terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Biocombustíveis e a ‘energia verde’ que vem da mandioca, babaçu e cupuaçu

Foto: Divulgação
MANAUS - O Amazonas deve se tornar referência na produção de biocombustíveis para a geração de energia elétrica na região. Uma parceria firmada entre a Eletrobras Amazonas Energia, Instituto Energia e Desenvolvimento Sustentável (Inedes), Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e a Vale Soluções em Energia (VSE) permitirá a produção de energia elétrica por meio do etanol extraído da mandioca.
A tecnologia de geração de energia elétrica, por meio do etanol produzido a partir da mandioca, segue o mesmo princípio de extração de etanol de cana-de-açúcar, como ocorre no Sudeste do País. “Os motores ainda estão em fase de testes na VSE. Ao todo, foram plantados quatro hectares de quatro espécies de mandioca na fazenda experimental. Também estamos trabalhando na montagem da infraestrutura da subestação para receber os motores geradores”, revelou o coordenador do projeto no Amazonas, o engenheiro Benjamin Cordeiro Júnior. Segundo ele, a previsão é de que o projeto, com duração de 27 meses, esteja em plena execução até fevereiro de 2012.
Por enquanto, a pesquisa ainda não tem data confirmada para ser concluída. O experimento está em fase de licitação para que seja reformada a subestação de Lindoia, localizada no município de Itacoatiara (a 278 quilômetros a leste de Manaus), e para que possa receber os grupos geradores que serão adaptados com tecnologia genuinamente brasileira. A mandioca será cultivada na fazenda/laboratório da Ufam, localizada na BR-174 (Manaus – Boa Vista).
Os parceiros esperam poder utilizar a nova tecnologia em pequenas comunidades isoladas no Amazonas. As áreas degradadas pelo homem serão utilizadas para o plantio da mandioca e posterior produção do etanol, bem como para a agricultura familiar. Além de utilizar energia renovável, também quer gerar oportunidades de trabalho para comunidades que sobrevivam com o cultivo da mandioca.
Frutos do Babaçu
Outro projeto desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), com recursos da Fapeam e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), no âmbito do Programa de Apoio ao Desenvolvimento de Tecnologias para a Produção de Biocombustíveis no Estado do Amazonas (Biocom), também visa aumentar as opções de combustíveis alternativos no Estado.
Coordenado pelo pesquisador doutor em Microbiologia do Solo pela Universidade de Minnesota (EUA), Luiz Antônio Oliveira, o projeto pretende avaliar o potencial dos frutos de babaçu na produção de óleo. A iniciativa é desenvolvida no município de Barreirinha (a 331 quilômetros de Manaus) e os pesquisadores pretendem substituir o diesel, por exemplo.
O babaçu é uma palmeira que pode atingir até 20 metros de altura. Rica da raiz às folhas, cada palmeira pode apresentar até seis cachos de frutos ovais e alongados. Sua polpa é farinácea e oleosa, envolvendo de três a quatro sementes oleaginosas. Suas folhas servem de matéria-prima para a fabricação de utilitários como cestos, abanos, peneiras, janelas, portas, armadilhas, gaiolas, entre outros. Durante a seca, essas mesmas folhas servem de alimento para animais.
Gordura do cupuaçu
Embora as amêndoas do cupuaçu (Theobroma grandiflorum) constituam cerca de 20% do peso do fruto e apresentem altos teores de proteína e gordura, segundo dados de pesquisas, elas são descartadas após o uso ou empregadas somente na fabricação de ração. No intuito de aproveitar a gordura das amêndoas, a pesquisadora e doutora em Química Ivoneide de Carvalho Lopes Barros desenvolveu o projeto ‘Estudo de aproveitamento do resíduo da gordura de cupuaçu para a produção do biodiesel’.
A finalidade de produzir combustível alternativo para ser usado puro ou misturado com algum derivado de petróleo. “O foco da pesquisa é mostrar que os resíduos gordurosos descartados serão objeto de solução para a produção de biodiesel, contribuindo para uma exploração mais eficiente da cadeia produtiva, não somente do cupuaçu, mas também de outras oleaginosas nativas dessa região”, afirmou a pesquisadora.

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