sábado, 16 de abril de 2011

Café com sabor umami valoriza safra de agricultor no Paraná

por Hanny Guimarães | Foto: Ernesto de Souza
Ernesto de Souza
O café com sabor umami foi identificado pelo especialista em cafés especiais Ensei Neto em uma de suas pesquisas por áreas produtivas
Um dos lotes de café produzidos na Fazenda Califórnia, de Jacarezinho, Paraná, foi "premiado". A porção desenvolveu uma característica de sabor conhecida como umami, considerado o quinto gosto básico que pode ser identificado pelo paladar.

Tradicionalmente, as papilas gustativas reconhecem quatro sabores: doce, salgado, ácido e amargo. O umami é diferente dos citados e está presente naturalmente em alimentos como o tomate. Foi descoberto pelo pesquisador japonês Kikunae Ikeda e pode ser realçado pelo aminoácido glutamato monossódico, muito utilizado na cozinha asiática.

A raridade foi identificada pelo especialista em cafés especiais Ensei Neto em uma de suas pesquisas por áreas produtivas. Segundo ele, o grão cereja descascado, da variedade obatã, pode ter adquirido a característica por influência do clima subtropical da região. O cafezal está a apenas 480 metros de altitude, e surpreende por gerar uma bebida com certa acidez, o que em geral ocorre com o café de plantios de altitude elevada. Essa qualidade pode ser explicada pelo ciclo longo de maturação, observado pela presença de frutos de coloração distinta (vermelho e amarelo) em uma mesma planta, de acordo com Neto.

O agricultor Luis Roberto Rodrigues obteve 70 sacas do produto. Valorizado entre os compradores, o cafeicultor conseguiu, por meio de um projeto de venda direta idealizado por Ensei Neto (que aproxima produtor e comprador sem a interferência de um atravessador), comercializar 45 sacas com um cliente do Japão e outras 25 com uma torrefação e cafeterias brasileiras. A negociação alcançou preço médio da saca de R$ 600 em outubro, enquanto o mercado estava pagando cerca de R$ 300. Em uma das cafeterias onde o café umami está sendo comercializado no Brasil, a Ateliê do Grão, em Goiânia, cada pacote de 250 gramas custa R$ 25.

Ainda não é possível prever se o cafezal resultará cafés com as mesmas características na próxima safra. Neto brinca dizendo que “café bom se mostra diferente a cada ano, como os bons vinhos”. Mas garante que vai continuar monitorando a raridade ao lado de Rodrigues.

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