terça-feira, 5 de abril de 2011

Cientistas descobrem novo roedor da Mata Atlântica

Com nome científico de Drymoreomys albimaculatus, o animal é encontrado somente nas montanhas da Serra do Mar de São Paulo e Santa Catarina

por Globo Rural Online
Divulgação/Esalq
Curiosamente, o ratinho ainda não foi registrado para o Paraná, fazendo de Drymoreomys um gênero endêmico da Mata Atlântica Brasileira, um dos biomas mais diversos e ameaçados do mundo
Das quase 700 espécies de mamíferos existentes no Brasil, cerca de 245 (35%) são roedores, o que faz deste grupo o mais diverso dentre os mamíferos do país. Os roedores são também os mais diversos em número de gêneros. Dos 240 gêneros de mamíferos ocorrentes no Brasil, 73 são roedores. Este grupo tão diverso, que inclui esquilos, porquinhos-da-índia, ouriço-caixeiros, cutias, pacas e capivaras, deve aumentar.

Pesquisadores descobriram um novo ratinho na Mata Atlântica. Em um trabalho publicado em fevereiro, na tradicional revista científica Zoological Journal of the Linnean Society, três cientistas brasileiros descreveram o mais novo gênero e espécie de roedor brasileiro. Com nome científico de Drymoreomys albimaculatus, que literalmente significa rato (=mys) das florestas (=drymus) montanas (=oreo) com manchas (=maculatus) brancas (=albi), o roedor é encontrado somente nas montanhas da Serra do Mar de São Paulo e Santa Catarina - curiosamente, o ratinho ainda não foi registrado para o Paraná -, fazendo de Drymoreomys um gênero endêmico da Mata Atlântica Brasileira, um dos biomas mais diversos e ameaçados do mundo, reduzido a uma pequena fração de sua área original.

Além da característica morfológica única que deu nome à espécie, a presença de manchas brancas na garganta, diversas outras características levaram os biólogos Alexandre Reis Percequillo, professor do Departamento de Ciências Biológicas, da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/Esalq), Marcelo Weksler, do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que na época trabalhava no American Museum of Natural History, em Nova Iorque, e Leonora Pires Costa, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), a descreverem este roedor como um novo gênero.
 Conhecimento
“Uma das evidências mais fortes veio da análise do DNA da nova espécie, que mostrou ainda que ela é mais proximamente relacionada a um ratinho que habita os Andes peruanos, chamado de Eremoryzomys polius, do que a qualquer outro roedor na América do Sul”, comentou Percequillo. Segundo o professor da Esalq, o resultado evidencia que, milhares de anos atrás, antepassados das duas espécies viviam em uma América do Sul com clima, geologia e vegetação diferente da atual, mas os laços de ancestralidade que unem as duas espécies podem servir como pistas para os biogeógrafos estudarem e entenderem estas mudanças.

“Esta descoberta é um exemplo do quão pouco ainda se sabe sobre a história evolutiva dos mamíferos na América do Sul; nem mesmo o número de espécies que existem na Mata Atlântica, ou em qualquer outro bioma brasileiro, é conhecido. Sem esse conhecimento básico, corre-se o risco de nunca chegarmos a compreender importantes mecanismos ecológicos e evolutivos que geraram tamanha riqueza de espécies na América do Sul”, apontou o pesquisador.

A relevância da descoberta reside também no fato de que gêneros de roedores, ou mamíferos, são muito mais difíceis de serem encontrados do que novas espécies. Dentre roedores, por exemplo, a maior parte dos gêneros foi descrita ainda no século 19 ou no começo do século 20, sendo que o último gênero completamente desconhecido descoberto na Mata Atlântica foi descrito há mais de 30 anos atrás, em 1979.

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