quarta-feira, 30 de março de 2011

Escritório Verde será a primeira edificação carbono zero da UTFPR

De acordo com o Plano Nacional de Mudanças Climáticas, o Brasil deve reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) entre 36,1% e 38,9% nos próximo anos. Não se trata somente de frear o desmantamento na Amazônia, principal foco das emissões, mas sim de também começar a trabalhar em cima de uma estratégia para uma economia de baixo carbono.
Muitas são as estratégias que podem ser implementadas, como por exemplo, na construção civil, onde uma grande quantidade de carbono está embutida nos materiais convencionais usados mais frequentemente. Um estudo conduzido no Programa de Mestrado em Tecnologia da Universidade Tecnológica do Paraná (UTFPR) demonstrou que uma casa modelo de alvenaria de 41 m2 da COHAPAR – Companhia Paranaense de Habitação, pode emitir até 10 toneladas de carbono equivalente relativos a energia gasta para produzir o cimento, aço, tijolo, telha, cal e areia.
Além do fato de uma construção mal planejada do ponto de vista de eficiência energética também pode contribuir significativamente para aumento das emissões. Aumento de uso de energia está diretamente ligada ao aquecimento global. O Brasil sempre se escorou na geração de energia elétrica proveniente das suas grandes barragens alegando ser uma energia limpa, no entanto, são muitos dos impactos socioambientais desta energia são largamente documentados, sendo um deles a emissão de gás metano (CH4) proveniente da deterioração de áreas de vegetação inundadas e que também colabora para aquecimento global, pois é 20 vezes mais potente que o dióxido de carbono (CO2). Some-se a isto, as termelétricas brasileiras que estão interligadas ao sistema de geração e são constantemente acionadas nas horas de pique de demanda.
Uma construção carbono zero como a que está sendo construída na UTFPR ataca nas duas frentes: Primeiro, é a substituição da alvenaria por painéis e estrutura de madeira de madeira (a construção a seco ou Wood-frame fixa carbono) e projeto arquitetônico eficiente do ponto de vista do uso da energia. Uma pesquisa de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil (PPGEC) estará avaliando a quantidade de carbono que será fixada no Escritório Verde. O projeto também prioriza o uso de materiais reciclados para isolamento térmico-acústico, esquadria de madeira de reflorestamento com vidros duplos, aproveitamento da luz natural e uso de lâmpadas LED mais eficientes em economia de energia e durabilidade.
Segundo, será a instalação de cerca de 3.000 Watts de painéis fotovoltaicos para converter raios de sol em energia elétrica, tornando-se a primeira edificação do estado do Paraná a ter esta potência instalada. Para sua maior eficiência, está previsto que grande parte desta seja instalada diretamente na rede elétrica (modelo grid tie), eliminando o uso de baterias.
A energia solar já é realidade em vários países e uma alternativa inteligente para não dependermos totalmente de energias poluentes como as baseadas nos combustíveis fósseis e perigosas como a nuclear (vide caso do acidente no Japão, onde apenas o óbvio foi constatado). O custo da energia solar é considerada ainda cara se compararmos Kw/hora produzido com a energias convencionais, pois não há incentivo no Brasil para seu uso, como na Alemanha e Espanha, por exemplo. Com o custo dos painéis fotovoltaicos caindo e a ajuda do governo (cedo ou tarde!), o Brasil poderia ter em menos de cinco anos uma energia solar competitiva e sem agredir o meio ambiente.

Prof. Dr. Eloy F. Casagrande Jr.
Coordenador do Escritório Verde da UTFPR
Campus Curitiba

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Prof. Eloy F. Casagrande Jr., PhD
Inovação Tecnológica & Sustentabilidade
Departamento Acadêmico de Construção Civil - DACOC
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil - PPGEC
Programa de Pós-Graduação em Tecnologia - PPGTE
Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR

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