segunda-feira, 16 de abril de 2012

Colônia de jaguares em risco de extinção é descoberta no México

Nos arredores da lagoa de Terminos, no sudeste do México, ainda é possível encontrar jaguares, um dos animais mais venerados pelas culturas pré-hispânicas, que atualmente corre risco de extinção.
Este descoberta aconteceu enquanto era feito um estudo para saber se nos estados mexicanos de Tabasco e Campeche os moradores do campo guardavam presas e peles de jaguares, sacrificados nos últimos anos.
Atualmente já existe um trabalho para determinar quantos espécimens de jaguar há entre os limites destes estados do sudeste mexicano.
A maior população de jaguares está nos municípios de Champotón, Sabancuy e Palizada, cidades rodeadas pela lagoa de Terminos, que desemboca no mar do Caribe nas proximidades da ilha de Ciudad del Carmen.
Graças à Wildlife Conservation Society, um organismo internacional, à Comissão Nacional de Áreas Naturais Protegidas (CONANP) e à Universidade Juárez Autônoma de Tabasco (UJAT), nos últimos dois anos foram feitos registros fotográficos não apenas de jaguares, mas de jaguatiricas e veados em algumas comunidades rurais de Palizada, em Campeche.

Em uma área geográfica que cobre 2.200 hectares, o pesquisador da UJAT Mircea Gabriel Hidalgo e outros estudantes descobriram que a população de jaguares está se reproduzindo apesar do perigo de extinção.
"Primeiro buscávamos animais mortos ou que tivessem sido mortos nos últimos 10 anos. Achávamos que nos mostrariam a pele, os crânios dos felinos, mas encontramos jaguares vivos", disse Hidalgo.
Inicialmente, a ideia era buscar "as pegadas" dos felinos. Hoje, o objetivo é poder realizar o censo dos jaguares que habitam entre os limites de Campeche e Tabasco.
"O que acontece na lagoa de Terminos, uma região de umidade muito grande, é de vital importância para estudarmos o ecossistema", acrescentou o também doutor em Ecologia e Recursos Naturais do Instituto de Ecologia de Xalapa (Veracruz).
Para o biólogo, a importância de usar câmeras infravermelhas nos arredores da lagoa de Terminos foi fundamental para encontrar espécies vivas de jaguares em Champotón, Palizada e Sabancuy.
Embora a maior parte das fotos tenha sido tirada em Palizada, o jaguar se deslocou para regiões de Tabasco como Jonuta e Pântanos de Centla.
A descoberta foi possível graças ao apoio do escritório de Proteção da Flora e Fauna de Campeche e dos moradores da região que colaboraram com os pesquisadores.
"Palizada é um município bastante inexplorado, uma região bem conservada. Muitos jaguares, em algumas ocasiões, se deslocam a Jonuta (Tabasco) para comer o gado da região. Os jaguares ocupam áreas muito grandes e não pensávamos encontrar tantos", disse Hidalgo.
Uma câmera instalada entre as árvores da área selvática de Palizada custa 1.200 pesos (US$ 93,4); em toda a área foram colocadas 60, para obter mais registros.
As pilhas destas câmeras duram 90 dias e neste período foram captadas outras imagens que comprovam a existência do jaguar e de outras espécies que já achavam que não viviam aqui.
"Encontramos um caititu. Achamos que vivia em Calakmul ou na floresta Lacandona, mas agora sabemos que há em Palizada", acrescentou Hidalgo.
Para o pesquisador, a descoberta de animais selvagens entre os limites de Campeche e Tabasco acontece porque as comunidades assentadas ali "são pequenas e isoladas" e o jaguar pode habitar sem ser perseguido pelos caçadores.
Ainda não se sabe quantos jaguares há neste lugar, mas já foram fotografados os primeiros seis: "sabemos pelos padrões de manchas, mas há mais jaguares", explicou.
Em breve, disse, será feito um programa para a conservação do jaguar. "A segunda parte (do projeto) está associada à conservação da espécie, por isso que estão tentando ampliar a área protegida em lagoa de Terminos", contou.
Em uma pasta digital, o investigador da UJAT guarda centenas de fotografias tiradas na região.

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