quarta-feira, 5 de outubro de 2011

O consumismo que consome a razaõ e o meio ambiente

Uma das raízes do problema ambiental está no consumismo exacerbado, sendo em grande parte de produtos supérfluos, o que exerce grande pressão sobre os recursos naturais não renováveis. A economia ortodoxa ainda não encontrou uma fórmula de crescimento que não seja o estímulo ao consumo, para aumentar produção e, por conseqüente, emprego e renda!  A pergunta a se fazer é como podemos sair deste círculo vicioso, educando para a redução  consumo, além de adotar um consumo mais ético e ecológico?
De acordo com o relatório de 2010 do WorldWatch Institute (WWI), são extraídas 60 bilhões de toneladas de recursos naturais  cada ano, isto significa cerca de 50% a mais de recursos naturais do que há apenas 30 anos. Sendo que os 65 países de maior renda acumularam 78% dos gastos de consumo mundiais, contendo apenas 16% da população mundial. Somente nos Estados Unidos, verifica-se que nesse período houve um gasto de cerca de US$ 32.400 per capita, o que significa que 32% dos gastos globais foram feitos por apenas 5% da população!
Neste cenário entra uma triangulação que envolve a inovação, o design e o marketing, como ferramentas que servem de estímulo ao consumo, muitas vezes de coisas que não precisamos e que são descartáveis! Se analisarmos o comportamento das crianças e adolescentes de hoje, vemos o conflito em que vivem. Ao mesmo tempo em que eles têm um maior acesso a informação e a educação ambiental na escola ou mesmo no seio da família, vemos o bombardeio de propagandas das marcas, seja dos aparelhos eletrônicos, tênis ou acessórios, que os fazem “estar na onda” para se sentirem parte da tribo! Uma pesquisa nos Estados Unidos revelou que as crianças ficam expostas anualmente a cerca de 30 mil mensagens publicitárias veiculadas pelos meios de comunicação. Como lidar com isto?
No Brasil, as crianças até 14 anos representam quase 40% da população. Um prato cheio para os marketeiros de produtos infantis! As estratégias são muitas e vão desde miniaturas de Harry Poters oferecidos para aumentar o consumo dos hambúrgueres altamente calóricos do MacDonalds, passando por bichinhos de pelúcia da Parmalat que estimulam o consumo de produtos açucarados, até tampinhas de garrafas de Coca-Cola trocadas por mini-engradados de garrafinhas de coleção! A situação se agrava quando vemos uma tradição de programas infantis da TV brasileira outrora conduzidos por estrelas como Xuxa, Angélica, Eliana, Mara Maravilha e outras, que faziam a cabeça das crianças, influenciando nos seus gostos e atitudes, além de criarem falsas necessidades!  Quantas famílias já não se endividaram para dar a boneca da Xuxa para suas filhas?
Como educar para o consumo ético e o grande desafio do Século 21. Poderia se começar nas escolas através da leitura e o debate de textos críticos, como o poema “Eu, etiqueta”, de Carlos Drumond de Andrade, que aqui selecionei alguns trechos:

Em minha calça está grudado um nome / Que não é meu de batismo ou de cartório

Um nome… estranho. / Meu blusão traz lembrete de bebida / Que jamais pus na boca, nessa vida,

Em minha camiseta, a marca de cigarro / Que não fumo, até hoje não fumei.

Agora sou anúncio / Ora vulgar ora bizarro.

Eu é que mimosamente pago / Para anunciar, para vender 
Em bares festas praias pérgulas piscinas, / E bem à vista exibo esta etiqueta 

É duro andar na moda, ainda que a moda / Seja negar minha identidade,

Por me ostentar assim, tão orgulhoso / De ser não eu, mas artigo industrial, 
Peço que meu nome retifiquem. / Já não me convém o título de homem. 
Meu nome novo é Coisa. / Eu sou a Coisa, coisamente.

 

Para o poema completo, veja em: http://pensador.uol.com.br/eu_etiqueta/

 

Por Jornal Meio Ambiente 

      Prof. Eloy F. Casagrande Jr., PhD
     Inovação Tecnológica & Sustentabilidade
     Departamento Acadêmico de Construção Civil - DACOC
     Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil - PPGEC
     Programa de Pós-Graduação em Tecnologia - PPGTE
     Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR

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