sábado, 29 de outubro de 2011

Belo Monte terá alojamento para abrigar Força Nacional


Local: São Paulo - SP
Fonte: Valor Econômico
Link: http://www.valoronline.com.br/



Josette Goulart
A preocupação com a segurança do canteiro de obras da hidrelétrica de Belo Monte fez com que os empreendedores da usina incluíssem, no plano para a instalação dos alojamentos da obra, quartos para abrigar homens da Força Nacional em situações críticas.  A necessidade da medida seria em função das constantes ameaças de confrontos com indígenas e também por causa do quebra-quebra ocorrido na hidrelétrica de Jirau, no início do ano.  O uso da Força Nacional se justificaria por se tratar de obra considerada estratégica para o país.  Segundo fontes próximas ao consórcio, a medida não foi ainda efetivada pois a obra está somente no início e os acampamentos ainda são pioneiros.
A invasão de ontem realizada por centenas de índios, pescadores e ribeirinhos, entretanto, só reforçou aos empreendedores a necessidade de se ter um plano de segurança para a usina.  Os organizadores da manifestação dizem que eram cerca de 600 as pessoas que estavam na região, mas a empresa Norte Energia, dona da usina, informou que eram cerca de 250.
O sítio Belo Monte, uma das quatro frente de obras da usina, foi tomado durante a madrugada de ontem mas sem qualquer resistência dos funcionários do consórcio construtor Belo Monte, que é liderado pela Andrade Gutierrez.  No fim da tarde o juiz de Altamira já tinha determinado, por meio de decisão judicial, a desocupação.  Em toda a construção, já estão trabalhando 3,6 mil operários.  No sítio Belo Monte, são 1.200 e cerca de 190 estão alojados no local.
Os funcionários saíram do canteiro na noite anterior porque o consórcio já tinha informações de que a invasão aconteceria.  A decisão da manifestação se deu durante seminário realizado na cidade de Altamira por várias entidades que são contra a construção da usina de Belo Monte.
O Ministério Público Federal também tem sido atuante na questão e entrou com uma série de processos judiciais contra a usina.  Uma das principais ações alega que os índios não foram ouvidos, como determina a Constituição, e ainda questiona o licenciamento ambiental.  O caso corre no Tribunal Regional Federal da 1ª Região e os desembargadores começaram a se manifestar sobre o assunto nesta semana.  Dois deles já votaram, e o processo está empatado.
As manifestações contra a usina têm ganhado força no cenário internacional e chegaram a mobilizar a Organização dos Estados Americanos (OEA).  Mas o governo brasileiro está disposto a reagir alegando a soberania nacional em empreendimentos estratégicos para o país.  A questão da imagem do empreendimento na imprensa internacional tem sido trabalhada pelo Norte Energia.
Outras frentes estão sendo observadas.  Ontem, o Conselho Nacional do Ministério Público anunciou que vai avaliar o limite da atuação dos membros do MP na fixação de compensações ambientais e na expedição de "Notificações Recomendatórias" para identificar eventuais excessos.
De acordo com representantes do Conselho Indigenista Missionário, que fazem parte da manifestação, a tomada foi pacífica.  Além de ocupar o canteiro, bloquearam a rodovia Transamazônica no trecho que liga a capital paraense à Altamira.  Os manifestantes querem que o governo federal defina alguém do alto escalão para negociar.  Mas com a decisão judicial para a desocupação será difícil que se entre em negociação.
Os manifestantes entendem que a terra indígena será diretamente afetada porque em alguns casos a mudança do volume de água que circula no Rio Xingu poderia alterar a forma de vida desses povos.  Executivos da Norte Energia alegam, entretanto, que nenhuma terra indígena será inundada e que as aldeias que forem atingidas serão recompensadas.
O projeto de Belo Monte prevê o desembolso de R$ 3,7 bilhões em compensações sócio-ambientais.  No total, o investimento é da ordem de R$ 28 bilhões.  A usina terá capacidade de gerar 11.233 MW, dividida em duas casas de força.  Os principais sócios do empreendimento são a Eletrobras, com suas subsidiárias Eletronorte e Chesf, Neoenergia, Vale, Funcef, Petros, Cemig e Light.

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