terça-feira, 4 de outubro de 2011

Carrinheiros vão ganhar barracão do EcoCidadão


Os 349 coletores de materiais recicláveis que vivem na Vila Parolin vão ganhar um barracão de reciclagem do projeto EcoCidadão. As obras, que fazem parte do trabalho de urbanização de áreas irregulares da Prefeitura, estão em curso na ocupação mais antiga de Curitiba. O equipamento deve ser entregue em janeiro de 2012.
"O EcoCidadão é um programa que reconhece e valoriza os coletores de Curitiba, como um importante elo na cadeia da reciclagem, oferecendo todo o suporte para sua atividade. O projeto garante que eles trabalhem de maneira adequada, sem riscos e com melhor aproveitamento do material", diz o prefeito Luciano Ducci.
O barracão que atenderá os coletores de materiais recicláveis cadastrados pelo serviço social da Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab) está em construção próximo às casas onde os moradores de áreas de risco estão sendo reassentados.
Com 300 metros quadrados de área, o barracão vai contar com área para separação, classificação e expedição do material reciclável; sanitários masculino e feminino; refeitório; depósito e área para carga e descarga. O investimento na obra é de R$ 284 mil, com recursos do Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social (FNHIS).
“Esta obra tem uma função social importante, porque vai garantir maior qualidade de trabalho para as famílias que sobrevivem da coleta de material reciclável. Com o barracão, elas não precisarão mais armazenar e separar em suas casas o que coletam nas ruas”, diz o secretário municipal de Habitação, Osmar Bertoldi.
A previsão é de que a obra seja concluída em janeiro do ano que vem. Devido ao elevado número de pessoas que trabalham com reciclagem na Vila Parolin, além da estrutura que está sendo construída, a Prefeitura estuda alugar um outro espaço na própria vila para implantar um segundo barracão de reciclagem.
Vantagens - Levar para a casa o material coletado nas ruas traz uma série de problemas para as pessoas que trabalham com reciclagem. O acúmulo destes materiais atrai ratos, baratas e outros insetos, que podem causar doenças, como a leptospirose. É difícil manter boas condições de higiene ao se trabalhar com reciclagem no mesmo local onde se mora.
Daí a importância dos barracões de reciclagem, pois possibilitam que os coletores tenham equipamentos específicos para a função, como prensa, balança, empilhadeira e bancada para separação dos materiais. Desta forma, os trabalhadores podem manter suas casas mais organizadas, fato que eleva a autoestima dos cidadãos.
Outra importante vantagem é a questão financeira. Ao trabalhar de maneira independente, armazenando e separando os materiais em casa, na hora de vender o coletor sai perdendo, pois negocia por um valor baixo com os atravessadores, que acabam ficando com a maior parte do lucro ao negociar com as indústrias de reciclagem.
Trabalhando em forma de cooperativa nos barracões, os coletores saem ganhando, pois devido a maior quantidade e eficiência na separação dos materiais e principalmente pela negociação feita diretamente com os compradores, agrega-se valor aos produtos, fazendo com que os rendimentos aumentem.
Expectativa - Rosângela Moreira Dias, 45 anos, mora na Vila Parolin há 17. Em 2009 deixou a área de risco na beira do rio e recebeu sua casa de alvenaria em empreendimento da Cohab. Trabalha com reciclagem há mais de 10 anos e aguarda ansiosa pela chance de participar de um barracão. “Prefiro, pois será um local adequado para o trabalho. Trazer tudo para casa é ruim, pois nunca consigo deixar aqui bem organizado”, conta.
Outro que deseja participar do projeto é Rodrigo Miguel, 24 anos, coletor há 5. Ele destaca o melhor ganho financeiro como principal atrativo. “É bom porque vamos ganhar mais. Vendendo de pouquinho em pouquinho o que se coleta no dia, o lucro acaba ficando com quem compra da gente. No barracão, a venda em maior quantidade, direto para as indústrias, vai melhorar nossa renda”, explica.
Já Maria Lúcia de Almeida, 45 anos, considera o ganho em saúde como a principal vantagem. “Não gosto de acumular o material trazido das ruas aqui em casa, acaba sendo ruim para a saúde. Com os barracões a gente vai poder deixar a casa mais limpa e com certeza nossa saúde vai melhorar”, finaliza.
 

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