domingo, 27 de março de 2011

Camundongo voador?

 
A palavra em alemão para morcegos é Flederme, cuja tradução é "camundongos voadores". É fácil ver a origem desse nome - muitas espécies de morcegos se parecem muito com roedores voadores. Mas, na verdade, os morcegos estão mais próximos dos humanos do que de camundongos e ratos. Se olharmos suas asas atentamente, podemos ver a semelhança.

A ilustração acima mostra a estrutura óssea na asa de um morcego, na de uma ave e no braço humano. A asa da ave tem uma estrutura óssea razoavelmente rígida, e os principais músculos responsáveis pelo vôo movimentam os ossos no ponto em que a asa se liga ao corpo. O morcego tem uma estrutura de asas muito mais flexível. É muito mais parecida ao braço e à mão humana, exceto pela fina membrana de pele (denominada patágio) que se estende entre a "mão" e o corpo, e entre cada osso dos dedos. Os morcegos conseguem movimentar a asa como se fosse a mão, como se "nadassem" no ar. O "polegar" se estende para fora da asa como uma pequena garra, que eles usam para escalar árvores e outras estruturas. Isso os ajuda a atingirem um "ponto de partida" elevado para a decolagem do vôo. Apropriadamente, a ordem dos morcegos é denominada quiróptera, cujo significado em grego é "mão alar".
Os cientistas acreditam que os morcegos evoluíram de um mamífero não voador que vivia, sobretudo, em árvores, há cerca de cem milhões de anos. Como um lêmure ou esquilo, esse animal saltava de galho em galho. Alguns indivíduos dessa espécie nasceram com mais pele entre os braços e o corpo, que lhes dava um pouco mais de sustentação enquanto saltavam no ar (alguns lêmures e esquilos modernos desenvolveram esse mesmo tipo de fisiologia). Os morcegos com essa mutação tinham mobilidade um pouco maior do que os outros da espécie e, por isso, tiveram maior probabilidade de crescer e reproduzir. Assim, a seleção natural para membranas mais largas com o decorrer do tempo acabou resultando em asas completamente funcionais.
A asa rígida da ave é mais eficaz na sustentação, mas a asa flexível do morcego permite maior navegabilidade. Os morcegos podem posicionar as asas de várias formas, mudando rapidamente o grau e a direção da sustentação. Isso lhes permite mergulhar e girar no ar como nenhum outro animal, além de lhes dar uma vantagem distinta ao caçar suas presas.


Foto cedida Heurisko Ltd
Uma das menores espécies de morcego é o morcego de cauda longa da Nova Zelândia. Esses morcegos, que pesam apenas 8 a 11 gramas, podem usar a cauda como bolsa para transportar ao ninho insetos capturados.

Há mais de 1.000 espécies de morcegos no mundo, e aproximadamente 140 no Brasil. Esse fato os classifica como uma das ordens de mamíferos mais predominantes. Na verdade, mais de um quarto do número total de espécies mamíferas são espécies de morcegos. As espécies de morcegos se dividem em duas subordens:
  • megachiroptera (também denominados raposas voadoras ou morcegos frutívoros) - esses morcegos, encontrados sobretudo na África, Ásia e Austrália, são caracterizados por um focinho comprido. A maioria das espécies de megachiropteros é vegetariana e se alimenta de frutos e pólen;
  • microchiroptera - esses morcegos costumam ser menores do que os megaquirópteros, e a maioria tem focinho semelhante ao de um cão pequinês. Esses morcegos, encontrados no mundo todo, são carnívoros. A maioria se alimenta de insetos.


Foto cedida Heurisko Ltd
O morcego Syconycteris australis, da Austrália, é uma das menores raposas voadoras. Ele se alimenta, sobretudo, de flores e néctar, mas também come frutas e folhas.

Os morcegos variam consideravelmente de tamanho e aparência. O menor morcego do mundo, Craseonycteris thonglongai, tem envergadura de 15cm, ao passo que o maior, a raposa voadora da Malásia, pode ter uma envergadura de 1,8m. Além das asas com aparência de couro, os morcegos megachiropteros se parecem muito com outros mamíferos, com olhos grandes, orelhas pequenas e focinhos compridos. A maioria das espécies de morcegos microchiropteros, por outro lado, tem uma aparência facial singular, com orelhas largas e protraídas e narinas com forma peculiar. Essas características especiais ajudam os morcegos a se movimentarem no escuro, como veremos na próxima seção.

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