quinta-feira, 10 de março de 2011

Alimentação

Embora as várias espécies de cobras tenham métodos diferentes de encontrar e pegar a presa, todas comem basicamente do mesmo modo. Suas mandíbulas incrivelmente expansíveis possibilitam-lhes capturar animais de tamanho muito maior e engoli-los inteiros. Enquanto a mandíbula superior do homem é fundida ao crânio e portanto imóvel, a mandíbula superior da cobra está ligada à caixa craniana através de músculos, ligamentos e tendões, o que permite mobilidade de frente para trás e de um lado para o outro. A mandíbula superior se liga à mandíbula inferior pelo osso quadrado, que funciona como uma dobradiça dupla de modo que a mandíbula inferior pode se deslocar, permitindo que a boca abra em até 150 graus. Além disso, os ossos que formam os lados das mandíbulas não estão fundidos na frente, como no queixo humano; em vez disso estão ligados pelo tecido muscular, permitindo que os lados se separem e movam independentemente uns dos outros. Toda essa flexibilidade é útil quando a cobra encontra uma presa maior do que a própria cabeça: a cabeça pode esticar para acomodar a presa.




Quando a cobra está pronta para comer, ela abre a boca e começa a "andar" com sua mandíbula inferior em direção à presa, ao mesmo tempo que o dentes curvados para trás seguram o animal (um lado da mandíbula puxa para dentro enquanto o outro se move para a frente para dar a próxima mordida). A cobra molha completamente a presa com saliva e por fim a traciona para dentro do esôfago. A partir daí, usa seus músculos para simultaneamente esmagar a comida e empurrá-la mais para dentro do trato digestório, onde é digerida e os nutrientes resultantes absorvidos.
Mesmo com todas essas vantagens, comer um animal vivo pode ser um desafio. Por causa disso, algumas cobras têm desenvolvido a habilidade de injetar veneno na presa para matar ou subjugar o animal antes de comê-lo. Algum veneno inclusive ajuda a iniciar o processo de digestão. Cobras com esse eficiente instrumento precisam de um modo igualmente eficiente de colocar o veneno dentro do sistema do animal: presas.
À frente ou no fundo de sua mandíbula superior, as cobras venenosas têm dois dentes afiados que são perfurados para permitir que o veneno passe por eles. Assim que uma cobra ataca, inserindo os dentes na presa, o veneno é comprimido das glândulas abaixo de cada olho para dentro do duto de veneno (pensa-se que durante seu trajeto, mais glândulas liberam compostos que o tornam mais eficiente) e sai pelo canal que está dentro das presas.




Nas cobras não venenosas, constritoras, os dentes são fixos; em cobras com presas longas (com sulcos), os dentes se dobram para trás dentro da boca quando não estão em uso; caso contrário, a cobra poderia perfurar a base da própria boca.
Embora as espécies de cobras venenosas, que são apenas um quinto de todas as cobras, tenham cada uma seu próprio veneno especial, mostramos a seguir os três tipos mais importantes de toxinas encontradas no veneno das cobras:
  • neurotoxinas - afetam o sistema nervoso, deprimindo os centros nervosos e geralmente fazendo parar a respiração;
  • cardiotoxinas - deterioram os músculos do coração fazendo com que pare de bater;
  • hemotoxinas - fazem os vasos sangüíneos se romperem, resultando em hemorragia interna generalizada.
Alguns venenos podem incluir também aglutininas, que fazem o sangue coagular, ou anticoagulantes, que deixam o sangue ralo. A maior parte dos venenos de cobra usa vários desses compostos para ter um efeito combinado mortal.
    Algumas cobras tiram a vida de sua presa de outra maneira: constrição. Assim que a cobra tem o animal firmemente preso nas suas mandíbulas, ela enrola seu corpo em espirais em torno da presa. Quando o animal expira, deixando sair o ar da cavidade do seu corpo, a cobra contrai seu poderoso sistema de músculos para apertar as espirais, espremendo o corpo de modo que o animal não consegue inspirar novamente. De acordo com um estudo feito em 2002 pela Carnegie Mellon University, dependendo do tamanho, uma cobra constritora pode aplicar 400 a 800 gramas de pressão por centímetro quadrado. Embora essa pressão sufoque a presa por comprimir os pulmões, pode também ter o mesmo efeito no coração, acelerando significativamente a morte.


    Jibóia: o abraço mais apertado

    Foto cedida pelo Zoológico de Saint Louis
    Corallus caninus
    A jibóia tem algumas semelhanças à sucuri, porém a maior diferença está relacionada com o fato da jibóia permanecer fora da água a maior parte do tempo, contrariamente à sucuri, que permanece a maior parte do tempo dentro d’água.
    Essa cobra não venenosa da América do Sul e Central, que pode pesar mais de 27 kg e crescer até 3 metros, usa o processo de constrição para sufocar e matar sua presa antes de comê-la inteira. Sabe-se que ela espreme e come macacos, roedores e outros répteis, usando com freqüência a preensão com a cauda para pendurar nas árvores e cair sobre a presa.

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