quarta-feira, 13 de abril de 2011

Conservação da Mata Atlântica diminui custos na produção de tomate

por Globo Rural Online
 Shutterstock
Um estudo realizado por um mestrando da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq/USP) mostrou que a preservação da Mata Atlântica diminui os custos da produção de tomate e reduz a incidência de pragas na cultura.
A experiência foi realizada num assentamento rural no sudeste do estado de São Paulo, região que possui a maior produção de tomate de mesa do país.

Segundo o engenheiro agrônomo e autor do estudo Fábio Leonardo Tomas, a porção de mata conservada agiu como um regulador de pragas e os custos de produção foram reduzidos em até 84%. “O tomate é um dos cultivos mais suscetíveis a pragas. A conservação da vegetação nativa dispensa o uso de agrotóxicos, que encarecem o produto final em até 70%”, disse.

O método desenvolvido por Tomas consiste em espalhar cultivos a cada 300 metros de floresta. Este recurso, denominado módulo experimental, apresenta-se como substituto do desmatamento de toda a cobertura natural do terreno.“Isso é uma abordagem agroecológica e sustentável que respeita e se alia à floresta, trazendo benefícios econômicos e sociais para os agricultores”, afirmou.

A estratégia baseia-se no experimento que seu orientador, Paulo Yoshio Kageyama, utilizou para o plantio de seringueiras no Acre, denominado Ilhas de Alta Produtividade. “Acreditamos que este método também seja válido para outras culturas. Porém mais testes e experimentos devem ser feitos para confirmar isto em campo”, disse Tomas.

Os dados foram obtidos por meio de comparação dos índices das plantações convencionais, que retiram toda a cobertura nativa da área e utilizam agrotóxicos, e os produtores dos assentamentos, que testaram o método de Tomas. “Os produtores antigos da região diziam que antes dos desmatamentos não haviam tantas pragas”, relatou.

Com o aumento das pragas, foi necessário aumentar o uso de agrotóxicos nas plantações, o que fez com que a região sustentasse recordes de contaminação de trabalhadores por estes produtos. A pesquisa indicou que, em cada roçado, ao menos três funcionários relataram eventos de intoxicação por elementos tóxicos.

Os agrotóxicos também são responsáveis pelo encarecimento do tomate que é comercializado. “Enquanto em um cultivo tradicional um pé de tomate custa cerca de R$ 5, um pé de tomate de uma plantação experimental custou apenas R$ 0,80”, disse Tomas. “Além disso, o mercado para produtos orgânicos, ou seja, sem agrotóxicos, é mais valorizado do que o mercado tradicional e gera mais lucro para o agricultor”.

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