sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Brasil é líder mundial no setor de agroenergia

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Brasil produz 85% de toda a energia limpa do mundo e biocombustíveis são destaques
A agroenergia é responsável por cerca de 32% da energia ofertada no Brasil, o que coloca o país na liderança mundial do setor. Quase 48% do total de energia ofertada é obtida de fontes renováveis, como a biomassa, a energia hidroelétrica e os biocombustíveis. A situação brasileira destaca-se no cenário internacional, pois 85% da energia consumida no mundo vem de fontes não-renováveis, que se encontram na natureza em quantidades limitadas e se extinguem com a utilização. Uma vez esgotadas, as reservas não podem ser regeneradas, como o petróleo, o gás-natural e o carvão mineral.

O Brasil conta com características que favorecem a liderança no setor, como a grande extensão territorial e os recursos naturais que possibilitam ampliar a produção de insumos energéticos provenientes da biomassa. Os avanços na substituição de combustíveis fósseis por biocombustíveis, como o etanol e o biodiesel, servem de modelo para outras nações.

Os biocombustíveis são derivados de biomassa renovável que podem substituir, parcial ou totalmente, combustíveis derivados de petróleo e gás natural em motores a combustão ou em outro tipo de geração de energia. Os dois principais biocombustíveis líquidos usados no Brasil são o etanol, extraído de cana-de-açúcar, e o biodiesel, produzido a partir de óleos vegetais ou de gorduras animais e adicionado ao diesel de petróleo em proporções variáveis. Os dois emitem menos compostos químicos poluidores do que os combustíveis fósseis no processo de combustão dos motores. Além disso, o processo de produção é mais limpo.

Vantagens
A adoção do etanol é considerada um dos principais mecanismos de combate ao aquecimento global, pois reduz as emissões de gás carbônico (CO2). Parte do CO2 emitido pelos veículos movidos a etanol é reabsorvido pelas plantações de cana-de-açúcar. Isso faz com que as emissões do CO2 sejam parcialmente compensadas. O etanol pode ser produzido a partir de diversas fontes vegetais, mas a cana-de-açúcar é a que oferece mais vantagens energéticas e econômicas.

Os automóveis que circulam no país usam dois tipos de etanol combustível: o hidratado, consumido em motores desenvolvidos para este fim, e o anidro, que é misturado à gasolina, sem prejuízo para os motores, em proporções que podem variar de 18% a 25%.

Na comparação com o diesel de petróleo, o biodiesel também tem significativas vantagens ambientais. Estudos do National Biodiesel Board (associação que representa a indústria de biodiesel nos Estados Unidos) demonstraram que a queima de biodiesel pode emitir em média 48% menos monóxido de carbono; 47% menos material particulado (que penetra nos pulmões); e 67% menos hidrocarbonetos.

O biodiesel é um combustível produzido a partir de óleos vegetais ou de gorduras animais. Dezenas de espécies vegetais presentes no Brasil podem ser usadas na produção do biodiesel, entre elas soja, dendê, girassol, babaçu, amendoim, mamona e pinhão-manso. Desde 1º de janeiro de 2010, o óleo diesel comercializado em todo o Brasil contém 5% de biodiesel. O Brasil está entre os maiores produtores e consumidores de biodiesel do mundo, com uma produção anual, em 2010, de 2,4 bilhões de litros e uma capacidade instalada, de 5,8 bilhões de litros.

Empresa de energia lucra com preservação do meio ambiente

Grupo Balbo, no interior paulista, é pioneiro no setor com a utilização de bagaço de cana para geração de bioeletricidade

por Texto Janice Kiss | Fotos Ernesto de Souza e Manoel Marques
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A Usina São Francisco e sua vizinha Santo Antônio, em Sertãozinho (SP), se abastecem de energia limpa gerada na indústria
Não é tão distante o tempo em que o bagaço e a palha da cana-de-açúcar não passavam de estorvo nas usinas. O primeiro resíduo costumava ser usado como ração animal ou apodrecia no canavial, e apenas parte da palhada era reaproveitada para proteger o solo no plantio direto, técnica que reveste a terra para ela não ficar exposta à erosão e à perda de nutrientes. Mas, há 24 anos, as usinas Santo Antônio e São Francisco, em Sertãozinho, no nordeste de São Paulo, foram pioneiras ao mostrar para o país que esses renegados materiais tinham muito valor, especialmente o bagaço. Cerca de 900 mil toneladas dele permitem que as propriedades sejam autossuficientes em energia, com a geração de 50 mil quilowatts-hora. O diretor industrial Jairo Balbo trabalhava há oito anos na empresa – tempos depois, transformada em Organização Balbo – quando a família decidiu parar de desperdiçar tamanho potencial. “Nunca foi segredo que essa biomassa é uma poderosa fonte de energia”, comenta.

Pode não haver mistério, mas o rico subproduto da cana ainda está longe de alcançar nobre utilização. Apenas 129 usinas das 432 instaladas no país empregam tal tecnologia. Segundo Suleiman José Hassuani, pesquisador do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), em Piracicaba (SP), os principais entraves estão no investimento para a troca das caldeiras de 20 bar (medida de pressão) para as de 65 bar, eficientes para esse tipo de produção por conta da alta pressão do equipamento; e no preço pago pelos leilões do governo federal (o mais recente foi de R$ 100 por megawatt-hora), distantes dos R$ 200 do custo de produção bancados pelo agricultor. Conforme dados da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), apenas 2% do consumo nacional de energia é suprido pela bioeletricidade. Porém, a entidade não perde o otimismo ao projetar o aumento desse percentual para 15% até 2020, equivalente ao potencial de três usinas de Belo Monte.
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Jairo Balbo, diretor, participa das inovações nas usinas. A cogeração de energia foi uma das primeiras inovações
Jairo Balbo comenta que tais desvantagens iniciais nunca impediram que a empresa, fundada em 1946, financiasse suas próprias mudanças. Segundo ele, o pai, Menesis, falecido há quatro anos, era o grande incentivador de novos projetos, porque nunca acreditou que somente a cana pudesse ser extraída de um canavial. “A filosofia dele era sempre agregar valor”, relembra. Talvez seja por isso que, em 1958, a família começou a fabricar etanol, quase 20 anos antes do lançamento do programa Pró-Álcool, e, em 1987, se enveredou pela produção de energia com venda de excedente (atuais 34 mil quilowatts- hora) para a distribuidora Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL), capaz de atender a uma cidade de 500 mil habitantes – do tamanho de Ribeirão Preto –, excluindo o horário de pico, das 18h às 21h. “Não havia sequer legislação na época que regulamentasse esse tipo de fornecimento”, lembra Jairo. A eficiência das duas usinas implicou na fundação da Bioenergia Cogeradora S/A, empresa do grupo para administrar esse ramo de atividade.

O uso da energia que não polui o meio ambiente fez com que mais uma vez a família fosse líder em inovação. A Bioenergia já vendeu R$ 5 milhões em créditos de carbono para a União Europeia. Esse mercado nasceu com o Protocolo de Kyoto, tratado internacional que permite que países desenvolvidos compensem suas emissões de gases de efeito estufa por meio de projetos elaborados por nações em desenvolvimento, desde que todos eles sejam signatários do acordo. Além da eletricidade, a avaliação das atividades nas usinas como um todo pesaram na aprovação desse projeto pelo Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), ligado às Organizações das Nações Unidas (ONU). A liberação de gás carbônico (CO2), resultado da movimentação de máquinas agrícolas e da indústria, é praticamente nula. Os canaviais sorvem cerca de 30 mil toneladas desse gás de efeito estufa.
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Passarada, macacos e uma riqueza de insetos amigos da plantação foram identificados por um projeto que rastreou a biodiversidade da plantação
A conciliação entre natureza e agronegócio se estende por 14 mil hectares de cana-de-açúcar orgânico, considerado o maior plantio do gênero no mundo. Batizado de Projeto Cana Verde, com início em 1986, o grupo tornou-se o maior exportador desse tipo de açúcar (recebeu o nome de Native), com produção de 65 mil toneladas e presença em 65 países. Segundo Jairo, a revolução na empresa teve mais uma vez o apoio incondicional do pai e a dedicação apaixonada do primo, Leontino Balbo, responsável pela área. “A mudança valorizou nosso negócio”, diz. Jairo não se esquece da década de 1980, marcada pelos baixos preços do açúcar, alta dos insumos agrícolas e oscilações no mercado internacional. “Foram os piores anos de resultados para a empresa”, diz. Quem vê hoje a Native na lista dos 29 negócios considerados inspiradores para a economia verde, segundo a ONU, não pode supor a infinidade de desafios enfrentados em uma época em que a sustentabilidade não passava de ideal de comunidades hippies.

A primeira transformação foi implantar a colheita mecanizada no lugar da queima. Naquela época, eliminar o fogo do canavial era considerado um ato de insensatez, já que não havia sequer colheitadeiras apropriadas. O primo de Jairo deu um jeito e adaptou uma máquina tradicional para ela cortar, aspirar e depositar a cana no caminhão. Tempos depois, o protótipo criado na Usina São Francisco deu origem à primeira colheitadeira brasileira de cana verde. A ausência da queimada logo criou um ambiente fértil para a proliferação de insetos, que se alimentavam da cana com fome de leão. O contra-ataque veio por meio do emprego de uma das práticas do manejo integrado de pragas (MIP), com a liberação no ambiente da vespa Cotesia flavipes, que se alimenta da broca, larva que roe a cana.
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O potencial energético do bagaço da cana começou a ser testado pelo Grupo Balbo há mais de duas décadas
Para José Roberto Parra, que coordena o laboratório de MIP da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), em Piracicaba (SP), o manejo implantado no país há 40 anos foi uma resposta da comunidade científica ao uso indiscriminado de agrotóxicos, que tornam os insetos mais resistentes, contaminam alimentos e o lençol freático. “Quando 3% da lavoura de cana estiver infestada pela broca, o produtor solta 6 mil dessas vespinhas por hectare. Aí é esperar que elas façam o serviço”, explica. O eficiente inseto foi capaz de reduzir as perdas nas lavouras de todo o país – que, na década de 1980, chegavam a US$ 100 milhões por ano e agora não passam de US$ 20 milhões. O Brasil conta hoje com 80 laboratórios, que produzem um exército de 60 bilhões de vespas, liberadas anualmente em 3,5 milhões de hectares, quase metade da área total de canaviais.

As práticas agrícolas do Projeto Cana Verde se associam a outras parcerias com o meio ambiente. A rotação de culturas com crotalária controla os nematoides. O solo vivo é alimento para os milhões de minhocas que o tornam mais fértil, aerado e bem estruturado. E há ainda a fixação biológica de nitrogênio, comum também na sojicultura. Conforme o pesquisador Gustavo Xavier, da Embrapa Agrobiologia, em Seropédica (RJ), as bactérias da família Rhizobiaceae presentes naturalmente nessas lavouras são potenciais fixadoras desse elemento, que atua em todas as fases da planta – crescimento, floração e frutificação – e as fortalece contra pragas e doenças. Elas também podem ser aplicadas na forma de inoculantes (ou sementes inoculadas), para aumentar a produtividade no campo. O uso dessa técnica proporcionou economia de US$ 6 bilhões por ano com fertilizantes nitrogenados ao país. O produto foi um dos pilares da Revolução Verde, que deu à agricultura escala industrial no século passado, mas pouco se comenta sobre o problema ambiental que causa ao se infiltrar invisivelmente no solo, na água e no ar todos os dias.

Jairo Balbo comenta sobre outros exemplos adotados em favor da sustentabilidade nas usinas. A vinhaça é usada na fertirrigação das lavouras – no passado, o setor canavieiro costumava lançá-la como efluente nos rios, o que poluiu águas e atingiu o lençol freático em algumas regiões – e a água utilizada para lavar pisos, equipamentos, etc. é proveniente de reúso. Segundo André Elias Neto, pesquisador do CTC, esse reaproveitamento é feito em quase todo o segmento e representa um avanço e tanto se comparado os atuais um a dois metros cúbicos de água gastos, por tonelada, de cana processada com os 20 metros cúbicos de 40 anos atrás. Ele destaca, ainda, o uso de outro importante resíduo nos plantios de cana-de-açúcar: a torta de filtro, rica em cálcio e fósforo, tornou-se um importante recurso para a adubação junto com a foligem obtida por meio da lavagem das caldeiras.

Apesar de Jairo Balbo estar ligado à produção industrial das usinas, ele não perde o encanto pela agricultura – afinal, é engenheiro agrônomo de formação. Ele esteve ao lado da decisão do grupo quando o a empresa quis dimensionar o tamanho da biodiversidade dos canaviais. Um programa feito com a Embrapa Monitoramento por Satélite, em Campinas (SP), implantou o rastreamento da fauna nas usinas. Os satélites radiografaram os animais que adotaram as lavouras de cana-de-açúcar como moradia fixa ou temporária. Os resultados apontaram a presença de 340 espécies (entre anfíbios, répteis e mamíferos) e cerca de 70% delas são raras, como o tamanduá-bandeira, o mão-pelada e o veado-catingueiro. A vida delas é assegurada por conta dos corredores ecológicos (áreas que unem os remanescentes florestais), da preservação de rios e nascentes e do plantio de 1,2 milhão de mudas de árvores. Para ele, é a comprovação derradeira de que a natureza pode triunfar em plena área agrícola.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Fazenda se torna referência em agricultura verde

Com a integração lavoura-pecuária-floresta e o plantio direto, fazenda melhora a qualidade do solo, recupera seus pastos e se torna uma vitrine de sustentabilidade no setor

Por Texto Viviane Taguchi | Fotos Ernesto de Souza
Ernesto de Souza
Marize Porto Costa, proprietária da fazenda Santa Brigida, em Ipameri, no interior de Goiás
A pequena cidade de Ipameri, em Goiás, anda recebendo visitantes ilustres. Ex-ministros da agricultura, especialistas em meio ambiente, empresários, investidores e até vice-presidente de banco, vira e mexe, aparecem por lá. Mas a cidade não tem águas quentes, como a vizinha Caldas Novas, nem é berço de dupla sertaneja, como Goiânia, distante 190 quilômetros. O que chama a atenção de gente tão importante em Ipameri é a Fazenda Santa Brígida, outrora uma propriedade repleta de pastos degradados, baixa produtividade e altos custos – hoje, uma fazenda referência em manejo sustentável e que produz com eficiência nos 12 meses do ano, inclusive no auge da seca no Cerrado. “Isso aqui era só cupim”, resume a proprietária, a dentista Marize Porto Costa, responsável pela mudança e que até pouco tempo atrás, confessa, nada sabia sobre agropecuária. “Era como um bicho de sete cabeças”, lembra. Marize assumiu o negócio em 2002, depois de ficar viúva. Antes disso, ia muito pouco à Santa Brígida, uma fazenda de pecuária de corte com 960 hectares. “Os custos eram altíssimos e a produtividade do rebanho muito baixa. Quase me descabelei pensando em como iria pagar as contas, e tudo piorou quando vi como custava caro recuperar pastagens pelo sistema tradicional”, diz. As incertezas administrativas da doutora Marize na época deram o que falar em Ipameri. Até uma bolsa de apostas foi firmada entre os produtores da redondeza – a maioria homens -, que não botavam fé na nova fazendeira. Os desafios giravam em torno de “ou ela vende ou ela quebra”, e nunca “ela vai conseguir”.

A jogada de mestre de Marize foi procurar a Embrapa, em Goiânia, em 2005. Com a cara e a coragem, bateu na porta de Homero Aidar, chefe da Embrapa Arroz e Feijão, falecido no ano passado, e a ele contou seu dilema. “Ele me deu um livro sobre integração lavoura-pecuária (ILP), e fui me interessando pelo tema, embora sem conhecer nada sobre agricultura. Achei a teoria fantástica e percebi que havia sim uma saída mais econômica”, conta. Também foi Aidar quem apresentou Marize ao pesquisador João Kluthcouski, o João K, e aí tudo começou a mudar na Santa Brígida. “O João K disse que faríamos tudo ao contrário do que a maioria dos pecuaristas faz. Então, começamos a construir fertilidade nessas terras.” Marize acreditou que poderia dar certo e fazia tudo o que João K mandava: revirou o pasto para destruir os cupinzeiros usando tratores velhos – e, como ela mesma diz, que caíam aos pedaços; depois, corrigiu a acidez dos solos para plantar soja no pasto. Percebeu, então, que as sucatas sob rodas não dariam conta do trabalho e, de novo, foi bater na porta de alguém para pedir ajuda. Desta vez, foi na Tatu Marchesan e na John Deere. “Eu já tinha um não. No máximo, sairia de lá com um sim.” E foi o que aconteceu. Depois de contar aos diretores das revendas o que pretendia fazer na fazenda, recebeu apoio, em máquinas e implementos com desconto, para avançar com o projeto. Dos fazendeiros da região ela continuava recebendo olhares duvidosos.
Ernesto de Souza
O pesquisador João K e o corredor que integra lavoura, pecuária e floresta
Em um ano, com a venda da colheita de soja, Marize pagou parte do investimento. Na mesma área, João K plantou sorgo. Ele chama esse processo de sucessão. Quando o sorgo cresceu, o gado voltou para o pasto, engordou e saiu de novo. “Foi aí que entramos com o consórcio de braquiária e milho. Enquanto o milho crescia, a braquiária promovia a vascularização do solo, melhorando suas condições, pois suas raízes são condutoras de nutrientes”, explica João K. “Após a colheita de milho, que gerou liquidez, o gado retornou para o pasto, no inverno, e engordou com um custo baixo, em torno de R$ 1,50 por hectare por dia, enquanto no confinamento custaria R$ 6.” Roberto Freitas é o engenheiro agrônomo que acompanha todo o processo da Santa Brígida no dia a dia. Ele explica que a integração é uma evolução do Sistema de Plantio Direto (SPD), que é quando a palha permanece cobrindo o solo e outra espécie é semeada. “É um processo simples e que melhora a qualidade do solo”, diz. Segundo o agrônomo, o SPD e a ILP promovem benefícios vitais na terra, como a ciclagem de nutrientes, que ocorre por conta da grande quantidade de matéria orgânica acumulada, a formação de uma barreira natural para controlar plantas daninhas e doenças e a erosão natural, provocada por chuva e vento. “Antes, plantávamos em terras limpas. Hoje, percebemos que, quanto mais coberto o solo estiver com a palha, mais qualidade ele vai ter e menos vamos gastar.” Na Santa Brígida, o uso de herbicidas é ínfimo, já que a palha que fica no solo combate naturalmente uma série de doenças, como o mofo branco da soja. Todas as embalagens de defensivos usadas na fazenda são descartadas seguindo as regras do Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias, o Inpev. “Tudo o que entra volta para seu devido lugar”, diz Marize. Em 2011, Goiás devolveu 2,6 mil toneladas de embalagens de forma correta.
Ernesto de Souza
O descarte correto das embalagens usadas de agrotóxicos
João K explica que a ILP pode ser aplicada em qualquer região do Brasil, que tem em torno de 100 milhões de hectares de pastos degradados. “A integração não escolhe solo, clima nem tamanho de área”, diz. Segundo ele, as opções de plantios consorciados são adaptadas conforme a região e o grau de degradação do solo. “Pelo menos duas espécies se adaptam em cada região. É possível recuperar com soja, que exige um investimento maior, mas tem produtividade inicial alta, de 50 sacas por hectare, e garante liquidez. Mas há opções com arroz e feijão.” Segundo o pesquisador, existem no Brasil cerca de 3 milhões de hectares com ILP. “Ainda é pouco, mas, se inseríssemos a integração em pelo menos metade da área total de pastos degradados, o país conseguiria triplicar a produção de grãos sem avançar sobre novas áreas agrícolas”, afirma.

O primeiro ciclo de ILP na Santa Brígida está quase terminando e 600 hectares estão recuperados, 50% cultivados com soja, 50% com milho e braquiária. Na safra 2010/2011, foram colhidas 35 mil sacas de milho e 20 mil de soja. O hectare de pastagem passou a render em torno de R$ 500, enquanto que antes não passava de R$ 100. A bolsa de apostas em Ipameri perdeu força. Muitos fazendeiros tiraram o time de campo ao ver que a doutora estava pagando as contas em dia, produzindo grãos no verão e tinha pasto no inverno, coisa rara no Cerrado – e, pior, o que eles não tinham. Mas outra ideia de João K deixaria os vizinhos encafifados. Marize começaria a fazer um investimento de longo prazo: plantar floresta. “Aí que me chamaram de maluca mesmo. Eucalipto aqui era apenas para barrar vento”, lembra.
Ernesto de Souza
O rebanho da Santa Brígida retorna ao pasto no inverno para engordar a custo baixo
Por toda a fazenda existem fileiras paralelas de eucaliptos. Cada dupla de alas é separada por uma área de 24 metros na qual, no verão, tem milho e braquiária e, no inverno, pasto verde. “Em setembro, quando a seca atinge o auge, a Santa Brígida está verde, o gado gordo, se refestelando na sombra da árvore. Ele engorda em média 1,3 quilo por dia”, explica Anábio Ribeiro, gerente da fazenda. Segundo ele, com a introdução da ILPF, a propriedade passou a produzir o ano todo. “Temos nove colheitas na mesma área, em um ciclo de oito anos: colhemos grãos duas a três vezes, temos de cinco a seis safras bovinas e uma rentável colheita de madeira no final”, explica. Marize ainda não colheu a madeira, e isso vai acontecer em 2012. Se ela vender a safra como lenha, a forma menos valorizada do mercado, já terá lucro de R$ 1 mil por hectare. “Todo o ciclo tem liquidez garantida”, afirma. João K diz que o eucalipto foi escolhido pela precocidade. “Em seis anos, você colhe a madeira, mas é possível obter bons resultados com nim-indiano, mogno-africano, pinus, teca, entre outras. A diferença é o tempo de maturação.” A única restrição para as árvores é que o gado não pode pastar na área plantada no primeiro ano. “Elas estão frágeis e o gado pode pisotear ou quebrar os troncos”, diz João K.

A Santa Brígida tornou-se vitrine tecnológica e sustentável da Embrapa, e a doutora Marize passou a entender muito sobre agronegócio, embora afirme que é apenas uma aprendiz. Ela já tem outras três propriedades rurais na região e foi a primeira produtora rural a obter crédito do Programa de Agricultura de Baixo Carbono, do governo federal. O fato levou à Ipameri o vice-presidente do Banco do Brasil, Osmar Dias, e o ex-ministro da Agricultura Alysson Paolinelli, que seguiu, passo a passo, o trabalho dela para também tentar um empréstimo. E novamente o burburinho em torno da fazendeira se fez presente na cidade. Mas, desta vez, sem apostas.

Desastres naturais ameaçam o mundo que está despreparado, adverte agência britânica

O despreparo é causado pela ausência de contribuição dos países ricos O mundo está “perigosamente” despreparado para lidar com futuros desastres naturais, advertiu a agência de desenvolvimento internacional da Grã-Bretanha. A agência britânica informou que o despreparo é causado pela ausência de contribuição dos países ricos ao fundo de emergência mundial.

O fundo de emergência é uma iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU), criada como resposta a tsunamis, com o objetivo de auxiliar regiões afetadas por desastres naturais.

De acordo com informações de funcionários da ONU, o fundo emergencial sofre com um déficit equivalente a R$ 130,5 milhões para 2012.

A escassez do fundo, segundo especialistas, tem relação direta com a série de tragédias naturais que ocorreram ao longo de 2011, como o tsunami seguido por terremoto no Japão; a sequência de tremores de terra na Nova Zelândia, enchentes no Paquistão e nas Filipinas e fome no Chifre da África.

Ontem (26) peritos japoneses e estrangeiros concluíram que medidas de precaução adequadas poderiam ter evitado os acidentes radioativos, na Usina de Fukushima Daiichi, no Nordeste do Japão, em 11 de março deste ano. Na ocasião, um terremoto seguido por tsunami causou danos nos reatores da usina provocando explosões e vazamentos.

A conclusão foi divulgada durante um painel de peritos no Japão. Nos debates, os especialistas disseram que os acidentes demonstraram a necessidade de ampliar as medidas de prevenção referentes às ações de emergência relativas à usina. Segundo eles, houve falhas no que se refere às influências de terremotos e tsunamis na estrutura física da usina.

Eletrobras quer aumentar participação no mercado externo em 2012

A Eletrobras manterá em 2012 a estratégia de ter uma presença cada vez mais forte no exterior, processo que começou neste ano com a participação da empresa no leilão de parte das ações da companhia Energias de Portugal (EDP).

Segundo o presidente da Eletrobras, José da Costa, a participação no leilão “deu experiência maior à Eletrobras na avaliação de empresas e um conhecimento forte das legislações e aspectos regulatórios de cada país”, embora a companhia brasileira tenha perdido para o grupo Três Gargantas da China, que ofereceu o maior valor por ação. A Eletrobras ficou entre as quatro empresas classificadas para a disputa final.

Costa disse que a meta, até 2020, é “ter pelo menos 10% da receita auferida no exterior”. O principal investimento previsto pela Eletrobras no processo de internacionalização, em 2012, é a construção da Usina Hidrelétrica de Tumarin, na Nicarágua, que terá capacidade para gerar 253 megawatts (MW) de energia. A obra tem custo estimado em US$ 900 milhões. Outro projeto que poderá ter continuidade é o da Usina Hidrelétrica de Inambari, no Peru.

O presidente da Eletrobras também destacou a construção de 500 quilovolts de linhas de transmissão interligando o Uruguai e o Brasil, que está em andamento, com previsão de estar operando no final de 2012. E existe ainda a possibilidade de a Eletrobras trabalhar em conjunto com a Argentina nos projetos hidrelétricos de Garabi e Panambi. A companhia está enviando equipe às Guianas para fazer um levantamento de oportunidades de negócios.

Ainda como parte da estratégia para o ano que vem, a empresa vai monitorar o andamento do plano diretor que padronizou o estatuto de todas as empresas do Sistema Eletrobras, para acompanhar o cumprimento das metas. O monitoramento das ações começará em fevereiro. Depois da padronização ocorrida neste ano, a empresa criará em 2012 comitês de apoio aos conselhos de administração.

Costa afirmou ainda que a Eletrobras está se preparando para o cenário de negócios a curto prazo, embora o governo ainda não tenha definido o que será feito a partir de 2015, quando vence grande parte das concessões do setor elétrico. “A Eletrobras está se preparando para todos os cenários, incluindo a prorrogação das concessões ou sua relicitação”, disse. Na avaliação de Costa, o processo apresenta um complicador que é o fato de muitos contratos vencerem em 2012.

Ao fazer um balanço de 2011, o presidente da Eletrobras disse que o sistema se consolidou com várias ações na área de geração de energia – com a instalação de usinas hidrelétricas e eólicas –, de transmissão e distribuição. Nessa última, a empresa investiu R$ 1 bilhão neste ano, com o objetivo de melhorar a confiabilidade e a qualidade do sistema.

Segundo Costa, a empresa reduziu os prejuízos de R$ 1,5 bilhão em termos operacionais, registrados em 2010, para cerca de R$ 1 bilhão este ano. Em 2012, os prejuízos deverão somar R$ 600 milhões e, de acordo com ele, a Eletrobras reduzirá as perdas para R$ 300 milhões, em 2013. E, para 2014, os planos são de lucro para as empresas distribuidoras.

Na foto, José da Costa, presidente da Eletrobras

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Fiscalização apreende pescado irregular na Baixada Cuiabana

A Coordenadoria de Fiscalização de Pesca e Tráfico de Animais Silvestres, da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), apreendeu na última segunda-feira (26.12), 23 quilos de pintado e uma rede. A operação aconteceu no bairro Engordador, em Várzea Grande. Segundo informações dos fiscais, duas pessoas foram pegas e conduzidas para a Delegacia Especializada de Meio Ambiente (Dema) onde prestaram esclarecimentos. Os homens foram presos em flagrante. A fiança foi arbitrada em R$ 5 mil.
Esta foi a terceira apreensão realizada pela equipe de fiscalização da Sema nos últimos dias. No dia 23, às 8 horas, numa barreira móvel na estrada que liga Várzea Grande ao distrito de Valo Verde, os fiscais localizaram em um veículo Logan 65 quilos de pescado irregular das espécies cachara e pintado. Todos os peixes estavam sem cabeça, o que segundo o coordenador de Fiscalização, Carlos Roberto Pires Cesário caracteriza a prática de crime ambiental.
O pescado foi apreendido e o condutor do veículo encaminhado a Delegacia da Polícia Judiciária Civil de Várzea Grande onde foi autuado em flagrante por crime ambiental, em R$ 4.800,00.
No mesmo dia, às 10 horas, no município de Poconé (104 Km ao Sul de Cuiabá), os fiscais localizaram em uma residência 80 quilos de pescado irregular das espécies pintado, cachara e jaú. O infrator foi conduzido para a Delegacia do município e autuado em R$ 6 mil.
No total, nos últimos cinco dias já foram apreendidos, em operações de rotina na Grande Cuiabá, 168 quilos de pescado irregular.

TURISTAS PSICOCÊNTRICOS E O MEIO AMBIENTE

Por: » LINDEMBERG MEDEIROS DE ARAUJO – geógrafo, professor da Ufal e doutor em planejamento turístico
Há diversos tipos de turistas dentre os milhões de visitantes que enxameiam o litoral nordestino a cada ano. As tipologias são definidas por aspectos sociais, culturais, ideológicos, políticos e filosóficos, com repercussões diretas no comportamento do indivíduo.

Os cientistas que estudam o fenômeno turístico cunharam o termo “psicocêntrico” para um determinado tipo de turista. O psicocêntrico tende a ser conservador, perdulário no uso dos recursos naturais e negligente com o meio ambiente.

Nas destinações, esse tipo de turista prefere ir às praias, às piscinas naturais e gosta de se hospedar em grandes hotéis ou em resorts. Prefere comer nos McDonald’s da vida, gosta de refrigerantes e de comida industrializada, servida em franquias padronizadas. Tende a ignorar a cultura local e o povo dos lugares visitados. Ignora as bebidas, a música, as danças e o folclore regionais.

É o tipo de turista que alimenta os peixes nas piscinas naturais, usa água em excesso e joga lixo no chão. Apesar de reconhecer, no discurso, a importância do meio ambiente, o psicocêntrico ainda não internalizou uma atitude correspondente.

As multidões de turistas que visitam nosso estado são um presente para nossa combalida economia. Mas também são, por assim dizer, um magnífico presente de grego. Assim como no caso do famoso Cavalo de Troia, que trazia guerreiros inimigos escondidos nas suas entranhas, as legiões de turistas psicocêntricos representam uma séria ameaça ao nosso meio ambiente. Por isso, está posto o desafio às secretarias municipais e estadual de turismo, ao Ministério do Turismo e aos órgãos oficiais de meio ambiente municipais, estadual e federais.

Admiro o esforço dos servidores públicos das pastas de Turismo e de Meio Ambiente, que não raro, desprovidos das condições mínimas necessárias ao bom desempenho de suas funções, continuam como bons guerreiros lutando para que o desenvolvimento sustentável, com base no turismo, possa ser realmente alcançado.

Em geral, a infraestrutura e as condições operacionais dos órgãos de meio ambiente em que trabalham, nos três níveis político-administrativos, estão a anos-luz daquilo que seus servidores precisam.

Senhores prefeitos, senhor governador e senhora presidenta, os órgãos de meio ambiente precisam muito mais para que a galinha dos ovos de ouro da vez - o turismo - não se transforme em mais um patinho feio, com a degradação do nosso ainda atrativo ambiente litorâneo.

Secretaria de Meio Ambiente fecha quatro postos de combustíveis irregulares

Uma operação da Secretaria de Meio Ambiente do Recife pretende interditar na manhã desta terça-feira quatro postos de combustíveis instalados na cidade. Os estabelecimentos deverão ter as atividades no ramo de combustíveis encerradas definitivamente e não cabe mais recurso da decisão.
Todos os postos já haviam sido notificados sobre as irregularidades. A equipe de fiscalização que atua na Operação Posto Legal parte da sede da Secretaria de Meio Ambiente, na Rua Fernando César, na Encruzilhada.

Vale busca licenças para 37 projetos

A Vale tem hoje uma carteira de 37 projetos de investimento com entraves devido a dificuldades de licenciamento ambiental. Vânia Samovilla, diretora executiva de RH, Saúde e Segurança, Sustentabilidade e Energia, que responde pela área de meio ambiente da empresa, tem um grande desafio em 2012. Avançar na concessão do licenciamento para tirar do papel planos que somam várias dezenas de bilhões de dólares.

Desses projetos, a executiva aponta pelo menos seis, os quais atingem US$ 25,7 bilhões. O Carajás Serra Sul, para produzir 90 milhões de toneladas de minério de ferro ao ano, lidera a lista com investimento de US$ 8 bilhões. Não menos importante é a obra para elevar em 150 milhões de toneladas a capacidade da Estrada de Ferro Carajás e de embarque do porto de Ponta a Madeira, em São Luís (MA) - US$ 3,4 bilhões. Em Minas, o projeto Apolo, também de ferro, esta preliminarmente orçado em US$ 2 bilhões.

No exterior, a Vale trabalha nos licenciamentos do projeto de potássio de Rio Colorado, na Argentina, avaliado em US$ 5,9 bilhões, e na expansão do projeto de carvão de Moatize, em Moçambique, onde serão aplicados mais US$ 2 bilhões. nesse país, o Corredor de Nacala, infraestrutura de porto e ferrovia a ser conectada a Moatize, vai exigir US$ 4,4 bilhões.

Vânia, em entrevista ao Valor, apontou o risco ambiental como o maior obstáculo à execução dos projetos de mineração da companhia. Para lidar com isso, ela fez previamente um levantamento "para ver onde estava pegando" e descobriu que a maioria das pendências era interna, e não externa. "O que trouxemos de inovação foi passar a tratar o meio ambiente da mesma maneira que a tratamos a engenharia", disse a executiva, que é engenheira.

"Uma empresa de engenheiros trabalha o projeto em nível de detalhes, mas o meio ambiente, ás vezes, não faz isso. É a cultura do mundo achar que meio ambiente é coisa meio burocrática", critica.

Para melhorar a eficiência da Vale nessa questão, Vânia optou por integrar equipes das áreas ambiental e operacional de desenvolvimento de projetos. Não satisfeita, criou um Guia das Melhores Práticas para Licenciamento Ambiental (livro bem detalhado que indica os procedimentos no encaminhamento do pedido a órgãos ambientais das várias etapas de licenciamento prévio, de instalação e de operação). E buscou maior interação com agências ambientais.

Também montou equipe de assessoramento de especialistas altamente qualificados: Beto Veríssimo, do Imazon, Tasso Azevedo, que presidiu o Serviço Florestal Brasileiro e consultores que ajudam a Vale a aprofundar a discussão estratégica da sustentabilidade. "Hoje, é inconcebível que uma empresa se permita ser destruidora da natureza", declara.

O "pulo do gato" nessa reestruturação foi a criação do Comitê Executivo de Licenciamento Ambiental para tornar mais ágeis as decisões internas. "Uma das funções do comitê é acompanhar os processos para que as decisões sejam tomadas mais rapidamente e não fiquem na gaveta", informou.

O comitê, criado em 2010, é formado por Vânia - coordenadora - e três diretores-executivos: José Carlos Martins, de operações integradas; Humberto Freitas, de logística e pesquisa mineral; e Galib Chaim, de implantação de projetos de capital. O grupo se reúne uma vez por semana e define prioridades, ou seja, os projetos mais importantes com gargalos no licenciamento. E acompanha cada um semanalmente.

No momento, seu foco são dois projetos gigantes de ferro no Brasil - Carajás Serra Sul e Apolo. O Serra Sul é "a menina dos olhos" da Vale, pois é o maior de minério de ferro em início de execução. Neste ano, foram US$ 794 milhões em trabalhos de terraplenagem, enquanto a licença prévia não sai. Faz parte do plano de investimento de 2012, que totaliza US$ 12,9 bilhões.

Projetado para iniciar operação em 2013, Serra Sul, segundo Vânia, sofreu adiamento para 2016 devido ao gargalo ambiental. Ela admite, porém, que o projeto tinha estudos incompletos, erro no EIA-Rima e no meio do processo de licença surgiram problemas com as cavernas existentes na região. "Tivemos que correr atrás disso". Na lei atual, caverna em área de mineração tem de ser preservadas, mas nova regulamentação discute o assunto e pretende flexibilizá-lo.

No fim de outubro, a Vale protocolou os últimos estudos do Serra Sul. "Como é um projeto dentro da Flona (Floresta Nacional de Carajás), tem que ter o parecer do CnBio (Instituto Chico Mendes)". Vânia tem expectativa de parecer do CnBio no início de janeiro e espera a licença prévia no primeiro semestre de 2012.

Apolo é o segundo projeto em importância, mas com solução mais complicada, segundo a executiva. A Vale já entrou com pedido de licenciamento na secretaria ambiental de Minas, mas a questão é a futura demarcação do parque Gandarella, onde está localizado. Há um plano de criar um parque nacional na área, próxima a Caeté e Ouro Preto. O caso está em discussão há alguns anos. Há entidades ambientais que alegam ser impossível conciliar o parque com a atividade mineral. "Acreditamos que é possível criar o parque e minerar. A atividade econômica local é a única forma de preservar e de mantê-lo", argumenta Vânia.

O futuro parque da Gandarella não tem ainda nenhum perímetro definido, informou Paulo Sergio Machado Ribeiro, subsecretário de Desenvolvimento Minerometalúrgico e Política Energética de Minas Gerais. Em novembro foi criada uma comissão pelo governo mineiro e Instituto Chico Mendes para definir o assunto. Segundo Ribeiro, terá 30 dias para dar um parecer sobre o destino da Gandarella e a secretaria quer colocar todos os interessados juntos para discutir qual a unidade de conservação ambiental será implantada ali e se essa unidade vai permitir ou não atividade econômica no local.

Segundo ele, as unidades de conservação do tipo flona e apa (área de proteção ambiental) permitem atividade econômica na área onde será demarcado o parque. Já a classificação de reserva ecológica não permite exploração econômicas. A comissão é que vai definir o destino da Gandarella e, consequentemente, do Apolo, orçado em U$ 2,2 bilhões e com produção estimada de 24 milhões de toneladas/ano de minério de ferro.

Além desses dois projetos, Vânia cita como prioridades do comitê a duplicação da Ferrovia Carajás, o M5Sul, uma ampliação de Carajás, de US$ 2,9 bilhões. "Toda semana, discutimos esses projetos, todos acima de US$ 1 bilhão", observou a executiva. Dos 37 listados, o critério da Vale, em valor (piso), é de US$ 500 milhões ou relevância estratégica do projeto, como as térmicas de Vitória (ES) e de Moçambique, além da segunda etapa de ampliação do projeto de carvão moçambicano de Moatize, de U$ 2 bilhões, e a ferrovia conhecida como Corredor de Nacala, cujo investimento supera US$ 4 bilhões e que vai levar o carvão até o porto de Nacala-à-Velha, na província de Nacala.

O projeto de potássio Rio Colorado também é acompanhado pelo comitê. Ele atravessa cinco províncias argentinas e envolve extração de potássio em Mendonza e construção de ramal ferroviário de 350 km e um terminal marítimo em Baía Blanca.

A maioria dos projetos com pendência ambiental está no país, mas há pelo menos dez fora do Brasil. Ela lembra que as leis ambientais diferem em cada país, mas confia que a estrutura que criou e os contatos que tem mantido com órgãos ambientais, como o Ibama, vão possibilitar que alcance sucesso para tirar todos do papel.

Fonte: Valor Econômico/Por Vera Saavedra Durão | Do Rio

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Jornal Meio Ambiente

Portal. 
www.jornalmeioambiente.com

Reposta ao laudo da PF sobre o assassinato do cacique Nisio

As manifestações públicas das lideranças do povo Guarani e Kaiowá, nas últimas três décadas, ocorreram através da grande assembléia Guarani e Kaiowá Aty Guasu. Assim, destacamos que ao longo da década 1990, frente às violências adversas contra povo indígena, as narrações ou versões das lideranças indígenas em parte foram e são distorcidas e ignoradas pelas autoridades brasileiras. 

A historiografia oficial registra que entre décadas de 60 e 80, os fazendeiros recém-assentados, aliados ao poder político da região Cone Sul e à ditadura então em vigor, começaram expulsar e dispersar de forma violenta as famílias grandes guarani-kaiowá dos seus territórios tradicionais tekoha guasu. Os atos etnocidas eram considerados pelas autoridades federais como normais/naturais, culpando e criminalizando os índios, fato que perdura até hoje. Diante desses atos truculentos dos poderes políticos e fazendeiros, na década 80 emergiu a grande assembleia guarani e kaiowá, Aty Guasu. 

O objetivo da Aty Guasu foi e é o de fazer frente ao processo sistemático de etnocídio/ genocídio, violências e a expulsão forçada das famílias extensas indígenas do seu território tradicional. Além disso, os membros-conselhos de Aty Guasu investigam e relatam todos os fatos violentos praticados contra os integrantes do povo Guarani-Kaiowá, convocando/intimando os membros indígenas violentados para narrar os fatos verídicos no seio da assembleia Aty Guasu. Os indígenas devem narrar e reproduzir os episódios-ataque dos pistoleiros, de modo repetitivo, a todas as lideranças do povo Guarani e Kaiowá. Neste momento de Aty Guasu, os membros guarani e kaiowá violentados foram e são interrogados publicamente por várias lideranças. Essa sessão de depoimento dos indígenas violentados intimados pelos conselhos da Aty Guasu é justamente para analisar os depoimentos dos próprios indígenas e concluir publicamente os fatos ocorridos pela assembleia da Aty Guasu. 

Da Aty Guasu participam hoje centenas de lideranças guarani-kaiowá que investigam, interrogam e aprovam os depoimentos dos indígenas violentados durante os ataques praticados pelos pistoleiros em todas as regiões do Cone Sul de MS. É importante se observar que, entre essas lideranças-investigadores de Aty Guasu, estão indígenas graduados e pós-graduados em universidades públicas, portanto utilizam diferentes métodos e técnicas de investigações científicas conforme os fatos ocorridos. Somente depois disso foram e são feitas as denúncias dos crimes variados contra o povo Guarani-Kaiowá. No que diz respeito ao xamã Nisio Gomes, nós lideranças-investigadores da Aty Guasu investigamos rigorosamente o caso do líder xamã Nisio Gomes, ouvimos em detalhe todos os rezadores, parentes, irmãos (ãs), filhas (os), netos (as) de modo repetitivo, na grande assembleia Aty Guasu. A partir de todos os depoimentos ouvidos e analisados no seio da Aty Guasu concluímos que a liderança religiosa Nisio Gomes de fato foi massacrado, assassinado e levado do tekoha Guaiviry no dia 18/11/2011 pelos pistoleiros das fazendas. Esta é conclusão definitiva que prevalece entre nós todos, os povos Guarani e Kaiowá.

Via Brasil de Fato

Proposta cria controle da produção e consumo de agrotóxicos

Editora Globo
Tramita em caráter conclusivo na Câmara, um projeto que cria o controle da produção e do consumo de agrotóxicos por meio de vigilância eletrônica e sanitária. Pela proposta (Projeto de Lei 1950/11), de autoria do deputado Amauri Teixeira (PT-BA), a ação será realizada por meio de um sistema de identificação dos produtos, prestadores de serviços e usuários, com o emprego de tecnologias de captura, armazenamento e transmissão eletrônica de dados. O sistema abarcará ainda os demais tipos de movimentação previstos pelos controles sanitários, que notificará de forma compulsória qualquer contaminação por agrotóxicos.

A proposta determina que  a vigilância sanitária implante o sistema de controle no prazo de três anos. O órgão deverá estabelecer listas informando quais são os agrotóxicos de venda livre; de venda sob controle de uso e retenção da prescrição; e de venda sob estrita responsabilidade do técnico agrícola responsável, sem retenção de prescrição de uso.
O projeto torna ainda obrigatória a revisão da autorização para uso e produção de agrotóxicos a cada cinco anos. “A iniciativa legislativa prevê dotar para o manuseio de agrotóxicos procedimento semelhante aos medicamentos controlados”, explica o deputado Amauri Teixeira.
O projeto será examinado pelas comissões de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural; e Constituição e Justiça e de Cidadania.

Etanol brasileiro terá livre acesso aos EUA em 2012

Abertura ocorre depois de mais de 30 anos de protecionismo norte-americano ao biocombustível

por Globo Rural On-line
Niels Andreas
Etanol brasileiro poderá ser exportado aos Estados Unidos. O problema será produzir o bastante para abastecer os mercados doméstico e externo com folga
Pela primeira vez em mais de três décadas de forte apoio governamental à produção doméstica e elevadas tarifas contra importações, o mercado dos Estados Unidos finalmente vai se abrir para o etanol brasileiro de cana-de-açúcar. A legislação americana vigente, que inclui altos subsídios para a indústria do etanol e uma pesada tarifa contra o produto importado, expira no dia 31 de dezembro. Mas, com o fim das atividades no Congresso americano para 2011 nesta sexta-feira (23/12), não haverá mais oportunidade para qualquer medida que impeça a abertura para o etanol brasileiro, a partir do primeiro dia de 2012, do maior mercado consumidor de combustíveis do mundo.

Apesar de diversas articulações pela extensão dos subsídios e da tarifa durante as últimas semanas de trabalho do Legislativo americano, prevaleceu a coalizão formada por inúmeras empresas e entidades contrárias a esses incentivos, da qual participa a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica).
Nos últimos meses, a coalizão intensificou seu trabalho contra os subsídios pagos às distribuidoras que fazem a mistura de etanol à gasolina – subsídios que custam ao contribuinte americano cerca de US$6 bilhões por ano. O trabalho também foi intenso contra a manutenção da tarifa de US$0,54 imposta por Washington sobre cada galão importado. A tarifa impedia que o etanol brasileiro chegasse ao mercado americano com preços competitivos.

“Este é o momento em que Brasil e Estados Unidos, que juntos respondem por mais de 80% do etanol produzido no mundo, devem mostrar liderança e trabalhar juntos para criar um verdadeiro mercado global para o etanol, livre de barreiras tarifárias, a exemplo do que já acontece com o petróleo. Os dois países devem dar o exemplo e incentivar o resto do mundo para que produza e utilize mais etanol,” afirma Marcos Jank, presidente da Unica.

Jank vê no fim das barreiras tarifárias nos Estados Unidos o caminho aberto para que as diferentes matérias-primas utilizadas para produzir etanol, como o milho, a beterraba e a cana, sejam avaliadas exclusivamente com base em suas características para produzir biocombustíveis eficientemente. “O que conta é o baixo uso de energia fóssil para produzir a mais elevada quantidade de energia renovável possível”, diz.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Calendário Ambiental


Janeiro
11 - Dia do Controle da Poluição por Agrotóxicos
Fevereiro
02 - Dia Mundial das Zonas Úmidas
Março
01 - Dia do Turismo Ecológico
21 - Início do Outono
21 - Dia Florestal Mundial
22 - Dia Mundial da Água
Abril
07 - Dia Mundial da Saúde
15 - Dia Nacional da Conservação do Solo
22 - Dia da Terra
28 - Dia da Caatinga
Maio
03 - Dia do Solo
03 - Dia do Pau-Brasil
05 - Dia Mundial do Campo
08 - Dia Mundial das Aves Migratórias
22 - Dia Internacional da Biodiversidade
27 - Dia Nacional da Floresta Atlântica
Junho
05 - Dia Mundial do Meio Ambiente
05 - Dia da Ecologia
17 - Dia Mundial de Combate à Desertificação e à Seca
21 - Início do Inverno
Julho
17 - Dia de Proteção às Florestas
Agosto
09 - Dia Interamericano de Qualidade do Ar
14 - Dia do Combate à Poluição
Setembro
05 - Dia da Amazônia
11 - Dia do Cerrado
16 - Dia Internacional de Proteção da Camada de Ozônio
16 - Dia Internacional para a Prevenção de Desastres Naturais
18 - Dia Mundial de Limpeza do Litoral
19 - Dia Mundial pela Limpeza da Água
21 - Dia da Árvore
22 - Dia da Defesa da Fauna
22 - Dia da Jornada “Na Cidade Sem Meu Carro”
23 - Início da Primavera
Outubro
04 a 10 - Semana da Proteção à Fauna
04 - Dia Mundial dos Animais
04 - Dia da Natureza
05 - Dia Mundial do Habitat
05 - Dia da Ave
12 - Dia do Mar
15 - Dia do Educador Ambiental
Novembro
24 - Dia do Rio
30 - Dia do Estatuto da Terra
Dezembro
                                                                    21 - Início do Verão