segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Policiais tentam capturar Onça-Parda em quintal à beira-rio

INUSITADO
Policiais tentam capturar Onça-Parda em quintal à beira-rio

Bicho chamou a atenção de moradores da região central de Tibagi
O barulho dos cães e das galinhas chamou a atenção de João Gilberto Carneiro, morador da rua que dá acesso à mata ciliar do Rio Tibagi, no centro da cidade, por volta das 10h30 desta segunda-feira (24). “Vim aqui fora pra ver e o bicho já tinha trepado na árvore”, descreve. O 'bicho' tem aproximadamente 1,40 metro da cauda até a cabeça e pesa entre 25 e 30 quilos. É ainda uma jovem fêmea, com no máximo dois anos de idade, mas chamou a atenção dos moradores durante horas, afinal, não é todo dia que se vê uma Onça-Parda assim de tão pertinho.
A Onça, ou Suçuarana, também chamada de Puma, chegou molhada ao quintal de João. “Vai ver ela caiu no rio e acabou vindo parar aqui do outro lado”, aposta Maria Orli Bonifácio, uma das curiosas moradoras que acompanhou todo o resgate da felina. “Eu vim ver e daí encheu de gente aqui. Foi ligado pra polícia, mas eles primeiro acharam que era trote. Depois vieram conferir”, relata a vizinha.
A Polícia Ambiental – Força Verde foi acionada e chegou ao local somente no período da tarde, às 16 horas. Durante todo esse tempo, a onça permaneceu quieta sobre a árvore, a aproximadamente cinco metros de altura, de onde acompanhava curiosa e atenta à movimentação das pessoas no terreno. “Coitadinha, ela parece estar acuada de medo né? E ficou aí no sol, deve estar com sede, com fome”, completou Maria.
E se estava, continuou com sede e fome. Os dois policiais não conseguiram efetuar o resgate com uma escada e a Onça acabou passando de uma árvore para outra, tornando mais difícil a captura. Equipe de biólogos da Usina Mauá, de Telêmaco Borba, era aguardada para nova tentativa, desta vez com sedativos apropriados. O destino do bichano, se capturado, ainda não foi decidido. “Estamos aguardando os biólogos para uma análise mais detalhada”, afirmou o sargento Bueno, da Polícia Ambiental.

'Gaudência'
Para a dona de casa Maria, a presença do animal no meio urbano é novidade, mas esta não foi a primeira vez que viu uma Suçuarana. “Eu trabalhava no boia-fria e sempre enxergava umas onças passando lá longe, acho que caçando. Tinha bem maior, mas sempre de longe. Assim de pertinho eu nunca tinha visto”, garante Maria.
O dono do quintal também ficou impressionado com a beleza do bicho. “É bonito né? Agora eu tenho mais uma história para contar”, disse. Jorge Bittencourt, o advogado que recentemente cuidou de um pombo-correio que apareceu em sua casa, na mesma região, foi assistir ao resgate. “A natureza volta e meia nos dá essa honra de ver aqui em Tibagi, bem de perto, o quanto ela é bonita”, comentou.
Jorge foi quem deu nome ao pombo-correio, apelidando-o de Desidério em homenagem ao primeiro carteiro da cidade. Quanto ao Puma, a sugestão de nome veio do funcionário público Kleber Oliveira: “como essa onça está numa árvore na rua do hospital, podia se chamar Gaudência”, indicou, fazendo menção à Rua Frei Gaudêncio.

Como evitar a presença de onças nas propriedades
No centro da cidade a imagem é rara, mas nas fazendas da região a presença do Puma é bem mais frequente. Para evitar que o felino, predador, ataque seus rebanhos, os proprietários rurais são orientados sobre como afugentar o bicho. Leri Ribeiro, coordenadora de Meio Ambiente da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Turismo, ressalta que a Onça-Parda é um felino esbelto e ágil, que se adapta facilmente a diversos habitats mas que tem preferência por mata fechada. “Por isso é importante manter a área em torno da propriedade limpa, capinada, porque o Puma não gosta de campo aberto”, indica.
Outra orientação é recolher os animais da propriedade ao final do dia em estábulos, currais, chiqueiros e locais fechados, seguros. As fêmeas em época de parição devem ser fechadas e acompanhadas. “Manter os animais vacinados e sadios também é importante para que, fortes, tenham maiores condições de se defender”, acrescenta.
A gestora destaca que ações simples e práticas podem afugentar a Onça da propriedade. “Com barulho e iluminação ela não chega perto. Basta colocar rádios à pilha nos estábulos, amarrar sinetas nos bovinos e ovinos ou guizos nas suas pernas. Instalar buzinas e instrumentos que emitam ruídos fortes em torno da propriedade. Outra dica é fazer espantalhos e colocar rádio a pilha neles. Tem de mudar a cada dois dias para o animal não se acostumar”, aponta.
Leri ainda ressalta que ao usar rojões ou bombinhas para assustar o Puma, é preciso cuidar para não causar incêndios ambientais. “Além disso é preciso redobrar a atenção com as crianças, que não devem andar sozinhas em longas distâncias na propriedade. Por fim, o mais importante é não tentar capturar a Onça, porque além do perigo do ataque, este animal é raro na natureza e precisamos preservá-lo. Basta aprender a conviver”, finaliza.

Mais
O Guia de Convivência – Gente e Onças, de Silvio Marchini e Ricardo Luciano (Fundação Ecológica Cristalin, 2009, 2a ed.), diz que as Onças-Pardas são encontradas nos principais biomas das Américas, desde o Norte do Canadá até o Sul da América do Sul. “Nenhum outro mamífero terrestre tem tamanha área de distribuição no continente”, relata. Os machos adultos medem até 80 centímetros de altura e 2,4 metros de comprimento do nariz à cauda. Os machos pesam de 53 a 72 quilos e em casos excepcionais podem pesar até 120 quilos. O peso médio das fêmeas varia de 34 a 48 quilos.
O Guia está disponível para consulta na Sematur, que também orienta pelo             (42) 3916-2151      .

Dicas
Para afastar predadores das áreas rurais habitadas e periferias urbanas e reduzir ocorrências com carnívoros que envolvem perda de animais domésticos por ataques, sugere-se:
  • Utilizar piquetes de pastagem o mais longe possível de áreas florestadas;
  • Manter a propriedade limpa (capinada)
  • Recolher os animais ao final da tarde em estábulos, currais, chiqueiros, apriscos, ou seja, locais fechados visando a proteção dos rebanhos;
  • Acompanhar e recolher fêmeas em época de parição;
  • Manter os animais vacinados, vermifugados e sadios (fortes);
  • Colocar sinos no pescoço ou guizos nas patas dos animais;
  • Soltar rojões ou bombinhas nos locais onde estejam ocorrendo ataques. Na impossibilidade da utilização de fogos de artifício, devido ao perigo de incêndio, instale sinos, sirenes ou buzinas no lado externo das construções de modo que possam ser disparados em caso de pressentirem a presença de predadores;
  • Não permita que crianças andem desacompanhadas em regiões onde existe a suspeita da presença de onças;
  • Instalar rádios à pilha e manter luzes acesas nos estábulos, currais, chiqueiros, apriscos;
  • Confeccione e instalar espantalhos. Colocar rádios de pilha e a cada dois dias mudar os espantalhos de lugar;
  • Mantenha cães, sob seu controle, guardando casa e rebanho. Não permita que eles andem livremente pela sua propriedade;
  • Proíba a caça em sua propriedade ou proximidades, pois a falta de presas naturais ocasiona a procura por animais domésticos pelos predadores;

Em caso de encontro com Onça-Parda:
  • Mantenha a calma. Estando em grupo mantenha a coesão. NÃO CORRA. Não olhe diretamente nos olhos do animal, mas mantenha contato visual com ele. Afaste-se devagar, oferecendo espaço de fuga para o animal;
  • Sentindo-se ameaçado grite, assobie forte e bata palmas, se estiver com crianças pequenas no grupo coloque-as sobre os ombros, dessa forma aumentando sua estatura;
  • Preste atenção na presença de urubus nas redondezas, evite passar próximo ao local onde estas aves estejam pousadas, pode haver uma carcaça de animal morto próximo e o predador pode estar se alimentando dela;
  • Se encontrar com o filhote do predador NÃO se aproxime ou toque o animal, a mãe deve estar por perto e provavelmente atacaria para proteger a cria;
  • Ocorrida a predação, observe, anote/desenhe e se possível fotografe rastros e quando possível colete outros indícios encontrados (pêlos, fezes), pois facilita a identificação posterior. Se forem encontradas carcaças, anote os detalhes – partes consumidas, posição da carcaça, marcas, etc. Entre em contato com a Sematur assim que ocorrer uma predação para proceder da forma correta a solucionar o conflito. Telefone:             (42) 3916-2151      






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