segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Projeto quer criar rede de cooperação entre comunidades afrorrurais da América Latina

Objetivo é desenvolver políticas públicas que garantam direitos sociais mínimos, além de uma relação de aprendizagem e intercâmbio de conhecimentos entre as localidades

Por Globo Rural 
Editora Globo
Projeto visa promover ações voltadas à promoção da segurança alimentar
No Ano Internacional dos Afrodescendentes, estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2011, comunidades afrorrurais do Brasil, Equador e Paraná, serão protagonistas do projeto Quilombo das Américas. O objetivo é fazer um levantamento dos aspectos sociais, econômicos, alimentares, institucionais, tecnológicos e culturais das comunidades para, a partir dos dados obtidos, construir uma rede de articulação de políticas públicas e cooperação entre as localidades.

“São comunidades em países latino-americanos e caribenhos com trajetórias históricas similares aos quilombos no Brasil e com uma realidade muito próxima da que ocorre no país”, explica o pesquisador Edson Guiducci Filho, da Embrapa Hortaliças (Brasília-DF), que integra a equipe do projeto.

De acordo com o pesquisador, o projeto conta com dois eixos. O primeiro é o acesso a direitos econômicos sociais, culturais e políticos. O outro visa promover ações voltadas à promoção da segurança alimentar desses locais.

“Obviamente, cada país tem sua constituição e suas especificidades, mas em linhas gerais, a necessidade é garantir direitos sociais essenciais, mínimos”, afirma Josenilton Marques da Silva, pesquisador do Ipea. O projeto também vai permitir o intercâmbio de experiências e práticas entre as diferentes comunidades.

Para a prefeita de Santa Fe, distrito da província de Darién, no Panamá, conhecer comunidades com os mesmos problemas em outros países é uma experiência impactante. “Graças ao projeto foi possível ver que há muita coisa que pode melhorar e muitas coisas nas quais nós podemos ajudar. Sinto que essa luta vai servir a todos, pois todos esses países têm o mesmo problema, que vem da época da escravidão”.

Segundo José Chala Cruz, secretário executivo da Corporación de Desarrollo Afroecuatoriano (Codae), o Quilombo das Américas é uma oportunidade para os países participantes conhecerem os avanços das nações vizinhas sobre temas como soberania e segurança alimentar. “O governo equatoriano tem uma grande expectativa de ter uma relação de aprendizagem e intercâmbio de conhecimentos, além do diálogo que pode se estabelecer entre a sociedade civil, os quilombolas e os estados em termos da aplicação de políticas públicas que garantam a cidadania em cada um dos países.”

Para o representante do quilombo Empata Virgem, em Maraú (BA), José Conceição da Silva, o projeto irá proporcionar melhorias em sua comunidade. Ele também destacou o intercâmbio com outras comunidades como forma de fortalecer uma identidade negra na América Latina.

As atividades são coordenadas pela Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República (Seppir/PR) e, além da Embrapa, também participam do projeto a Agência Brasileira de Cooperação (ABC) do Ministério das Relações Exteriores, o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), a Secretaria Geral Ibero-americana (Segib), o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), Entidade das Nações Unidas para Igualdade de Gênero e Empoderamento das Mulheres (ONU Mulheres) e o Programa Interagencial de Promoção da Igualdade de Gênero, Raça e Etnia.

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