terça-feira, 27 de dezembro de 2011

TURISTAS PSICOCÊNTRICOS E O MEIO AMBIENTE

Por: » LINDEMBERG MEDEIROS DE ARAUJO – geógrafo, professor da Ufal e doutor em planejamento turístico
Há diversos tipos de turistas dentre os milhões de visitantes que enxameiam o litoral nordestino a cada ano. As tipologias são definidas por aspectos sociais, culturais, ideológicos, políticos e filosóficos, com repercussões diretas no comportamento do indivíduo.

Os cientistas que estudam o fenômeno turístico cunharam o termo “psicocêntrico” para um determinado tipo de turista. O psicocêntrico tende a ser conservador, perdulário no uso dos recursos naturais e negligente com o meio ambiente.

Nas destinações, esse tipo de turista prefere ir às praias, às piscinas naturais e gosta de se hospedar em grandes hotéis ou em resorts. Prefere comer nos McDonald’s da vida, gosta de refrigerantes e de comida industrializada, servida em franquias padronizadas. Tende a ignorar a cultura local e o povo dos lugares visitados. Ignora as bebidas, a música, as danças e o folclore regionais.

É o tipo de turista que alimenta os peixes nas piscinas naturais, usa água em excesso e joga lixo no chão. Apesar de reconhecer, no discurso, a importância do meio ambiente, o psicocêntrico ainda não internalizou uma atitude correspondente.

As multidões de turistas que visitam nosso estado são um presente para nossa combalida economia. Mas também são, por assim dizer, um magnífico presente de grego. Assim como no caso do famoso Cavalo de Troia, que trazia guerreiros inimigos escondidos nas suas entranhas, as legiões de turistas psicocêntricos representam uma séria ameaça ao nosso meio ambiente. Por isso, está posto o desafio às secretarias municipais e estadual de turismo, ao Ministério do Turismo e aos órgãos oficiais de meio ambiente municipais, estadual e federais.

Admiro o esforço dos servidores públicos das pastas de Turismo e de Meio Ambiente, que não raro, desprovidos das condições mínimas necessárias ao bom desempenho de suas funções, continuam como bons guerreiros lutando para que o desenvolvimento sustentável, com base no turismo, possa ser realmente alcançado.

Em geral, a infraestrutura e as condições operacionais dos órgãos de meio ambiente em que trabalham, nos três níveis político-administrativos, estão a anos-luz daquilo que seus servidores precisam.

Senhores prefeitos, senhor governador e senhora presidenta, os órgãos de meio ambiente precisam muito mais para que a galinha dos ovos de ouro da vez - o turismo - não se transforme em mais um patinho feio, com a degradação do nosso ainda atrativo ambiente litorâneo.

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