segunda-feira, 21 de maio de 2012

Degradação de ervas marinhas pode emitir grande quantidade de CO2 na atmosfera



Dois novos estudos apresentados nos periódicos Nature Climate Change e Nature Geoscience revelam na última semana (20) a importância da vegetação marinha para a absorção de gases do efeito estufa (GEEs) da atmosfera e ressaltaram que muitas toneladas de carbono podem ser liberadas se essa vegetação continuar sendo devastada.
A primeira pesquisa, divulgada no Nature Geoscience, indica que os ecossistemas de ervas marinhas armazenam tanto carbono por hectare quanto a vegetação terrestre, ou cerca de 40% do carbono estocado anualmente por vegetações costeiras.
De acordo com a análise, que reúne dados novos e antigos de 946 locais de flora aquática de todo o mundo, a vegetação marinha captura aproximadamente 27, 4 milhões de toneladas de carbono anualmente, estocando-o no solo dos oceanos. E o contrário das árvores terrestres, que armazenam o carbono por cerca de 60 anos e o liberam quando morrem, os ecossistemas marinhos capturam e estocam continuamente o carbono desde a última Era Glacial.
Isso significa que entre 4,2 bilhões e 8,4 bilhões de toneladas de carbono estão atualmente estocadas na flora aquática, e que a capacidade de armazenamento desta vegetação é de cerca de 19,9 bilhões de toneladas de carbono.
No entanto, com a atual taxa de degradação dos ecossistemas marinhos, avaliada pelo estudo como sendo atualmente de 1,5% ao ano (e que totaliza 29% no último século), essa importante fonte de armazenamento de carbono corre grande risco. Segundo a pesquisa, se esse índice de destruição se mantiver, a cada ano serão lançadas na atmosfera 299 milhões de toneladas de carbono.
“Esses são números assustadores. Eles nos colocariam em situações extremas do efeito estufa muito rapidamente. Realmente parece que vai haver uma situação crítica para muitos destes ambientes”, observou Gary Kendrick, coautor da análise da Universidade do Oeste da Austrália.
E, infelizmente, essa condição de devastação das ervas marinhas parece estar sendo confirmada. É o que indica o estudo publicado na Nature Climate Change, realizado com a erva marinha Posidonia oceanica, endêmica do Mar Mediterrâneo.
Conforme a pesquisa, essa erva, que captura dez vezes mais carbono do que outras espécies, poderá estar extinta até a metade do século. A preocupação é ainda maior quando se leva em conta que, segundo a análise, essa espécie absorve até 89% do total de CO2 emitido por todos os países mediterrâneos desde a Revolução Industrial.
 “Destrua-as e vamos liberar muito carbono que estava sequestrado e preso por um período muito grande de tempo”, alertou Peter Ralph, da Universidade Tecnológica de Sydney.

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