sexta-feira, 5 de agosto de 2011

SINAIS.....

Na ficção produzida em Hollywood quando os ETs (Extras Terrestres) resolveram invadir e ocupar a América do Norte, a primeira ação realizada foi enviar “Sinais”. No filme, os sinais deixados nas plantações de monocultivos indicavam que o momento do ataque estava próximo. Sem condições de dialogo e resistência os moradores do lugar foram pressionados e submetidos ao terror, sendo enclausurados enquanto o seu território era ocupado. A situação narrada no filme parece ser impossível, mas, infelizmente, não é! A cena é reproduzida em 2011, não nos EUA e sob a direção de Shyamalan, mas aqui à margem do rio Xingu e sob a direção de alguns ETs - Ex-Trabalhadores que estimulam e incentivam outros ETs – Expropriadores de Terras, Exploradores de Trabalhadores, enfim, Especialistas em Torturas que se apropriam do espaço e mudam nosso modus vivendi. Torturas sentidas pela população que não tem suas necessidades atendidas, que são colocadas em precárias condições sociais, por conta da exclusão e espoliação que sofrem. Segundo os ETs essas situações são as “dores do desenvolvimento”, mas... Que Desenvolvimento? A custa de quem? E para quem? O equivocado uso da definição “desenvolvimento” que ora nem expressa progresso ou crescimento, só faz sentido aos ETs que tentam de diferentes formas impor suas lógicas. Não para nós, nem mesmo àqueles que já foram abduzidos e que não conseguem enxergar o que de fato querem os ETs ao ocupar nosso lugar. As ações desiguais e combinadas que tentam transplantar em nossa realidade não significam desenvolvimento, pois os resultados danosos sempre ficam com a maioria dos individuos que continuam em condições precárias e até desumanas, sem educação, atendimento hospitalar, saneamento básico, enquanto os recursos naturais vão sendo apropriados pelos ETs na geração de continuos e exorbitantes lucros, facilitando a acumulação de capital ao mesmo tempo que se sucumbe os direitos do estar, ficar, do ir, do vir, do plantar, do pescar, do coletar e até mesmo o de comer. Nesse sentido pensar o desenvolvimento precisa, antes de qualquer coisa, pelo menos, ter clareza do “mito do desenvolvimento” como escreveu Furtado, em 1974, ratifica-se, pelo menos!!! A verdade é que somos mais uma vez na história da Amazônia vítimas de programas, projetos e interesses de determinados grupos (ETs) que querem o desenvolvimento, mas o desenvolvimento do capital e que pra isso exploram as condições geográficas para acumular, aproveitando das assimetrias para impor trocas não leais e desiguais entre as partes. Essa realidade faz reafirmar, o dito por Marx, que o processo histórico não é resultado do capital, mas seu pré-requisito e que por meio do processo, o capitalista se insere como  intermediário (histórico) entre a propriedade da terra ou qualquer tipo de propriedade e o trabalho e, assim, ao longo do tempo vai se apropriando das relações e determinando as condições necessárias para sua reprodução e expansão. Aqui, à margem do Rio Xingu já se percebe os sinais, não só os semáfaros colocados apenas nas vias de entrada da cidade e que nada corrigiram o caos do trânsito de Altamira, mas também pode-se, infelizmente, perceber os sinais da fome, da miséria, do abandono, da ilegalidade e da impunidade. Sinceramente, espero que não nos deixemos abduzir pelas propostas e ideias dos outros e que tenhamos clareza do Desenvolvimento que queremos para nosso território e para nosso povo. Por fim, devo observar, melhor que fossem aqueles ETs, os decritos na ficção de Hollywood, afinal, temiam a água enquanto os que nos cercam ao contrário querem se apropriar da nossa água para mercantiliza-la, empedindo o direito do povo, justiça e equidade social. 


José Antonio Herrera

Professor da Faculdade de Geografia / Campus da UFPA em Altamira

Doutorando em Desenvolvimento Econômico, Espaço e Meio Ambiente - UNICAMP

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