terça-feira, 10 de abril de 2012

Índios de Rondônia vão comercializar créditos de carbono

O líder da tribo, Almir Narayamoga Suruí, acredita que, até 2038, o negócio possa gerar de R$ 2 milhões a R$ 4 milhões, anualmente. Imagem: Almir Surui
 
Pela primeira vez, uma tribo amazônica terá lucros com a commodity de créditos de carbono. Moradores de Rondônia, os índios paiter-suruís, pretendem montar um fundo sustentável para projetos locais.
Usar a terra dos índios para a exploração ilegal de madeira já foi uma prática comum. Mas, hoje em dia, conservar a natureza é um negócio mais rentável, ou seja, ser sustentável compensa. E foi percebendo isso, que os paiter-suruís optaram por se dedicar ao controle do desmatamento em seu território.
Duas certificações internacionais foram concedidas à tribo, na semana passada, o que permite fechar contratos para a geração dos créditos de carbono. Este é o primeiro plano indígena de Redd (Redução de Emissões por Desmatamento), que é uma forma de compensar financeiramente a manutenção de florestas tropicais, a receber os selos VCS (Verified Carbon Standard) e CCB (Climate, Community and Biodiversity).
O dinheiro arrecadado será aplicado em uma espécie de "fundo soberano" e destinado às atividades econômicas sustentáveis, como o turismo e a produção agrícola nas áreas já desmatadas. O líder da tribo, Almir Narayamoga Suruí, acredita que, até 2038, o negócio possa gerar de R$ 2 milhões a R$ 4 milhões, anualmente.
Desenvolvido pela ONG Idesan de Manaus, o Projeto de Carbono Florestal Suruí foi negociado por quatro anos. O selo VCS garante que a tribo segue uma metodologia criteriosa para avaliar a redução das emissões, já o CCB mostra que o projeto não afeta a biodiversidade ou os direitos dos índios.
Atualmente, 30 contratos de compra de créditos de carbono fechados por índios estão sendo investigados pela Funai (Fundação Nacional do Índio) e pela Advocacia-Geral da União. Um exemplo é o acordo entre a empresa irlandesa Celestial Green e os líderes mundurucus, do Pará, que proíbe a tribo de usar a própria terra.
O fato dos índios paiter-suruís esperarem a validação dos selos para assinar os contratos foi um ponto positivo, que garantiu que o projeto fosse hoje apoiado pelo órgão federal. Com informações da Folha.

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