam inevitáveis, visto que o país só agora começou a conhecer sua vulnerabilidade e ainda não tomou as atitudes para evitar os impactos. Mas ainda é possível adotar medidas de mitigação, assim como adaptar as culturas para as novas situações. Essas atitudes, lembram os pesquisadores, têm o potencial de transformar a agricultura, de atual grande emissora de gases de efeito estufa, em sumidouro de carbono, revertendo sua contribuição para as mudanças climáticas.
Várias pesquisas conduzidas em unidades da Embrapa, nas empresas estaduais de pesquisa e em universidades brasileiras vêm buscando soluções nesse sentido. Em termos de adaptação, já estão sendo desenvolvidas em laboratório, por exemplo, variantes genéticas de soja, milho, feijão, café, mandioca e algumas frutas mais tolerantes às altas temperaturas e ao déficit hídrico. Os estudos estão avançados, mas, ponderam os pesquisadores, mesmo que os trabalhos resultem em plantas mais resistentes, o melhoramento genético tem um limite. Se a temperatura subir mais do que 2°C, ele não terá como combater o problema pois a planta passa a ter dificuldade em fazer fotossíntese.
A regra de ouro é, portanto, trabalhar simultaneamente medidas de mitigação. Diversas práticas agrícolas já conhecidas são capazes de diminuir as emissões de carbono do setor e ainda aumentar o seqüestro do gás da atmosfera, como a integração entre pecuária e lavoura, a utilização de sistemas agroflorestais e o incentivo ao plantio direto. A idéia por trás delas é otimizar o uso do solo, melhorando o manejo das culturas e das áreas de pasto. As culturas consorciadas, por exemplo, evitam que a terra fique nua em alguns períodos, o que diminui os riscos de erosão e aumenta a quantidade de carbono no solo.


Integração pastagem-lavoura

Os impactos do aquecimento global podem ser minimizados se o sistema produtivo for capaz de aproveitar de modo mais intensivo as áreas favoráveis à agricultura. Um dos meios de se obter isso é a rotação das áreas de pastagem com lavouras, no qual se intercala se encurta o período de uso das pastagens plantadas com um ciclo de três a cinco anos de lavouras intensivas. Embora essa tecnologia seja conhecida desde o início dos anos 1990, sua difusão tem sido muito lenta porque ainda se segue um modelo tradicional de expansão para novas áreas toda vez que uma antiga se degrada – e porque o país ainda dispõe de terras de fronteira que atendem a esse fim nas regiões Centro-Oeste e Norte. Se a percepção do processo de mudança de clima levar a um controle mais efetivo do desmatamento da floresta amazônica, restringindo a expansão da pecuária apenas às regiões já abertas para este fim no Cerrado, pode ocorrer um maior incentivo à adoção da rotação de lavoura e pecuária.
Somente no Cerrado existem hoje cerca de 54 milhões de hectares de pasto – grande parte em declínio de produtividade. Em todo o país estima-se que haja mais de 100 milhões de hectares de pastos degradados. Estudos da Embrapa Cerrados estão mostrando as vantagens de introduzir lavouras nessas áreas, como explica o pesquisador Lourival Vilela: “Ao recuperar a fertilidade do solo para o plantio de algum grão por meio de correção de acidez, adubação, calagem etc, aumenta-se muito o potencial de produção das forrageiras, porque tradicionalmente no Cerrado o pessoal praticamente não aduba o pasto. Nesse processo é possível saltar de produção da ordem de 3 a 4 arrobas por hectare/ano para resultados que oscilam entre 20 e 40 arrobas. Estamos observando isso tanto em pesquisas como em algumas fazendas que já estão adotando a integração”.
Nesse processo de consórcio podem ser usados vários grãos, sozinhos ou combinados. Vilela explica que a soja é particularmente interessante para uma região degradada porque ela fixa nitrogênio do ar, dispensando a necessidade de adubar a terra com esse elemento. De acordo com o pesquisador, a produtividade do milho e do sorgo sozinhos vem deixando a desejar, mas elas são interessantes porque já servem de alimentação para o gado. Então tem se testado a introdução primeiro da soja e depois o milho ou o sorgo em um plantio consorciado. “Em algumas regiões, é possível até fazer três culturas: uma de soja, uma de milho com capim e uma terceira safra, que a gente chama de ‘safrinha de boi’.”

Alguns modelos começam com a soja, para incorporar nutrientes ao solo, e depois da colheita cultiva-se pasto via plantio direto em um mesmo ano. Outros modelos trabalham com a rotação ao longo de anos. No primeiro ano se cultiva a soja, no segundo, o milho, o que vai melhorando a fertilidade do solo. Só a partir do terceiro ano se introduz pasto na área.
Além de aumentar a produtividade tanto do gado quanto dos grãos, tornando desnecessária a abertura de novas áreas por desmatamento (pastagens mais ricas permitem a colocação de mais bois por hectare), a integração traz mais duas vantagens no combate ao aquecimento global. A primeira é que uma pastagem de melhor qualidade resulta em menos emissão de metano para cada quilo de carne produzida (animais mal alimentados produzem mais metano, o segundo principal gás de efeito estufa). A segunda é que nas pastagens bem manejadas ocorre um aumento da matéria orgânica no solo, o que eleva o potencial de seqüestro de carbono.
Outra forma de integração que tem aparecido no Cerrado é uma parceria entre o produtor de grãos e o pecuarista. O primeiro cultiva milho com capim e, após a colheita do grão, ele arrenda a área para o pecuarista. A vantagem é que esse pasto recém-formado permanece verde em praticamente todo o período seco. Dessa forma se obtém uma pastagem de alta qualidade na entressafra. É uma parceria interessante para os dois lados, como explica Vilela, da Embrapa Cerrados: “O produtor de grãos não mobiliza capital na aquisição de animais, que é um componente caro no sistema, ao mesmo tempo em que o pecuarista não mobiliza grandes quantidades de capitais na aquisição de máquinas para fazer agricultura”.
Os grãos também saem lucrando nesse processo. Pesquisas apontam que áreas cultivadas por dois ou três anos com pastagem normalmente apresentam um aumento da produtividade de cinco a oito sacas de soja por hectare. Essa melhora se deve ao aumento da matéria orgânica no solo. Também se observou que a integração quebra os ciclos de pragas e reduz a infestação de plantas daninhas, uma vez que passa a existir uma única outra planta: o capim ou outra forrageira que cubra o pasto. Voltar


Sistemas florestais

Outra medida eficiente para a mitigação das mudanças climáticas é a adoção de sistemas florestais para aumentar o seqüestro de carbono. Isso inclui o plantio de árvores – eucaliptos e pinus, por exemplo – para o reflorestando de áreas degradadas, ou também de modo consorciado com outras culturas ou com pasto, como citado no item acima. “Hoje a cultura que dá mais renda no Brasil é o eucalipto, planta que suporta muito bem o calor. É caro recuperar uma pastagem degradada hoje só com processos químicos, mas, se recuperar fazendo integração com a árvore, logo no primeiro ano já recupera o investimento. E o produtor poderá vender eucalipto e ter quatro vezes mais bois no pasto. É um lucro muito maior”, afirma Hilton Pinto. Também compõe este item o manejo da floresta amazônica para conter o desmatamento. As propostas são as mais variadas, mas ainda pouco vem sendo investigado na prática. Uma das iniciativas que começa a ser adotada por pequenos produtores da Amazônia é a prática da agricultura sem queima, ou “tipitamba”, como foi apelidada pelos técnicos da Embrapa, que quer dizer “capoeira” na língua dos índios Tiriyó. Normalmente essa vegetação secundária formada por árvores e plantas de baixa e média altura é queimada para a colocação de agricultura ou pasto. De acordo com Tatiana Deane de Abreu de Sá, diretora da Embrapa, a trituração da vegetação, no lugar da queima, diminui em cinco vezes a emissão de CO2-equivalente. Além de colaborar com o efeito estufa, evita-se o dano à fertilidade do solo provocado pela queima, a longo prazo.
Os pesquisadores também apostam na eficácia dos sistemas agroflorestais e agrossilvopastoris – os primeiros misturam espécies agrícolas com árvores, e os segundos, pastagem com agricultura e árvores de ciclo curto. A combinação com árvores é interessante porque elas têm um papel na manutenção do seqüestro de carbono ao longo do tempo. “Já existem algumas experiências significativas de agricultores praticando esses sistemas no município de Tomé-Açu, no Pará, e na fronteira de Rondônia com o Acre. Mas faltam políticas públicas que abriguem adequadamente isso. Enquanto não se tem primeiro o ordenamento territorial, nem políticas que não sejam apenas de repressão, mas de incentivo à adoção dessa prática, com financiamentos, fica complicado avançar”, comenta Deane.
A pesquisadora cita como exemplo positivo o programa de incentivo aos 36 municípios da Amazônia alvos da Operação Arco Verde, que visa combater o desmatamento e o comércio clandestino de madeira. Estão sendo fornecidos créditos para recomposição da mata nativa no trecho que foi desmatado irregularmente e intensificação da pecuária na área de reserva legal. “Estamos propondo o plantio de espécies nativas de rápido crescimento associadas a outras de crescimento menos rápido que podem render produtos de valor econômico”, explica. Estão sendo recomendados, por exemplo, o plantio de paricá, que com sete anos já pode ser cortada para fornecer madeira à indústria de laminados, ou de tachi branco, que também cresce relativamente rápido e pode ser utilizado para produzir carvão vegetal para abastecer siderúrgicas. Segundo ela, as duas plantas também podem ser associadas com castanheira e andiroba.
“Já conhecemos muitos passos que podemos dar”, complementa a pesquisadora, “mas para quem está na floresta ainda é mais barato extrair ilegalmente madeira e tentar vendê-la posteriormente do que fazer o manejo florestal de impacto reduzido, fazendo inventário, selecionando as árvores que podem ser retiradas com menos impacto possível na vegetação, marcar as que serão retiradas só daqui a 30 anos”. Voltar


Plantio direto

Boas práticas de manejo do solo também contribuem para o seqüestro de carbono. A mais usada é a do plantio direto, que promove o cultivo sobre a palha deixada no solo pela cultura anterior, sem a necessidade de remoção do solo. De acordo com levantamentos de Carlos Clemente Cerri, do Cena (Centro de Energia Nuclear na Agricultura) da USP, e de Carlos Eduardo Cerri, da ESALQ (Escola Superior de Agricultura Luís de Queiroz), o sistema de plantio direto desenvolvido hoje em cerca de 30% da agricultura nacional evita a emissão de 9 milhões de toneladas de carbono por ano no país. É quase o suficiente para compensar a emissão direta anual das atividades agrícolas brasileiras referentes ao período de 1975 a 1995, que foi de cerca de 12,6 milhões de toneladas por ano. O valor não inclui as emissões provenientes da conversão de vegetação natural, que é a principal fonte de emissões de gases-estufa do Brasil. O modelo convencional predominante, no entanto, ainda é o de preparação do solo com a passagem do arado para a semeadura. Ocorre que, quando o solo é revolvido dessa maneira, libera-se quase todo o carbono contido nele. Os microorganismos que vivem debaixo da terra retiram da matéria orgânica sua fonte de energia e, ao se multiplicar, emitem gás carbônico. Quando a agricultura revolve a terra, o microorganismo sai de seu estado de latência, aumenta sua atividade, consome mais matéria orgânica e acaba produzindo mais CO2. Na Europa, de onde o Brasil importou o modelo de limpar a terra, esse processo não é tão problemático porque, com temperaturas baixas, os micróbios não são muito ativos – o contrário do que acontece no Brasil.
O plantio direto minimiza esse impacto ao fazer pequenas aberturas no solo suficientes apenas para deslizar a semente, deixando o resto intocado. E ainda mantém mais carbono seqüestrado, uma vez que, ao deixar os resíduos da colheita no solo, permite que os microorganismos os decomponham. Eles retiram o carbono da matéria orgânica e o depositam no solo.
Carlos Clemente e Carlos Eduardo Cerri trabalham atualmente em uma série de cálculos para tentar incluir o plantio direto em projetos de créditos de carbono.
Esse método está sendo encarado como uma das soluções para a agricultura também em outros países, como Argentina, Canadá, Austrália e Estados Unidos, um dos maiores adeptos da técnica. David R. Huggins, especialista em solo da Unidade de Pesquisa do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), vem defendendo que a prática, se adotada em larga escala, pode protagonizar uma revolução na preservação, ao evitar a degradação do solo. Para ele, o uso do arado é uma das principais causas desse problema e, por conseqüência, uma ameaça à produção de alimentos. Voltar

Café sombreado

Uma solução para evitar as perdas previstas para o café arábica, variedade avaliada neste estudo, é retomar uma prática utilizada em seu país de origem, a Etiópia. Lá ele é cultivado à meia sombra, o que diminui a temperatura no pé. No Brasil a planta foi adaptada para latitudes mais elevadas e altitudes inferiores que as existente na Etiópia, o que permitiu que ela fosse cultivada a pleno sol. Mas outros países produtores de café, como Colômbia, Costa Rica, Guatemala, El Salvador e México, mantêm as características originais. Estudos experimentais sugerem que a arborização do cafezal, ao diminuir de 20% a 30% a radiação incidente, pode provocar uma diminuição sensível da temperatura do dossel, além de amortecer o vento e amenizar a temperatura noturna, favorecendo a defesa contra geadas.
Além de trazer benefícios para o cafezal, o agricultor pode se beneficiar com uma renda extra. Alguns produtores em São Paulo e Minas Gerais têm utilizado arborização com mangueiras, abacateiros, macadâmia, seringueira, bananeira e coco-anão, entre outras. Não são necessárias muitas árvores por hectare, apenas o suficiente para fazer um sombreamento, com cerca de 60 a 70 plantas de sombra por hectare.
Os efeitos da prática ainda não foram comprovados cientificamente – não se sabe, por exemplo, quantos graus de temperatura é realmente possível diminuir no cafezal, mas os experimentos ainda informais são considerados satisfatórios. É o que descobriu o climatologista Pedro Dias, pesquisador da Universidade de São Paulo e membro do IPCC. Cafeicultor nas horas vagas, ele deixou crescer o mato ao redor dos pés de café e plantou mangueiras, “para ver o que ia acontecer”, no seu cafezal em Minas Gerais. Depois de sete anos, afirma, os resultados são interessantes.
“O hábito antigo, como meus bisavós aprenderam a fazer, era manter o café em uma área absolutamente limpa. Hoje em dia, se meu avô visse meu cafezal, ia dizer que eu sou um doido. Mas café no meio do mato? Pois é, nesse consórcio o mato aumenta a evapotranspiração, diminuindo a temperatura. Quando o vapor d’água evapora, resfria a superfície da planta e resfria o ar na vizinhança. A idéia é manter o mato ativo no meio do café. Bateu na coxa, passo a roçadeira. Claro que eu tenho de passar mais vezes a máquina por causa disso, mas tem outro ganho, que é o aumento da massa orgânica. Com isso preciso menos de adubo. Economizo em torno de 20% de nitrogênio na minha plantação, em função desse trato”, conta.
Ele afirma que também teve esse resultado com a manga. “O café gosta de crescer à sombra. Testei algumas variedades, a manga palmer foi a que se saiu melhor, porque é mais aberta e também deixa passar os raios de Sol. Sem contar que ela troca bastante de folha, aumentando a quantidade de matéria orgânica no solo”, afirma Dias.
O pesquisador e cafeicultor defende que os riscos do aquecimento global trazem uma oportunidade. “Só é uma ameaça se não se fizermos nada, mas existem formas de adaptação que podem se transformam em oportunidades. Ter a manga consorciada ao café me dá uma renda adicional e eu fico menos dependente do café. Em ano que o mercado está muito ruim, se a manga estiver muito ruim, também, aí não tem jeito, mas normalmente um compensa o outro. Precisamos buscar essas oportunidades, usufruir dessas condições adversas.” Voltar

Convivência com a seca

A região que mais deve ser afetada pelas mudanças climáticas é o Semi-Árido nordestino. Com o risco de desertificação acelerado, a região deve se tornar imprópria para a maioria das plantas cultivadas lá atualmente, em especial mandioca e milho. Para conter esse processo e ainda oferecer alternativas alimentares para a população e para o gado, vários pesquisadores têm defendido que a solução está nas próprias culturas da Caatinga. A idéia é aproveitar o conhecimento sobre as plantas mais tolerantes à seca e incentivar um cultivo mais abrangente. Várias espécies características do bioma, como a palma (um tipo de cacto), são muito mais eficientes como forrageiras (usadas para alimentar o gado), por exemplo, do que as gramíneas exóticas que foram instaladas na região.
Outro problema é que ainda se insiste em plantar algumas culturas que não estão adaptadas. Em vez de lidar com milho, arroz, feijão e soja, é possível trabalhar com mandacaru, xique-xique e sorgo. Para alimentação da população, podem ser aproveitadas algumas leguminosas como catingueira, jurema, angico, e frutos como umbu, juazeiro, quixabeira, maracujá-do-mato, aroeira. Apesar de até serem apreciados pela população, esses alimentos não têm cultivo domesticado, o que inviabiliza sua comercialização. “Algumas dessas alternativas são conhecidas há anos, mas ainda faltam incentivos para sua produção em larga escala”, afirma Yedo Sá, da Embrapa Semi-Árido.
Pesquisadores desta unidade da Embrapa lembram ainda que há uma espécie rústica de algodão, bastante semelhante ao algodão comercial, que poderia competir com ele no mercado. Eles investigam também variantes de mandioca mais resistentes à seca que poderiam ter o plantio incentivado, na falta do cultivar mais comercial. Voltar

Melhoramento genético e transgenia

Paralelamente aos estudos com atividades de mitigação, estão sendo desenvolvidos em laboratório variantes genéticas de soja, milho, feijão, café, mandioca e algumas frutas mais tolerantes às altas temperaturas e ao déficit hídrico. Os estudos estão avançados, mas é preciso ponderar que, mesmo que eles resultem em plantas mais resistentes, o melhoramento genético tradicional tem um limite. Considera-se que as alterações são capazes de fazer frente ao problema até um aumento médio de 2°C na temperatura. Valores diários de 40°C, por exemplo, impedem a realização de fotossíntese. Uma alternativa a essa limitação do melhoramento genético tradicional podem ser os chamados “transgênicos de segunda geração”. Em vez de serem apenas tolerantes a herbicidas ou resistentes a insetos, como os transgênicos hoje existentes, os novos cultivares geneticamente modificados seriam mais adaptados aos estresses ambientais. A proposta visa buscar na natureza plantas naturalmente mais tolerantes a altas temperaturas e à deficiência hídrica e se apropriar de sua genética para produzir cultivares agrícolas mais resistentes.
A Embrapa Cerrados está analisando espécies típicas do bioma que são mais adaptadas às variações de temperatura e de chuva características da região. Os pesquisadores já identificaram cinco plantas (pau-terra da folha grande, pau-terra da folha miúda, pacari, faveiro e sucupira preta) que ocorrem em mais de 80% do bioma, o que sugere uma alta capacidade adaptativa. O próximo passo é isolar os genes que lhes conferem essas características. Estudos semelhantes também estão sendo planejados para a Caatinga. Esse valor da biodiversidade dos dois biomas é um argumento a mais para que se evite seu desmatamento.

Fonte  http://www.agritempo.gov.br/



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