Introdução




Estamos no verão. Sua família e amigos desfrutam alguns aperitivos no quintal da casa, tomam sol enquanto alguém prepara um churrasco . Ai! seu braço acaba de ser ferroado por um mosquito. Momentos depois, mais uma picada. Que insetos incômodos são esses? Por que eles picam? Será que transmitem doenças? O que podemos fazer para nos proteger?
Neste artigo veremos detalhes sobre os mosquitos, examinaremos como eles procriam e picam, quais as doenças que podem nos trazer e o que poderemos fazer para controlá-los.



Imagem cedida por centros de controle e prevenção de doenças Mosquito fêmea (Anopheles gambiae) se alimentando

Olhando de perto
Os mosquitos são insetos que existem há mais de trinta milhões de anos. Tudo indica que ao longo desses anos os mosquitos se dedicaram a aperfeiçoar suas habilidades ao ponto de serem agora especialistas em encontrar pessoas para picar. Um mosquito tem uma verdadeira bateria de sensores projetados para rastrear a presa, como:
  • sensores químicos - os mosquitos são sensíveis ao dióxido de carbono e ao ácido láctico a uma distância de 36 metros. Os mamíferos e pássaros liberam esses gases como parte do processo normal de respiração. Certos produtos químicos no suor também atraem os mosquitos (as pessoas que não transpiram muito não recebem tantas picadas);
  • sensores visuais - se as roupas contrastarem com o ambiente e, principalmente, se os mosquitos perceberem movimentos associados à roupa, as picadas são certas. Eles apostam que qualquer movimento é sinal de "vida", com bastante sangue disponível no local em que ele ocorre;
  • sensores de calor - mosquitos podem detectar o calor e encontrar mamíferos e pássaros de sangue quente com muita facilidade à curta distância.

Mosca pequena
A palavra "mosquito" é o equivalente em português para "little fly," e seu uso data de 1583 na América do Norte (os europeus chamam os mosquitos de "gnats"). Os mosquitos pertencem à ordem Diptera, moscas verdadeiras. Os mosquitos são como moscas quanto às asas, mas, ao contrário delas, as asas têm escamas, as pernas são longas e as fêmeas têm parte da boca proeminente, ou possuem uma proboscis, (tromba, em latim), para perfurarem a pele da pessoa atacada.
Algo com esses muitos sensores faz com que se pareçam mais com aeronaves militares do que com um inseto. Está aí o motivo pelo qual os mosquitos acham e picam com tanta eficiência. Como veremos mais tarde, uma das únicas formas de evitar que os mosquitos lhe encontrem é confundir seus receptores químicos passando algo como o DEET (N,N-dietil-meta-toluamida, repelente). Assim como o de todos os insetos, o corpo de um mosquito adulto é composto de três partes:
  • cabeça - onde estão todos os sensores, juntos com o aparato para as picadas. A cabeça tem dois olhos compostos, uma antena para detecção de produtos químicos e as partes da boca, chamadas palpos e a tromba (somente as fêmeas têm trombas, ou proboscis, para picar);
  • tórax - segmento onde se encontram fixadas as duas asas e as seis pernas. Contém os músculos de vôo, o coração composto, alguns gânglios de células nervosas e traquíolos;
  • abdômen - este segmento contém os órgãos digestivos e excretores.
O pacote é de um projeto perfeito: integra sensores, motor e processamento do combustível.


Partes do mosquito


Existem mais de 2.700 espécies de mosquitos no mundo e 13 gêneros nos Estados Unidos. A maioria dos mosquitos pertence a três desses gêneros:
  • Aedes - algumas vezes chamado de mosquitos de "enchentes", porque a enchente favorece a incubação dos ovos. Os mosquitos Aedes têm abdomens com pontas salientes. São exemplos o mosquito da febre amarela (Aedes aegypti) e o mosquito tigre asiático (Aedes albopictus). Voadores resistentes, são capazes de viajar a grandes distâncias (deslocamentos de até 120km) de seus viveiros. Eles persistentemente picam mamíferos (especialmente os seres humanos), principalmente de madrugada e no início da tarde. As picadas são dolorosas;
  • Anoféles - tendem a procriar em corpos permanentes de água doce. Os mosquitos anoféles também têm abdomens com pontas salientes. Incluem diversas espécies, tais como a do mosquito comum da malária (anopheles quadrimaculatus), que pode transmitir a malária aos seres humanos;
  • Culex - tendem a procriar em corpos tranqüilos de água parada. Os mosquitos culex têm abdomens sem pontas salientes. Incluem diversas espécies como a que mais existe na América do Norte, o (em inglês) "northern house mosquito" (Culex pipiens). Voam pouco e tendem a viver poucas semanas, apenas durante os meses de verão. Persistentemente picam (preferem mais os pássaros do que os seres humanos) e atacam na alvorada ou depois do crepúsculo. As picadas são dolorosas.
Alguns mosquitos, como os mosquitos tifa (Coquilettidia perturbans), têm sido mais prevalentes à medida que os homens invadem seus habitats. Examinemos como os mosquitos vivem e procriam.
Ciclo de vida e de procriação
Como todos insetos, os mosquitos são incubados em ovos e passam por diversos estágios antes de atingirem a vida adulta. As fêmeas depositam seus ovos na água, os estágios de larva e pupa (ou crisálida), são inteiramente aquáticos. A pupa, quando alcança o desenvolvimento adulto, deixa a água e transforma-se em um inseto voador terrestre. O ciclo de vida de um mosquito pode variar desde uma até várias semanas, dependendo da espécie a que pertença (as fêmeas adultas acasaladas de algumas espécies podem sobreviver durante o inverno em lugares frios e úmidos até a primavera, quando então depositam seus ovos na água e morrem).


Imagens cedidas por centros de controle e prevenção de doenças e pela USDA/ARS (superior direita)
Ciclo de vida do mosquito da febre amarela (Aedes aegypti):
do ovo (superior à esquerda) depositado na superfície da água emerge uma larva aquática (inferior à esquerda). A larva se transforma em pupa aquática (inferior, à direita), que depois se transforma em um mosquito voador terrestre (superior, à direita). A fêmea adulta pica o ser humano para conseguir sangue e botar seus ovos.

Ovos
Os mosquitos botam ovos na água, seja nas grandes massas de água ou na água parada das piscinas e áreas de acumulação onde a água acabará estagnada (buracos de árvores e sarjetas). As fêmeas põem ovos na superfície da água, exceto os mosquitos Aedes, que botam seus ovos acima da água e em áreas protegidas - que acabam sendo inundadas. Os ovos podem ser postos de um em um, ou em quantidade, quando então formam uma balsa flutuante de ovos de mosquito (consulte o ciclo de vida do mosquito [site em inglês] e veja a foto de uma balsa de ovos). A maioria dos ovos sobrevivem ao inverno e têm a casca rompida na primavera.
Larva

Identificação da larva
É possivel distingüir larvas de várias espécies de mosquito. As larvas dos Anoféles ficam paralelas à superfície da água, ao passo que as larvas dos Aedes e Culex se estendem na água (os tubos de ar dos Culex são mais compridos do que os dos Aedes).
Dos ovos de mosquito saem larvas ou "pupas", que vivem na superfície da água e respiram através de um tubo de ar ou sifão. As larvas filtram o material orgânico através de partes da boca e crescem até cerca de 1 ou 2 cm mudando a pele enquanto crescem (trocam) várias vezes. As larvas do mosquito podem nadar e mergulhar quando perturbadas (consulte o ciclo de vida do mosquito [site em inglês] para ver em um filme em Quicktime como nada a larva do mosquito tigre asiático). As larvas vivem vários dias ou até semanas, dependendo da temperatura da água e das espécies de mosquito.



Imagem cedida por centros de controle e prevenção de doençasLarva do Aedes aegypti se alongando
com sifões curtos na água

Pupa

Os mosquitos são importantes
As larvas e as pupas dos mosquitos são importantes recursos alimentares para os ecossistemas aquáticos.
Depois da quarta troca as larvas dos mosquitos se transformam em pupas ou "crisálidas," que vivem na água de um a quatro dias, dependendo da temperatura da água e da espécie do mosquito. A pupa flutua na superfície e respira por dois tubos pequenos. Apesar de não comerem, as larvas são bastante ativas (consulte o ciclo de vida do mosquito [site em inglês] para um filme em Quicktime e veja como nada a larva do mosquito tigre asiático). No final do estágio pupal a pupa encerra a si própria para se transformar em mosquito adulto.
Fase adulta
Dentro do casulo pupal, a pupa se transforma em organismo adulto. O mosquito adulto usa a pressão do ar para romper o casulo pupal, rasteja para uma área protegida e fica repousando enquanto seu esqueleto se solidifica, estendendo as asas para que sequem. Uma vez terminada esta operação, o mosquito pode voar e viver fora da água.
Uma das primeiras coisas que os mosquitos adultos fazem é procurar companhia, acasalar-se e se alimentarem. Os mosquitos machos têm as partes da boca pequenas e alimentam-se do néctar das plantas. Por outro lado, as fêmeas têm uma tromba comprida que usam para picar animais e seres humanos quando retiram sangue para se alimentarem (o sangue fornece as proteínas que as fêmeas precisam para botarem seus ovos). Depois de alimentadas, as fêmeas põem seus ovos (cada nova desova exige uma refeição de sangue). As fêmeas continuam esse ciclo e vivem muitos dias ou até semanas (mais no inverno), ao passo que os machos vivem apenas poucos dias depois de acasalarem. Os ciclos de vida dos mosquitos variam com as espécies e com as condições ambientais.