quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Cidades geram apenas 2,5% do lixo do planeta


Responsáveis pela produção anual de cerca de 4 bilhões de toneladas de lixo no mundo, as cidades representam apenas 2,5% do total de resíduos gerados no planeta - que atualmente estão em torno de 30 bilhões de toneladas/ano. A maioria é produzida pela pecuária, agricultura e mineração.

"Para cada saco de lixo produzido em nossas casas, há outros 60 que já foram gerados antes", estima o sociólogo Maurício Waldman, doutor em geografia e autor do livro Lixo - Cenários e Desafios (Ed. Cortez, 2010), indicado ao Prêmio Jabuti neste ano na categoria Ciências Naturais.

Apesar de constituírem a menor parte do lixo produzido no mundo, os resíduos sólidos urbanos ainda são um problema sério em países como o Brasil. "Nós mandamos para a compostagem apenas 2% do lixo orgânico urbano e reciclamos 13% da parte seca", diz Waldman.

Para efeito de comparação, a Índia, outro emergente, faz compostagem de 65% de seu lixo orgânico.

"Agora se fala em políticas para lidar com o metano, gás gerado nos aterros. Mas temos de evitar que ele seja gerado, mandando o mínimo possível para o aterro." O Brasil, que abriga 3% da população mundial, gera 5,5% do lixo do planeta." Em parte porque o País está exportando commodities como minério, grãos, carne, etc. A mineração é responsável por 38% do lixo gerado no mundo e a pecuária e agricultura, juntas, por 58%", diz Waldman (mais informações nas páginas 6 e 7).

Reciclagem. Os números sobre Reciclagem também deixam a desejar, e especialistas vêm se dedicando a quantificar o prejuízo de um sistema de coleta e de reaproveitamento falho.

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) calculou as perdas em R$ 8 bilhões/ano.Mas o professor Sabetai Calderoni, autor do livro Os Bilhões Perdidos no Lixo (Ed. Humanitas, 1999), estima que os prejuízos somem US$10bilhõesaoano."Daria para fornecer cestas básicas mensais para todas as famílias pobres do País e ajudá-las a pagar a prestação de uma casa popular." Ele diz ainda que as centrais de Reciclagem têm vantagens sobre os aterros. "Elas ocupam uma área mil vezes menor que um aterro e a vida útil não acaba nunca. Além disso, o aterro tem de ser monitorado por anos após ser desativado" ,explica Calderoni, que é presidente do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Sustentável e participou da elaboração da Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS).

Lei do lixo. Um elo particularmente complicado da cadeia de Reciclagem é o catador, que geralmente vive em situação de risco.

Promulgada em 2010, a PNRS tenta trazê-lo para a legalidade e inseri-lo formalmente na cadeia.

"É uma política amplamente discutida, sólida e que tem tudo para dar certo", diz.

"As cooperativas não têm dinheiro para esperar um mês para receber pelo resíduo. E os aparistas, intermediários, estão quebrando, porque agora, na legalidade, pagam imposto",diz o presidente da Associação Brasileira dos Recicladores de Embalagens PET, Edson Freitas.

Waldman destaca a importância dos catadores na cadeia de Reciclagem. "Eles coletam 90% do material que retorna para a cadeia produtiva. Sem os catadores, teríamos mais 7 milhões de toneladas ao ano de lixo seco sendo desperdiçado no País." Dos mais de 5 mil municípios brasileiros, apenas 142 mantêm convênios com catadores

RETRATO

Entre 2008 e 2009, a população brasileira cresceu 1%. No mesmo período, a produção de lixo aumentou em velocidade ainda maior: 6,6%.

Em 2009, os aterros sanitários eram o destino de apenas 54,9% dos resíduos sólidos domiciliares produzidos no Brasil.

Um PC gera, em média, 63 quilos de lixo, sendo 22 de materiais tóxicos.

Cerca de 12% do metano brasileiro é gerado por lixões.

O consumo de metais ao redor do mundo cresceu cerca de sete vezes entre 1950 e 2008.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Nenhum comentário:

Postar um comentário