quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Diversidade de animais ajuda a manter a Floresta Amazônica viva


Os macacos ingerem sementes que são espalhadas pela floresta. 

Sem saberem, ajudam na preservação da mata.


Quanto tempo a natureza levou para formar uma floresta. E quanta água é necessária para regá-la. Temporais na floresta são sempre de impressionar. Surgem de repente e, da mesma forma, se desfazem. Com um milhão de hectares, o Parque Nacional da Amazônia é uma das reservas mais importantes do país. Ninguém sabe ao certo quantas espécies vivem no lugar. Seguimos por trilhas no meio da selva. Acompanhamos o trabalho da bióloga Leidiane Diniz, do Instituto Chico Mendes. Ela instala em vários pontos armadilhas fotográficas. Ela explica que deixa as câmeras instaladas por 15 dias.
Nos últimos quatro meses, esses aparelhos já registram, em fotos, muitos habitantes da floresta. “A ideia do trabalho é mostrar a importância dessa área do parque, que é uma área ameaçada de alagamento, e demonstrar que nessa área existe o uso pela fauna de grande porte”, explica a bióloga.
Os guias do parque também fotografam tudo o que veem. Atravessando a Transamazônica, outro registro raro: é o cachorro do mato de orelhas curtas. Uma espécie conhecida, mas do comportamento dele praticamente nada se sabe.
No meio da mata, é difícil enxergar algum ser vivo entre a vegetação. Se até quem mora nas cidades consegue se esconder na floresta, imagine só os bichos que vivem no local. Vamos agora atrás de macacos, uma tarefa nem sempre fácil. Podemos encontrá-los, por acaso, ao percorrer as trilhas ou procurar por uma árvore cheia de frutos, já que eles passam o dia todo perambulando de árvore em árvore atrás de comida.
Nossa atenção fica dividida. É preciso olhar onde se pisa. A quantidade de folhas na trilha pode esconder cobras. Se bem que este é um cuidado para se ter em toda a floresta. Afinal, quem disse que as cobras ficam só no chão? Melhor não segurar em nenhum galho. A cobra-cipó se confunde na paisagem. Nossos os ouvidos ficam à procura de barulho nas árvores.
Logo percebemos um movimento. Bem no alto, surge um rato selvagem. Pouco mais adiante, no solo da mata, outro morador da floresta: o jabuti. O dia sem vento é o nosso aliado, e o balançar de galhos revela um bando de cairaras. Desconfiados, olham o tempo todo para nós enquanto comem rapidamente e logo desaparecem.
E por falar em rapidez, surge à nossa frente uma família inteira de saguis de coleira branca. Eles se deslocam pelas árvores com uma habilidade impressionante. Até os adultos que carregam os filhotes nas costas não conseguem ser lentos. Parecem sempre muito apressados. Outro macaco abundante dessas matas é o prego. Em um bando, um cuxiú estava junto. Nas árvores mais altas é comum encontrar famílias de macaco-aranha. Outras espécies que ocorrem no parque são o zogue-zogue e o bugiu ou guariba.
A floresta, com toda a variedade de árvores, oferece alimento para todos os meses do ano. Os macacos só precisam procurar. Quando os cairaras comem, ingerem sementes que são transportadas e voltam para o solo em outras áreas já adubadas com as fezes. Ou seja, os macacos não sabem, mas, ao dispersarem sementes, ajudam na renovação da floresta.
Essa dispersão também é feita por várias espécies de aves que regurgitam ou defecam sementes. Algumas delas só germinam após passar pela digestão nas aves. Esses são exemplos que mostram que as partes sempre colaboram para o todo. A diversidade da vida trabalha sempre pela unidade. Na equilibrada teia da vida, todos estão ligados. Cada parte depende de outra. Se uma é afetada, o efeito segue em cascata. Nós, humanos, não nos excluímos disso.
“A primeira coisa que acontece quando há um barramento, cobre uma quantidade de matéria orgânica muito grande. Essa sedificação vai fazer desaparecer uma quantidade muito grande de espécie de plancto que serve de alimento para larvas de peixes e outros peixes que se alimentam também de insetos aquáticos, que são vetores de doenças como, por exemplo, a dengue, malária e muitas outras”, explica o pesquisador Paulo Ceccarelli. Ou seja, tirando o plancto, diminui-se a quantidade de peixes e a proliferação de mosquitos pode aumentar. “Muitas doenças vão chegar à cidade.”
A vida é equilibrada. Mas, antes de tudo, sensível.

Nenhum comentário:

Postar um comentário