quarta-feira, 6 de abril de 2011

Argentina fará primeiro inventário de geleiras em seu território

Ariel Palacios - O Estado de S.Paulo
 
CORRESPONDENTE
BUENOS AIRES


A presidente Cristina Kirchner assinou um convênio para a elaboração de um inventário de todas as geleiras existentes no território argentino. O objetivo oficial do convênio, que implicará na cooperação entre a Secretaria de Ambiente e o Conselho Nacional de Investigações Científicas e Técnicas (Conicet), "é o de abarcar geleiras descobertas, além daquelas cobertas por escombros, que agem como reservas hídricas".
A maioria das geleiras argentinas está localizada na Cordilheira dos Andes. A assinatura do convênio ocorre em meio a uma série de protestos de grupos ambientalistas contra a ação de empresas de mineração na área de geleiras na Cordilheira.
Os grupos acusam a presidente Cristina Kirchner de favorecer as empresas de mineração, já que em 2008 ela vetou uma lei aprovada pelo Parlamento que determinava limites para a exploração de minas nas áreas de geleiras, com o objetivo de preservar as reservas de água doce.
O veto permitiu uma brecha para que vários empreendimentos de mineração que estavam em compasso de espera pudessem iniciar suas atividades.
No entanto, meses depois, quando os parlamentares avançaram com uma segunda tentativa no plenário, a presidente Cristina recuou e optou por promulgar a lei.
Mas a empresa de mineração Barrick Gold, com intensas explorações de minas na Província de San Juan, onde governam aliados da presidente Cristina, conseguiu que o juiz federal Miguel Gálvez aceitasse um recurso para suspender a aplicação de vários artigos da lei.
As operações da Barrick foram alvos de manifestações de diversas organizações ambientalistas, entre elas o Greenpeace. Na semana passada, durante um piquete de protesto em San Juan, uma das diretoras do Greenpeace, Eugenia Testa, foi detida pela polícia.
A organização está reunindo assinaturas para um abaixo-assinado que exige a votação de uma nova lei que proteja as geleiras de forma ampla.
Drama. Cientistas suecos e britânicos afirmam que é "dramático" o derretimento de geleiras na Patagônia. Segundo o jornal The New York Times, o pesquisador Niel Glesser, da Universidade Aberystwyth, de Gales, aponta que as geleiras da Patagônia "estão contribuindo para um aumento cada vez maior dos níveis dos mares".
Os especialistas afirmam que a geleira Campo de Gelo Patagônio Norte perdeu 103 quilômetros cúbicos de gelo desde seu ponto máximo, medido em 1870. No Campo de Gelo Patagônio Sul, a perda, desde 1650, foi de 503 quilômetros cúbicos.

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