Com direção geral de Ana Dip e roteiros elaborados por José Roberto Torero (dois deles com a colaboração de Marcus Aurelius Pimenta e Gabriella Mancini), os episódios mesclam a linguagem documental ao drama. A parte documental tem depoimentos de especialistas, enquetes no formato "o povo fala" e entrevistas diversas. A porção ficcional é sempre conduzida por uma dupla de atores em diálogos bem humorados, que por vezes beiram o "non sense". O resultado são episódios leves, que tratam de temas densos como o trânsito na cidade de São Paulo, o consumo e a pobreza.
"Foi um trabalho divertido, e eu passei a conhecer mais sobre o tema sustentabilidade, com o qual eu tinha pouco contato", afirma Torero. Ele explica como chegou ao formato que valoriza o humor e os diálogos absurdos.
"Eu estava meio desesperado com o trabalho, não sabia bem por onde começar. Então, uma noite sonhei que o Karl Marx estava conversando com o papai noel. Acordei achando que o formato seria uma boa saída para a parte ficcional da série e comecei a trabalhar."
Ana Dip, resposnável pela direção geral e os argumentos, diz que o trabalho foi muito bem pensado.
"Foram quatro anos entre a ideia e sua realização. Parece muito tempo, mas foi um processo importante e muito positivo. Eu, que venho de uma cultura de telvisão, onde tudo é sempre para ontem, fiquei muito satisfeita com o resultado. Mérito dos nossos diretores", elogia.
Entre os diretores estão Lírio Ferreira (A espiritualidade e a sinuca), Evaldo Mocarzel (O trabalho e o português gostoso), Toni Ventura (A cultura e a casca de banana), Gilberto Scarpa (O poder e o bang-bang), Kátia Klock (A educação e o mosca morta), Dainara Toffoli (A produção e o cocô de minhoca), Kiko Mollica (A cidade e a pizza) e Lina Chamie (O consumismo e a corda do relógio).
"A parte ficcional me interessou muito, pois o humor do Torero é impagável. Somos o veículo do humor dele. Agora, a parte documental é mais complicada. Acho que documentário é um caso de polícia... E peguei um tema árduo, que é o discurso das empresas sobre a sustentabilidade. Não existe nada com menos sangue documental do que o discurso chapa branca das empresas", acredita Evaldo Mocarzel. Em seu episódio (O trabalho e o português gostoso), o navegador Nuno Alves (Luís Marmora) aporta com sua nau na costa brasileira e encontra uma índia (Georgette Fadel), a quem oferece pequenos presentes em troca de 200 toras de pau brasil.
Já Kiko Mollica, diretor de A cidade e a pizza, disse que sentiu total identificação com o tema que lhe foi proposto.
"Eu dirijo muito em São Paulo. Trabalho com TV e geralmente sou eu quem dirige o carro da equipe. Sei o que é o trânsito numa cidade como esta", afirmou.
O projeto tem ainda um blog (http://www.somos1so.com.br/) e um longa-metragem que complementa a série e será exibido no dia 5 de junho, as 21h, pela TV Cultura.
Abaixo, uma amostra do trabalho dos oito diretores: um trecho do episódio A produção e o cocô de minhoca, exclusivo, para os leitores do estadao.com:
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