quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Mapa mostra malária matando na Ásia e na América Latina



Por Sergio Abranches, do Ecopolítica

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Enquanto as mortes por malária caem na África aumentando a esperança de que a doença possa ser erradicada em todo o mundo, um novo mapa da malária mostra que uma forma durável e potencialmente fatal da doença tem forte presença em partes do Sul da Ásia e da América Latina.
Nas Américas, a área de maior preocupação é uma região grande, mas pouco povoada, do Norte da Amazônia, a maior parte da qual está no Brasil. Mas ela atinge também partes da Amazônia no Peru, na Colômbia e na Venezuela. Na América Central, quase toda a Nicarágua está infestada pelo parasita vivax da malária, que infecta também porções de Honduras e da Guatemala. O mapa foi divulgado no dia 6, no Encontro Anual da Associação Americana de Medicina Tropical e Higiene (ASTMH).
“Este mapa nos ajuda a entender como será difícil erradicar a malária”, disse Peter Gething, que coordenou o projeto do Mapa da Malária da Universidade de Oxford (Malaria Atlas Project – MAP). “Ele mostra que em partes substanciais do mundo, a malária vivax é endêmica e a transmissão é significativa. Infelizmente, os recursos médicos para combater esse tipo de malária vão de ineficientes a não existentes.”
Outros estudos publicados no número de dezembro da Revista Americana de Medicina Tropical e Higiene, adicionam outras evidências de que a malária pode estar matando pessoas com muito maior frequência do que se imaginava previamente. Também confirmam que os tratamentos existentes são inadequados e potencialmente tóxicos para milhões de pessoas. Também ajudam a tornar mais claro o nível de precaução que os viajantes devem observar quando visitando essas regiões.
A vivax não é tão mortal quanto a malária causada pelo parasita Plasmodium falciparum, que predomina na África, mas é mais comum no resto do mundo, criando o risco de infecção para uma população estimada em 2,85 bilhões de pessoas. Seu maior perigo reside na sua capacidade de reincidência, ao permanecer escondida no fígado por meses, até anos. Por isso, a vivax é mais difícil de detectar e curar.
Outras áreas de infestação pela malária vivax apontadas pelo Mapa incluem uma porção substancial da Índia. As taxas são altas até mesmo em áreas urbanas como Mumbai, onde a malária não era comum. Papua Nova Guiné também tem altas taxas de infecção e transmissão, da mesma forma que grande parte do território da Indonésia e de Myanmar (incluindo Yangon).
Na África, Gething disse que, embora se saiba que a vivax existe, as taxas de infecção parecem ser “muito, muito baixas” na maior parte do continente. Mas o Mapa indica um nível moderado e estável de transmissão de vivax em áreas do Chifre da África e por toda Madagascar.
Os pesquisadores consideram que uma área é de infestação de malária vivax se os dados indicarem taxas de infecção superiores a 7%. Gething explica que esse limite poderia ser considerado relativamente baixo para infecções pelo parasita falciparum. Mas é alta para o vivax, em parte porque esse número só considera parasitas detectados no sangue, e também porque as taxas da doença causada pelo vivax se mostram muito difíceis de reduzir.
Ele disse que em áreas onde o vivax é endêmico, a qualquer momento se pode encontrar pessoas portando o parasita apenas em seus fígados, de onde ele emerge periodicamente na corrente sanguínea, para causar novas infecções. Este “grande reservatório” de vivax é difícil de quantificar com os instrumentos existentes de vigilância, explica. Não existe, hoje, um teste simples para detectar parasitas no fígado.
“Uma pessoa com vivax pode na verdade representar múltiplas infecções de malária ao longo de vários anos, em uma única comunidade. Cada vez que o parasita se move do fígado para o sangue, ele contribui, novamente, para a expansão da doença e da transmissão,” alertou Gething.
O problema causado pela reincidência do vivax é exacerbado, segundo pesquisador, pela falta de opções de tratamento.
A persistência do parasita vivax, apesar da imensa campanha global para eliminar a malária, faz com que muitos o considerem o “último parasita a resistir”. Especialistas em malária dizem que, embora o vivax ainda pareça menos mortal que o falciparum, há crescente evidência de que as fatalidades ligadas a ele justificam dar-lhe mais importância na campanha global pela erradicação da malária.
“É hora de reforçar a luta contra a malária vivax e parar de olhar para essa forma da doença como relativamente branda e tolerável”, disse Peter J. Hotez, presidente da Associação Americana de Medicina Tropical e Higiene (ASTMH).

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