quarta-feira, 13 de julho de 2011

Em 2 semanas, zoológico de SP perde girafa e leão; veja

LAURA CAPRIGLIONE
DE SÃO PAULO
FOLHA DE SÃO PAULO


Cristal, 5, a girafa mais carismática do Zoológico de São Paulo, morreu no dia 5 passado. Uma semana antes, foi a toca dos leões que ficou mais vazia, quando o macho Esperto, 15, sofreu uma parada cardiorrespiratória ao tomar anestesia.
O caso da girafa comoveu tratadores, veterinários e o pessoal das lanchonetes instaladas em torno do cercado dos grandes ruminantes.


É que Cristal ainda amamentava a filhote Safira, sua primeira e única cria, nascida em outubro de 2010. Era mãe carinhosa, lambendo Safira todo o tempo, enlaçando o pescoço com o da filha.
No dia 5, logo pela manhã, os funcionários das lanchonetes preparavam-se para a abertura dos portões do parque quando ouviram um ruído seco. Era Cristal desabando de 4,5 metros de altura, sob o próprio peso.
A girafa agitava as pernas, tremia. Em poucos minutos, Rodrigo Lopez, veterinário-chefe, entrou no cercado. Encontrou um quadro desolador: a girafa tinha o abdome superdilatado, a cabeça jogada no chão. Material gástrico abundante saía-lhe pela boca e pelas narinas.
Cristal morreu em silêncio, como convém às girafas, que têm fama de mudas, embora não o sejam. "Foi um quadro agudo", explicou Lopez.

Segundo o veterinário, havia três meses que Cristal não andava bem. Tinha cólicas, não se alimentava, a barriga inchou. A suspeita recaiu sobre uma doença de ruminantes, o timpanismo (quando o animal não consegue expulsar os gases da digestão).
Mudou-se a dieta de Cristal, reforçando-a com fibras. Houve uma melhora. Até que, na noite de 4 para 5 últimos, piorou de vez.

Se fosse um bovino, até seria possível tentar outras manobras, como colocar uma sonda gástrica para liberar os gases retidos. Em Cristal, segundo o veterinário, nem deu tempo de tentar.
"Além disso, a gente teria de anestesiar o animal, o que sempre implica o risco de parada cardiorrespiratória."
Apu Gomes/Folhapress
Observado pela girafa Palito, tratador faz limpeza do recinto das girafas no Zoológico de São Paulo. Uma girafa e um leão morreram no local em menos de duas semanas
Observado pela girafa Palito, tratador faz limpeza do recinto das girafas no Zoológico de São Paulo. Uma girafa e um leão morreram no local em menos de duas semanas.
Os temores do veterinário com a anestesia justificaram-se pelo ocorrido uma semana antes. Foi quando Esperto morreu, "depois de receber três quartos da dose de anestésico prevista para adultos".
Um leão vive em média 20 anos --em cativeiro, normalmente, esse período aumenta. Mas Esperto apresentava problemas gástricos e foi anestesiado para que pudesse passar por um ultrassom abdominal. "Antes que mexêssemos nele, houve a parada cardiorrespiratória."
Ainda se tentou ressuscitar o felino com massagens cardíacas, epinefrina e atropina. Ele não voltou.
Ontem, na jaula dos leões, a fêmea estava só. Segundo o zoo, já há um macho vigoroso para expor no lugar de Esperto: o jovem Iuri.
Cristal, que nasceu na África do Sul em 2006, deixa a filha e quatro colegas de cercado. Safira ontem passeava ao lado de Jamal, seu meio-irmão por parte de pai, nascido há cinco meses.
O Zoológico de São Paulo contabiliza 3.000 espécimes. Anualmente, morrem 60 animais, mas raramente trata-se de animais com a popularidade de leões e girafas. "Na semana passada morreu uma jiboia e ninguém ligou."
Os corpos de Cristal e de Esperto foram enviados para a compostagem do zoo, onde se transformarão em adubo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário