quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Políticas da bioeconomia

A importância das políticas públicas para a chamada bioeconomia, baseada no desenvolvimento e crescimento econômico, ambiental e socialmente sustentável, foi um dos temas debatidos em mesa-redonda na Conferência Brasileira de Ciência e Tecnologia em Bioenergia (Brazilian Bioenergy Science and Technology Conference – BBEST), realizada de 14 a 18 de agosto em Campos do Jordão (SP).

A mesa foi mediada por Carlos Américo Pacheco, professor do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Participaram das discussões Luuk Van Der Wielen, professor do Departamento de Biotecnologia da Faculdade de Ciências Aplicadas da Delft University, da Holanda, Luiz Augusto Horta, professor da Universidade Federal de Itajubá (Unifei), Marcelo Poppe, assessor técnico do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), e Sharlene Weatherwax, diretora associada de ciências biológicas e pesquisa em meio ambiente do Departamento de Energia dos Estados Unidos (DOE).

Wielen falou sobre o contexto europeu, em que a indústria e os transportes são fontes importantes de emissões de gases de efeito estufa (GEEs) e onde não há as “tremendas possibilidades” existentes no Brasil em termos de recursos naturais a serem explorados para desenvolver a bioeconomia.

Ele citou a importância das colaborações internacionais em pesquisa e desenvolvimento, como a cooperação entre o programa BE-Basic, do qual ele é um dos líderes, e a FAPESP, que acabam de lançar uma chamada conjunta no âmbito do Programa FAPESP de Pesquisa em Bioenergia (BIOEN).

O BE-Basic é um consórcio público-privado holandês formado por universidades holandesas, instituições científicas e empresas e que recebem apoio dos ministérios holandeses para projetos de pesquisa dentro das linhas estabelecidas pelo Programa BE-Basic, cujo foco é o investimento em pesquisas que desenvolvam soluções de base biológica para uma sociedade sustentável.

Os investimentos do BE-Basic entre 2010 e 2015 devem ser de € 200 milhões. Na fase anterior do programa (2004-2010), as atividades estavam centradas nas pesquisas em laboratório e em escalas de planta-piloto. Agora, as pesquisas avançaram para as escalas de planta demonstração e plantas em escala comercial.

Horta, da Unifei, defendeu a participação do Estado em pesquisa e também na comercialização dos combustíveis feitos de fontes renováveis. Uma das ações que caberia aos governos é criar especificações para os biocombustíveis. “É um grande desafio harmonizar as diferentes perspectivas de produtores, consumidores e defensores do meio ambiente”, afirmou.

Ele também lembrou que o sistema de impostos e taxas sobre os combustíveis faz grande diferença. Citou que recentemente alguns países reduziram as taxas que recaem sobre o petróleo, citando o México como exemplo, o que dificulta a realização de programa de biocombustíveis.

Marcelo Poppe apresentou vantagens sociais, ambientais e econômicas da produção do etanol brasileiro e deu destaque para as transformações do setor sucroalcooleiro, que deixa de ser produtor agrícola de cana-de-açúcar para se transformar em empresa de energia, com geração de produtos de maior valor agregado, como o etileno e os hidrocarbonetos.

O assessor do CGEE citou a diversificação do uso do etanol no Brasil, que tem motos, ônibus e aviões de pequeno porte movidos pelo biocombustível.

Poppe falou também sobre as redes de inovação existentes no Brasil apoiadas pelo governo federal, envolvendo universidades, institutos de pesquisa públicos e centros privados de pesquisa e desenvolvimento, como as redes de bioetanol e o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (INCT), formado atualmente por 29 laboratórios de cinco centros de pesquisa, e a Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroalcooleiro (Ridesa), que reúne cientistas de nove universidades federais dedicados ao estudo e desenvolvimento de novas variedades de cana para a indústria sucroalcooleira.

Janaína Simões

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