segunda-feira, 14 de março de 2016

Universidade incentiva projetos de cemitérios sustentáveis

Na Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, foi lançada uma iniciativa dedicada ao estudo dos cemitérios. A DeathLab, da Escola de Arquitetura, Planejamento e Preservação, é destinada à criação de projetos sustentáveis de cemitérios futuristas. Recentemente, eles divulgaram a proposta vencedora do melhor conceito deste ano: uma floresta da lembrança iluminada por estrelas. O projeto oferece uma bela maneira de homenagear nossos entes queridos e é também muito mais ecológico que as estruturas que temos hoje.

O novo conceito de cemitério, batizado de Sylvan Constellation, combina vasos – no lugar dos túmulos – com uma paisagem arborizada e iluminada a partir de fontes alimentadas com biomassa.
“A DeathLab foi criada com o objetivo de lançar projetos ambientalmente responsáveis que além de preservar nossas tradições culturais sobre a morte, também valorizem as cidades e nos lembrem da nossa responsabilidade de preservar este mundo para o futuro da humanidade”, disse Karla Rothstein, fundadora e diretora da iniciativa.

A ideia central do DeathLab é unir fé e ciência, e por meio de ideias sustentáveis encontrar a melhor forma de respeitar a espiritualidade e crenças de cada um.

Las Vegas investe em postes movidos a energia solar

Localizada no meio do deserto, a “Disney para adultos” Las Vegas decidiu aproveitar a abundância de incidência solar para iluminar suas ruas à noite. O plano só virará realidade graças ao desenvolvimento de postes inteligentes e altamente tecnológicos. As estruturas deverão ser instaladas primeiramente na Praça Boulder e poderão ganhar a cidade toda caso o experimento ocorra de acordo com o planejado.

Os postes contam com o revestimento de placas solares de alta absorção, capazes de armazenar a energia durante o dia e utilizá-la no período da noite. Além disso, o projeto prevê um sistema que consegue identificar a aproximação de um pedestre. Assim, a intensidade da luz permanece média enquanto não houver ninguém na rua, mas aumenta quando percebe a aproximação de uma pessoa.


Como se não bastasse a tecnologia sustentável, os postes possuem sensores que medem a qualidade do ar, fazem o monitoramento do trânsito e da via e detectam água. As informações são transmitidas via nuvem para uma central que une todos os dados disponíveis pela cidade. Para quem está a pé, os postes ainda oferecem wifi de graça e duas entradas USB para a recarga de celulares.

sábado, 12 de março de 2016

Chuvas deixam pelo menos 15 mortos em SP

Segundo informações do Corpo de Bombeiros, subiu para 15 o número de mortes em ocorrências causadas pela forte chuva que atingiu a região metropolitana de São Paulo, a partir da noite de ontem e durante a madrugada.
Por Felipe Pontes e Daniel Mello, da Agência Brasil – 
Quatro pessoas morreram no município de Mairiporã e outras nove morreram em Francisco Morato, todas vítimas de soterramentos, de acordo com informações atualizadas da corporação, que realizou buscas durante toda a madrugada. Em Guarulhos, duas pessoas morreram vítimas de afogamento.
No município de Francisco Morato, um deslizamento atingiu uma casa na Rua Irã, no bairro de Jardim Santa Rosa, durante a madrugada. Inicialmente, o Corpo de Bombeiros informou que três pessoas morreram no local. Informações atualizadas, no entanto, dão conta de que elas foram resgatadas com vida. Em Jardim Ângela, na capital paulista, outras quatro pessoas foram retiradas com vida de um deslizamento.
Deslizamento em Francisco MoratoImagens de divulgação/Defesa Civil-SP
Deslizamento em Francisco MoratoImagens de divulgação/Defesa Civil-SP
Os alagamentos e falhas de energia prejudicaram o funcionamento de três linhas da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). Até as 10h, a Linha 7 – Rubi tinah lentidão no trecho da Estaçaõ da Luz a Francisco Morato e estava interrompida a partir daí, no trajeto que deveria chegar a Judiaí. As linhas 8 – Diamante e 9 – Esmeralda tiveram problemas de lentidão. Porém, às 9h a CPTM anunciou que a situação da Linha Esmeralda, que liga a zona sul capital a Osasco, estava normalizada.
Prejuízos
Na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) a inundação causou perda de alimentos. Na manhã de hoje, o pavilhão das melancias ainda estava interditado. O Ceagesp informou que, quando o alagamento atingiu as áreas onde ficam os comerciantes, a equipe de fiscalização da companhia agiu para remover as pessoas do local.
“A Companhia reforça que o alagamento ocorreu por conta do volume em excesso de água, que veio do Rio Pinheiros e inundou suas galerias pluviais, que são limpas periodicamente pelo serviço de manutenção da empresa”, acrescenta o comunicado do Ceagesp.
O Rio Pinheiros também transbordou próximo à Ponte Cidade Universitária, na zona oeste, e à Ponte Engenheiro Ary Torres, na zona sul. O Rio Tietê também transbordou na altura da Ponte Dutra e Ponte do Limão, na zona norte da cidade.
Previsão
Para esta sexta-feira, o Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE) prevê a ocorrência de chuva intermitente na capital paulista. Ao longo do dia, o sol deve aparecer e elevar as temperaturas. De acordo com o CGE, “as instabilidades que atuavam na Capital Paulista já se deslocaram para o Sul de Minas Gerais, Vale do Paraíba e Rio de Janeiro”. Segundo o centro, nos próximos dias o tempo segue instável, com períodos de sol e chuvas durante a tarde.

São Paulo vai ganhar sua primeira “Floresta de Bolso”

Nesta sábado (12) um grupo de voluntários vai plantar cerca de 80 mudas de árvores e arbustos nativos da região de São Paulo. O local escolhido é o canteiro entre a Avenida Hélio Pellegrino com a Rua Clodomiro Amazonas, no bairro Vila Olímpia, onde antes havia a mata ciliar da beira do Rio Uberaba – hoje canalizado sob o asfalto da avenida -, que será recriada pela primeira Floresta de Bolso pública da cidade.
Técnica desenvolvida pelo botânico Ricardo Cardim, a Floresta de Bolso concentra grande biodiversidade e massa arbórea numa pequena área, e é uma solução ambiental importante para a cidade, pois combate ilhas de calor, umidifica e purifica o ar, preserva espécies vegetais nativas ameaçadas de extinção, resgata a biodiversidade local e fornece abrigo para polinizadores e pássaros. Além disso, transformará um espaço que atualmente é árido num local agradável para a população frequentar.
plantiocoletivo
A iniciativa está sendo protagonizada por cidadãos que desejam contribuir para a cidade se tornar mais verde, tanto é que estão oferecendo as mudas. A subprefeitura de Pinheiros apoia a ação e a empresa Farah Service será a parceira na manutenção do local. Os coletivos Novas Árvores por Aí e Muda Mooca também participarão do plantio. A atividade vai acontecer das 10 às 15h e é aberta à participação de todos os interessados.
O plantio acontecerá em esquema de mutirão durante a aula prática do curso de paisagismo ecológico ministrado por Cardim à convite do Conselho de Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Cultura de Paz (CADES) da subprefeitura de Pinheiros.

Entendendo o passado, sem aclarar o futuro

Muitas notícias nos jornais e na televisão têm tratado nos últimos dias da questão da água na Região Metropolitana de São Paulo (20 milhões de habitantes) ou no município da capital (11,96 milhões). O foco é o anunciado fim próximo da escassez, com muitas obras que aumentaram o volume captado, até no Sul do Estado, e transposto para a capital a elevados custos.
Por Washington Novaes*
Sempre é interessante verificar o que se pensava há uma década dos temas hoje centrais – embora o escritor Pedro Nava advirta que a experiência é como o farol de um automóvel virado para trás: ilumina o trajeto percorrido, mas não aclara o futuro. Mesmo porque, como têm afirmado outros pensadores, a velocidade das tecnologias e da informação hoje mostra que o que levava um século para acontecer agora acontece em uma década; o que levava uma década pode acontecer em um ano; e pode até não acontecer nada, porque a inércia de administradores públicos e da própria população paralisa todos, com frequência.
Revendo textos publicados neste espaço há uma década ou pouco mais pelo autor destas linhas mostra, por exemplo, como ainda continuam presentes temas como corrupção em obras públicas, inadequação de megaempreendimentos, insistência em projetos já condenados por tecnologias modernas ou pela Justiça. É o caso, por exemplo, do projeto de transposição de águas do Rio São Francisco (tratado neste espaço em 24/11/2006) para outras áreas do Semiárido, quando as águas do grande rio já não bastam sequer para atender às regiões historicamente supridas – porque a devastação do Cerrado baixou muito o fluxo para o São Francisco, porque os custos da transposição não param de crescer, etc. Recursos hídricos foram tema muito frequente em 2006.
Um exemplo desses temas de uma década atrás (5/5/2006) é o esquecido Cerrado, “primo pobre dos biomas brasileiros”, ou “uma floresta de cabeça para baixo”, como dizia o sábio escritor Carmo Bernardes – porque, ao contrário da Floresta Amazônica, o Cerrado tem a maior parte de sua biomassa debaixo da terra; e porque ali, no subsolo, nascem 14% das águas brasileiras, que chegam com seu fluxo a todas as grandes bacias – amazônica, do Paraná e do São Francisco. Agora, afirma o Ministério do Meio Ambiente, o Cerrado só tem estocada água equivalente a três anos dos seus fluxos; uma estiagem forte pode ter consequências graves.
Outro exemplo é o da usina nuclear de Angra 3 (também tratado aqui em 24/11/2006) – caso em que especialistas no mundo todo não se cansam de advertir para o altíssimo risco de acidentes em usinas nucleares, com custos desastrosos (inclusive em vidas humanas), e para as evidências de desvio de recursos de alto porte. Mas a obra continua aí, frequentando os meios de comunicação. Uma terceira evidência é a defasagem da matriz energética brasileira, que, no momento em que o mundo se volta para as energias renováveis (mais eficazes, mais baratas em grande parte), insiste em termoelétricas de alto custo, hidrelétricas em meio ao bioma amazônico (inconvenientes, problemáticas); e muito mais, principalmente a insistência no consumo de combustíveis fósseis, caros e altamente poluidores, afetando o clima (objeto de vários artigos no mesmo ano).
Já há mais de uma década, tema muito presente foi o da inadequação dos critérios de avaliação do estado do mundo em várias áreas (15/8/2006 e outras datas), influenciados apenas por premissas econômicas, sem olhar para aspectos sociais e culturais. Lembravam-se, na ocasião, as palavras do economista Celso Furtado, para quem grande parte das hipóteses globais das quais partem economistas são “equivocadas”, porque formuladas “a partir da observação do comportamento dos agentes que controlam os centros principais do poder; não interessa saber se aqueles que o exercem derivam sua autoridade do consenso, das maiorias ou da interação de formatos sociais que se controlam mutuamente (…) e por isso as decisões podem ser equivocadas, inadequadas ou em desacordo com os interesses sociais”. E a partir desses pressupostos, “examina o economista os critérios sobre investimentos ou de avaliação do produto interno bruto (PIB) que não levam em consideração recursos e serviços naturais. (…) Como ignorar o custo da destruição dos recursos naturais não renováveis, do solo, das florestas, da poluição das águas?”.
Na época em que Celso Furtado assim descrevia o panorama, lembrava-se também a ironia de José Lutzemberger, que dizia não haver nada melhor para o crescimento do PIB que um terremoto, que não leva em conta a destruição e contabiliza toda a reconstrução. Depois disso, citava-se no artigo o economista J. K. Galbraith, para quem “nos anos à frente deve haver algum procedimento pelo qual a ONU fortalecida suspenda a soberania de países cujos governos estejam destruindo seus povos.” Mas ele também não acertou, até aqui.
E assim vai esse olhar retrospectivo, mergulhando em muitas questões sem resposta adequada até hoje. As questões planetárias da água, por exemplo (7/4/2006), que começavam quando se lembra que 10% da humanidade ainda não recebe água tratada de boa qualidade e 2,5 bilhões de pessoas não dispõem de saneamento básico. Que mudou?
Os números estão aí, com os avanços no setor equivalendo apenas aos aumentos da população. No Brasil também os problemas continuam praticamente nos mesmo níveis: 10% sem água, quase 40% sem ligação das suas casas com as redes de esgotos.
E as questões do aquífero, esse gigantesco depósito de águas subterrâneas (mais de 40 trilhões de metros cúbicos), mas que enfrenta questões delicadas, embora já abasteça, por exemplo, cerca de 400 cidades só no Estado de São Paulo (Ribeirão Preto é uma delas, que só recebe águas subterrâneas). No país das águas (12% das águas superficiais do planeta), temos problemas como esses.
Pedro Nava tem razão. (O Estado de S. Paulo/ #Envolverde)

Um dia; sem adeus

Hoje voltei ao bar no centro de Belo Horizonte para ver se ela ainda estava lá; me esperando. Estava! Dezesseis anos depois ela ainda estava lá, com seus olhos de menina fumegando as coisas que trazia por dentro. Nas mãos os mesmos ideais e o livro com os 12 signos do zodíaco estampados na capa, em nossa juvenil busca cosmológica tentando saber uma pouco mais sobre nós mesmos. Estava confuso naquela tarde lúdica, para o encontro em local improvável, com ela repetindo o endereço pelo telefone, para minha parca compreensão de menino vindo do interior sem saber os caminhos dos encontros no centro da capital de todos os mineiros. Era no segundo andar.
Subo as escadas do tempo e me deparo com o seu sorriso, como na primeira vez, pairando por sobre as horas, por sobre as eras. Era o mesmo riso. Ela estende os braços, me toma pela mão e descortina a paisagem, apontando com o dedo o horizonte concreto: “Viu como é bonito, é diferente!”. Como poderia ver algo se apenas via a sua beleza à minha frente, se apenas enxergava seu sorriso refletido dentro de mim?! Ela espera por um segundo, sabendo que fui no mais fundo de mim para emergir e poder voltar à realidade, à lucidez do dia que me embriagava, que me aprisionava, para todo o sempre: “Érica”, esse era o nome dela, “como você descobriu isso aqui?”. “Pois é, aqui estamos no centro e podemos conversar sossegados”. E conversamos, conversamos, conversamos, nos embrenhamos em nossos segredos, em nossos mistérios. Na verdade, estamos conversando até hoje, divagando sobre os signos do zodíaco e os equívocos da vida de quem vive sem céu. Nos questionávamos, nos indagávamos, e nossa tarde se foi como um mergulho nas mazelas da pobre alma humana, em nossa surda busca por nossa paternidade, inspirados por um estranho desejo de sermos diferentes, de não sermos daqui, finalizando junto com o dia que não era mais luz. Foi o nosso último encontro.
Muito tempo se passou e eu buscando seus sinais nas noites sem lua, seus passos sem vestígios marcados na palma de minha alma. A última notícia que tive é de que estava morando em Recife, talvez trabalhando em sua área, engenharia química. Quando penso que a esqueci, sonho com ela, como na imagem que primeiro vi, a menina de olhos verdes e cabelos loiros encaracolados, com um gorro na cabeça, se protegendo do frio mundo moderno.
Hoje, tantos anos depois, me reencontro com ela, na verdade, comigo mesmo, na tola tentativa de me resgatar, encontrar com o que ficou de mim naquela mesa de bar, sem bebida. Sei do muito que ficou ali, no mesmo lugar, implorando para viver o que não existe mais. Ela está na minha frente, linda, divina, exatamente como na última vez. Pena; hoje não vamos poder conversar.



 Petrônio Souza Gonçalves é jornalista e escritor